Alice Vieira, Carminho, Joana Carneiro, Ilda David, Luís Filipe Castro Mendes, Luís Miguel Cintra, Manuel Rosa, Nuno Júdice, Paula Moura Pinheiro foram alguns dos amigos de D. José Tolentino Mendonça que disseram versos do arcebispo madeirense na Capela do Rato
Lisboa, 19 jul 2018 (Ecclesia) – A comunidade da Capela do Rato juntou-se num serão de ‘Poesia e Oração’ para homenagear o poeta D. José Tolentino Mendonça com poemas da sua autoria, declamados por amigos.
“O mais belo poema são as próprias pessoas, estes amigos que com tanta generosidade quiseram acompanhar-me aqui nesta noite”, disse o futuro arquivista e bibliotecário da Santa Sé, no final da iniciativa.
Em declarações à Agência ECCLESIA e ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, D. José Tolentino Mendonça revelou-se “muito grato a eles e neles tanta amizade, tanta oração, tanta simpatia” com que as pessoas o “têm envolvido”.
“Não só nestes dias mas ao longo de toda a minha vida. De facto, sinto-me muito uma obra dos outros”, acrescentou o sacerdote que foi capelão da histórica Capela do Rato ao longo dos últimos nove anos.
E foi precisamente a obra poética de José Tolentino Mendonça que foi ouvida por uma assembleia que lotou a capela do Patriarcado de Lisboa numa noite de ‘poesia e oração’.
Alice Vieira, Carminho, Joana Carneiro, Ilda David, Luís Filipe Castro Mendes, Luís Miguel Cintra, Manuel Rosa, Nuno Júdice, Paula Moura Pinheiro foram alguns dos amigos do futuro arcebispo português que partilharam os seus poemas.
O escritor e humorista Ricardo Araújo Pereira escolheu o ‘La Repubblica’, que chamou de poema-piada (designação brasileira), que é sobre um anúncio que imagina que o padre Tolentino Mendonça tenha visto no jornal italiano ‘La Repubblica’.
“Regista que viu um anúncio de uma marca de produtos capilares que não só promete coisas milagrosas, tal como Deus, ao nível do cabelo, como reclama saber quantos cabelos temos na cabeça, tal como Deus, mais uma vez”, explicou.
O também escritor considerou “um pouco inquietante” que uma marca farmacêutica tenha “duas caraterísticas” que se costumam “associar a Deus”.
“Somos tantos que tivemos de escolher vários”, realçou a atriz Maria Rueff, que manteve o suspense até subir ao ambão onde leu «Adorar/ é surpreender Deus/ na menor migalha», mas disse aos jornalistas que, “essencialmente, interessa muito as palavras” e é isso que vai “sentir falta”.
O jornalista António Marujo escolheu o poema ‘A infância de Herberto Hélder’ que remete para a segunda entrevista que fez ao sacerdote madeirense e “foi por causa da poesia dele e foi muito marcada pelo tema da infância”.
“Como forma de recordar uma experiência inicial e interessante, muito importante também na minha vida de jornalista”, revelou à Agência ECCLESIA.
“A casa onde às vezes regresso”, “Lisboa vista da lua”, “Não deixeis um grande amor”, “Uma coisa a menos para adorar”, “Os amigos”, “O regresso a Ítaca” foram alguns dos poemas lidos de diversos livros, como “A que distância deixaste o coração”, “Teoria da fronteira”, “Os dias contados”, “Longe não sabia”, “A papoila e o monge”.
Para a filosofa Luísa Ribeiro Ferreira “qualquer poema do padre Tolentino é lindíssimo” e escolheu ‘Aviso para colocar na porta do frigorífico’, que considera “a porta que mais se abre lá em casa”: “Todos que vamos abrir a porta nos vamos lembrar do padre Tolentino.”
O escritor Pedro Mexia escolheu ‘Brideshead Revisited’, que é o título de um dos seus livros preferidos e é do primeiro livro do D. José Tolentino Mendonça, o primeiro que o também critico literário leu e conheceu-o pouco depois dessa publicação.
“Dá-se uma confluência de fatores literários e pessoais. Era muito evidente nos livros desse poema que era grande poeta além de todas as outras dimensões que depois conhecendo-o e o trabalho que é publico lhe são públicas e notórias”, desenvolveu o cronista.
A 26 de junho, o Papa Francisco nomeou o capelão da Capela do Rato arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, elevando-o à dignidade de arcebispo.
A ordenação episcopal de D. José Tolentino de Mendonça vai decorrer a 28 de julho, às 16h00, no Mosteiro dos Jerónimos, e o início das novas funções está marcado para 1 de setembro.
CB/PR