D. Arlindo Gomes Furtado apela ao despertar das «consciências» para «ações concretas»
Fátima, 13 ago 2018 (Ecclesia) – O cardeal D. Arlindo Gomes Furtado afirmou hoje a necessidade de acolhimento do outro onde a diversidade deve ser “considerada como riqueza”, na peregrinação de agosto ao Santuário de Fátima, “particularmente dedicada aos Migrantes e Refugiados”.
“Os governos e as autoridades políticas dos Estados Unidos e da Europa, por um lado, e dos países de onde partem esses irmãos, por outro lado, têm o dever moral de abrir a inteligência e o coração e de se unir em vista duma solução duradoira e pacífica para os gravíssimos problemas dos migrantes em geral e dos refugiados em especial”, afirmou na homilia peregrinação aniversária de agosto.
Para D. Arlindo Gomes Furtado “é urgentíssimo” que as consciências “se despertem e produzam ações concretas em favor dos refugiados”, a começar pela ação de acolher “o irmão nalgum ponto da terra, que é, afinal, pertença de Deus”.
Aos migrantes e peregrinos em Fátima disse que é possível “encontrar soluções globais para crises globais”, como é o caso da migração e dos refugiados.
O prelado recordou que o Papa Francisco fala de quatro verbos – “acolher, proteger, promover e integrar” – e “interpela vivamente” a consciência de todos, não deixando ninguém indiferente, uma vez que “ontem como hoje, se trata de uma realidade humana que nos espicaça em carne viva”.
“Na sociedade plural em que o mundo hoje vive, a diversidade de povos, de cultura e de expressões de fé deve ser considerada como riqueza e deve ser integrada de forma razoável no todo comunitário, como elemento fecundo, capaz de inovar a vivência cristã com novos aspetos”, desenvolveu.
O bispo da Diocese cabo-verdiana de Santiago salientou que todos são “feitos da mesma substância, qualquer que seja o estatuto social”.
“Tendo consciência disso, a solidariedade deve ser algo de espontâneo e efetivo entre os homens”, acrescentou, a partir da segunda leitura da celebração.
A Peregrinação Aniversária de Agosto ao Santuário de Fátima engloba a Peregrinação do Migrante e Refugiado que marca o início da 46ª Semana Nacional de Migrações em Portugal.
D. Arlindo Gomes Furtado realçou os “tantos e de tão diversas procedências” que se encontram no santuário numa assembleia “tão plural quanto unida na fraternidade e na escuta”, que revela, de algum modo, “a experiência do Pentecostes, que faz a Igreja acontecer e o Reino crescer”.
O cardeal cabo-verdiano, que preside a esta peregrinação pela segunda vez, salientou que a fé de um migrante na terra estrangeira pode “sofrer uma outra configuração, imposta pelo novo ritmo de vida” que a nova situação social, profissional e mesmo eclesial requer.
Por isso, afirmou que o migrante “deve promover uma fé criativa e transformadora, enfrentando e superando desafios” e integrando-se progressivamente na Igreja local da sua residência.
D. Arlindo Gomes Furtado fez um “forte apelo” aos migrantes para que “nunca negligenciarem a transmissão da fé cristã aos próprios filhos, como a melhor herança”.
O Santuário de Fátima informa que se inscreveram para a peregrinação 23 grupos organizados de 20 países.
CB