Radicalismo islâmico está a crescer na Bósnia-Herzegovina, de onde saem todos os anos 10 mil católicos
Lisboa, 06 ago 2018 (Ecclesia) – O arcebispo de Sarajevo, primaz da Igreja Católica na Bósnia-Herzegovina, salientou a importância de a Europa “cuidar das suas raízes cristãs, caso contrário continuará a temer o radicalismo”.
Em entrevista à Fundação Ajuda a Igreja que Sofre, enviada hoje à Agência ECCLESIA, D. Vinko Puljic aborda a realidade atual do seu país, “de onde se estima que emigrem todos os anos 10 mil católicos”.
“Desde o fim da guerra que a nossa pequena comunidade continua a diminuir todos os anos, por causa da desigualdade a nível político e jurídico. Alguns não encontram trabalho, outros, pelo contrário, têm um emprego mas já não conseguem viver num país onde não gozam dos mesmos direitos que os outros cidadãos”, conta o cardeal.
Atualmente, “os católicos são discriminados nas duas entidades instituídas pelos acordos de Dayton em 1995: na Federação croata-muçulmana, por não serem muçulmanos e na República sérvia da Bósnia-Herzegovina por serem maioritariamente de origem croata”.
Para D. Vinko Puljic, a responsabilidade deve recair na comunidade internacional, nas instâncias europeias, que “não oferecem aos católicos” da Bósnia “o mesmo apoio concedido a outros grupos”.
Daí que destaque a necessidade de a Europa partir de novo à “redescoberta das suas raízes cristãs”.
“Atualmente presta-se atenção apenas à parte material e ignora-se a dimensão espiritual do homem. A Europa deve aprender a cuidar das suas raízes cristãs, caso contrário, continuará a temer o radicalismo”.
A Bósnia-Herzegovina é uma das principais portas de entrada para o Islão na Europa, e é também uma nação marcada pela intolerância e repressão religiosa.
“Temos boas relações com os muçulmanos eslavos, mas é difícil dialogar com os islâmicos radicalizados provenientes do mundo árabe. Sobretudo porque, do ponto de vista político, eles ignoram a nossa presença”, salienta D. Vinko Puljic, para quem importa fortalecer as pontes de ligação entre estes dois mundos, no Velho Continente, para que possam viver pacificamente, lado a lado. Caso contrário será muito difícil.
“Infelizmente, a Europa não conhece bem o Islão e não entende o que significa viver lado a lado com o radicalismo islâmico”, complementa.
JCP