«Ganhou consistência e tem o direito de cidadania na Igreja» – D. Jorge Ortiga
Braga, 03 nov 2018 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga afirmou hoje que a Faculdade de Teologia (FT) da Universidade Católica Portuguesa (UCP) “atingiu a sua maturidade” e comemora 50 anos de existência “numa linha de reflexão séria sobre a fé”.
“Poderei dizer que está devidamente apetrechada para mostrar que em Portugal existe uma escola de Teologia nas suas vertentes: Teologia Dogmática, Teologia Moral, Teologia Prática; 50 anos de uma longa experiência que diz que a Igreja pode contar com uma Faculdade de Teologia”, disse em declarações à Agência ECCLESIA, esta tarde, antes do início da sessão solene.
D. Jorge Ortiga destacou que a Faculdade de Teologia da UCP “ganhou consistência” e tem o “direito de cidadania na Igreja” e a Igreja “tem o direito de esperar” uma colaboração ativa na “linha de uma maior compreensão da doutrina da fé” e, ao mesmo tempo, intuir os caminhos para poder transmitir essa mesma doutrina à gerações de hoje que são “tão complexas, conturbadas e alheias, por vezes, a esta vertente do espiritual e da ligação com Deus”.
Para o arcebispo de Braga “é bom” que a instituição de ensino não seja frequentada apenas por seminaristas ou religiosos e religiosas mas, também, que “muitos leigos procurem sentar-se nas mesmas cadeiras” para que sejam uma presença ativa
“Portugal, mais do que nunca, precisa de um laicado com capacidade de estar nas diversas instâncias da vida portuguesa e colocar esta semente do Evangelho”, explicou.
Neste contexto, salientou que depois do Concílio Vaticano II, “uma das grandes ideias, quase revolucionárias”, foi na Constituição sobre a Igreja “colocar o capítulo sobre o povo de Deus antes da hierarquia”.
“O povo de Deus é que é como que o suporte, a base, daquilo que é efetivamente a Igreja, a hierarquia deve estar sempre ao serviço desse povo”, acrescentou, realçando que se espera “uma responsabilidade desse povo”.
“A Teologia é para o povo de Deus que está assumindo a missão de edificador da Igreja de Jesus Cristo no meio deste mundo um pouco hostil à missão da Igreja mas que é um desafio para todos e sobretudo para os leigos de tal modo que devem ter força e coragem para edificar o que Cristo quer e espera hoje da Igreja”, desenvolveu.
D. Jorge Ortiga realçou que a Faculdade de Teologia “é um espaço de cultura”, como qualquer outra faculdade numa sociedade multicultural que “não apenas espalhada pelo mundo mas também à porta” e, quotidianamente, encontram-se “pessoas que pensam de um modo diferente numa perspetiva religiosa”.
“Estamos num mundo multirreligioso e impõe-se diálogo inter-religioso, também é necessário que a Igreja se situe num mundo de dialogar com a sociedade em todas as vertentes, aspetos, há muitos não-crentes que no seu interior, no seu íntimo, sentem a necessidade de poder ouvir ou querer ouvir o que a Igreja pensa e poderá propor”, observou.
Por isso, sublinhou que uma Faculdade de Teologia “tem de ser aberta, olha para os dinamismos principais do mundo de hoje e suscita o diálogo, o confronto e procura” dar o seu contributo.
Como prenda pelos 50 anos de existência da FT, o arcebispo de Braga explica que a oferta é “responsabilizar ainda mais”, pedir que reconheça o longo caminho que dá direito a dizer que “é realidade consistente no âmbito da Igreja e desta perspetiva do diálogo multicultural”.
“Devem ter a certeza que a hierarquia caminha com a Faculdade de Teologia, que espera muito, deseja muito, no sentido de abrir perspetivas para esta nova evangelização, novo mundo que queremos criar”, explicou.
A sessão solene contou com a intervenção “das autoridades académicas” e uma conferência sobre «A Teologia como hermenêutica da fronteira», pelo professor João Manuel Duque, no Centro Regional de Braga da UCP.
D. Jorge Ortiga vai presidir à Eucaristia comemorativa dos 50 anos da Faculdade de Teologia da UCP, pelas 17h30, na Sé de Braga.
LFS/CB
[Notícia atualizada às 16:55]