Tony Neves
A expressão é desportiva e foi lançada, em forma de desafio, aos muitos milhares de jovens que participaram nas Jornadas Mundiais da Juventude em Cracóvia. O papa Francisco disse-lhes que eles não podiam viver sentados num sofá ou nas bancadas ou banco de suplentes dos estádios. Não! Os jovens vão sempre a jogo e são titulares!
Esta mesma convicção enche a Exortação Apostólica Pós-Sinodal que o Papa Francisco acaba de publicar, com o sugestivo título: ‘Cristo vive!’. Sim, ‘Cristo vive, Ele quer-te vivo!’ é o grito inicial do Papa, neste documento da Igreja que tenta aplicar o Sínodo dos Bispos sobre os jovens.
Francisco recorda algo que todos sabemos: Cristo exerceu a sua Missão como jovem e faleceu com apenas trinta e três anos. Maria foi convidada por Deus para ser a Mãe de Jesus na sua juventude. A Bíblia e a História da Igreja estão cheias de outros jovens que marcaram e continuam a ser hoje referência e inspiração para as novas gerações.
O desafio à Missão é constante: uma Igreja jovem tem de ter nela jovens comprometidos, dispostos a dar a vida pelas causas que abraçam, pelos projetos em que acreditam.
Os jovens podem e devem ter mais vez e mais voz na Igreja para que ela não envelheça, cristalize e aprisione o Espírito, fonte de criatividade e rasgo.
O ambiente digital tomou conta dos tempos que correm. A internet e as redes sociais são a ‘praça’ onde as novas gerações se encontram e formam. Ali se geram compromissos de cidadania responsável, mas também se criam espaços de solidão, de mentira (fake news), de violência (cyberbullying), de exploração, de dependências.
O Papa Francisco sugere um olhar para os migrantes (muitos deles jovens) como uma oportunidade e não uma ameaça, pois as suas histórias falam de encontro entre pessoas e entre culturas.
O grande anúncio que o Sínodo faz aos jovens assenta em três grandes verdades:1ª – Um Deus que é amor; 2ª – Cristo salva-te!; 3ª – Ele vive! Por isso – defende Francisco – o mal nunca terá a última palavra e a vida cristã é sempre sinal de esperança e de futuro.
Os jovens não podem ficar na sacada a olhar para a vida que passa na estrada. Não podem ficar sentados no sofá. Não podem ser carros estacionados. É preciso arriscar, sair, jogar, fazer-se à estrada, ousar, viver! Sempre conectados com Cristo e empurrados pelo vento do Seu Espírito.
O apelo principal do Papa é ao compromisso solidário com os mais pobres, os que vivem nas periferias e nas margens. Há um convite à Missão, projeto corajoso que já cativa muitos jovens hoje. Há também um pedido do Papa para que se rasguem novos e mais dilatados horizontes que levem ao diálogo ecuménico, inter Religioso e com pessoas que se afirmam não crentes.
A salvação que Deus nos dá é um convite para fazer parte duma história de amor, que está entrelaçada com as nossas histórias.
E para concluir… um desejo: ‘O Espírito Santo vos impulsione nesta corrida para a frente. A Igreja precisa do vosso ímpeto, das vossas intuições, da vossa fé. Nós temos necessidade disto!’.
Após a Páscoa – o grande anúncio missionário -, faz bem a todos ler e reler este importante documento que nos manda ir mais além, mais fundo, mais alto. E, sobretudo, obriga-nos a ser família, a amar-nos uns aos outros, a perdoar, a partilhar vida e bens com os mais frágeis. Fica bem ao Papa apresentar a Missão da Igreja como a floresta que cresce sem fazer barulho. Também nos ajuda o provérbio africano que diz que quem quer ir mais depressa corre sozinho, mas quem quer ir mais longe tem de ir acompanhado!