«Diálogo é o caminho para superar a violência», frisa o episcopado daquele país
Lisboa, 12 jul 2018 (Ecclesia) – A Igreja Católica na Nicarágua manifestou a intenção de continuar a mediar o diálogo no país, tendo em vista o fim do clima de violência nesta nação centro-americana, apesar das ameaças de que tem sido alvo.
Numa mensagem partilhada pelo portal ‘Vatican News’, da Santa Sé, os bispos católicos da Nicarágua salientam que vão prosseguir “com o mesmo compromisso e entusiasmo” a “fornecer o serviço que o governo lhes pediu, como mediadores e testemunhas do diálogo nacional”.
O porta-voz do episcopado da Nicarágua foi D. Silvio José Baez, bispo auxiliar de Manágua, que garantiu para breve, possivelmente ainda esta semana, a retoma das negociações, com a convicção de “que o diálogo é o caminho para superar a violência”.
Recorde-se que a Conferência Episcopal da Nicarágua tinha suspendido as sessões plenárias com representantes políticos e sociais, por considerar que não estavam reunidas as condições para continuar a desempenhar o seu papel, depois de vários bispos e sacerdotes terem sido vítimas de agressões físicas.
Os últimos ataques a membros da Igreja Católica foram levados a cabo na Basílica de San Sebastián, em Diriamba, a cerca de 40 quilómetros de Manágua.
Uma força paramilitar irrompeu pelo templo e agrediu os responsáveis católicos que ali se tinham deslocado para libertar um grupo de doentes e missionários franciscanos que estavam sitiados naquele local.
Entre aqueles que sofreram represálias está precisamente o bispo Sílvio Baez, que “foi ferido num braço” e viu ser-lhe “arrancada a sua cruz peitoral”.
Também o cardeal Leopoldo Brenes, arcebispo de Manágua, e o núncio apostólico (representante da Santa Sé) na Nicarágua, D. Waldemar Stanislaw Sommertag.
Na base desta crise na Nicarágua estão os protestos que percorrem o país contra o governo do presidente Daniel Ortega, e da sua mulher e vice-presidente Rosario Murillo, que estão a ser acusados de abuso de poder e de corrupção.
O político de 72 anos está no poder desde 2007, depois de já ter liderado os destinos desta nação entre 1979 e 1990, sendo que atualmente o sistema político na Nicarágua não prevê limite de mandatos.
A Igreja Católica pretende ajudar a nação a enveredar por um curso de “democratização”, e a colocar para trás das costas uma história marcada pela ditadura e pelas constantes convulsões sociais e políticas.
Desde que começaram os protestos contra o governo da Nicarágua, em abril deste ano, já morreram pelo menos 351 pessoas e outras 261 estão desaparecidas, de acordo com dados da Associação Nicaraguense pelos Direitos Humanos (ANPDH).
Do total de mortos, 306 são civis, 28 faziam parte de grupos paramilitares que defendem o Governo de Daniel Ortega, 16 eram polícias e um era um membro do Exército.
JCP