Filósofo participou num debate dedicado ao documento «Dar o melhor de si»
Lisboa, 21 ago 2018 (Ecclesia) – O filósofo português Manuel Sérgio afirmou que “a mensagem de Deus é a mensagem para o desporto”, numa tertúlia de apresentação do documento do Vaticano sobre o desporto, intitulado ‘Dar o melhor de si’.
“O atleta para mim é uma prova de que Deus existe, e se Deus está em toda a parte vamos descobri-lo também no desporto, sem medo, sem receito”, disse o professor universitário.
Para Manuel Sérgio, o grande atleta “é o homem de grande força psíquica, grande força emocional” e que “acredita em qualquer coisa a que quer chegar”.
Neste contexto, explicou que o grande atleta “é o homem que caminha constantemente com fé, muita fé”, não sabe para onde mas “é uma prova de que Deus existe”, afinal, o “constante chamamento” para ir além “daquilo que se é e se tem é prova da existência de Deus”.
Segundo o educador, “a mensagem de Deus é a mensagem para o desporto” que “tem de ensinar a viver, a ser mais homens”, e quando o desporto ensina isso estão “próximos do absoluto, de Deus”.
Na tertúlia organizada pela Paulinas Editora de lançamento do documento ‘Dar o melhor de si’, uma perspetiva católica do desporto e da pessoa humana, estava também o atleta Jorge Pina.
O antigo lutador de boxe explicou que não consegue “desligar a parte física da parte espiritual”: “Tem sido Ele que me tem ajudado em tudo na minha vida, ensinou-me a ver”.
“Se não tivesse essa fé não conseguia muitas coisas que consegui ultimamente, é Nele, no desconhecido, que vou buscar essa energia e força”, disse o atleta que ficou quase cego devido à atividade desportista.
Jorge Pina explicou que o desporto é uma forma de se transcender porque gosta de competir e quer “sempre fazer melhor e ser melhor para os outros”.
O atleta realçou que em tudo o que faz quer “deixar uma mensagem” de que não é “diferente de ninguém independentemente da cor, raça, ou religião”, e salientou que fazer uma corrida entre o Santuário de Fátima e o Vaticano “para desmistificar isso”.
Jorge Pina revelou que “estava feliz” ao ler o documento do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida (Santa Sé) porque vai ajudar a “ensinar o outro a competir de forma saudável” e vai ser útil “como ferramenta de educação, de inclusão social”, no trabalho que desenvolve com jovens.
Para o diretor do jornal ‘A Bola’ destacou que o desporto “é das melhores ferramentas” para “ensinar a viver em sociedade” e “é fundamental para a educação e crescimento dos jovens”.
Neste âmbito, Vitor Serpa disse que do documento do Vaticano resulta “a importância verdadeira” de, em cada lugar, se possa “ensinar uma visão limpa, límpida e lúcida do desporto”, algo “fundamental para o crescimento de vários tecidos sociais”.
‘Dar o melhor de si – documento sobre a perspetiva cristã do desporto e da pessoa humana’ tem cinco capítulos onde se aborda a evolução do desporto na história, a relação da Igreja Católica com esta realidade, uma análise “antropológica” do fenómeno, corrupção, doping, apostas e a falta de respeito pelos limites físicos dos atletas.
Para o antropólogo e sociólogo Alfredo Teixeira, o documento torna-se “um lugar particular a partir do qual se podem fazer novas coisas”, é ele próprio “importante para o que é o edifício da Igreja Católica.
A publicação conta com o apoio do Instituto Português do Desporto e Juventude, e José Carlos Lima, do Plano Nacional de Ética no Desporto, destaca que “é uma pedrada no charco” e o “desafio” para que se olhe o desporto como “ferramenta pastoral”.
“O desporto pode abrir o caminho para Cristo”, escreveu o Papa Francisco sobre o documento.
PR/CB