Fr. Francisco Sales Diniz, ofm., Diretor da OCPM
A OCPM celebra, neste ano de 2012, cinquenta anos de uma epopeia protagonizada por muitos homens e mulheres que, nas cinco partidas do mundo, foram sinais de esperança e portos de abrigo para milhões de portugueses que se lançaram na aventura de procurar, fora de Portugal, uma terra que lhes oferecesse uma vida mais digna. São cinquenta anos de presença de Cristo e da sua Igreja, acompanhando os dramas e sofrimentos, as alegrias e esperanças, ajudando os emigrantes a viver a fé e a integrar-se nos países e Igrejas que os acolheram. É também a celebração da Igreja que, dentro do território nacional, soube acolher, acompanhar e integrar a diversidade humana, religiosa e cultural, de milhares de imigrantes que, como “a terra da promessa”, chegaram à procura “do pão da dignidade, ganho com o suor do rosto”.
A história da OCPM caracteriza-se pelo serviço de acompanhamento aos portugueses no estrangeiro, através do envio de sacerdotes e agentes pastorais que foram estruturando “Missões” e outros serviços pastorais que têm garantido a prática cristã, a formação catequética de crianças e jovens, a celebração dos sacramentos, das festas e devoções, a preservação da identidade, língua e cultura lusas, assim como, o apoio humano e social a tantos emigrantes em situação de pobreza ou de maior fragilidade.
É de crucial importância a continuidade deste serviço pastoral. Para enfrentar os desafios que emergem da nova emigração portuguesa é necessária uma presença de Igreja que seja sinal de esperança junto das vítimas do nosso tempo, tempo de crises, geradoras de novas pobrezas humanas e materiais, que levam milhões de homens e mulheres a deixar a segurança da sua terra natal a caminho da insegurança duma terra desconhecida.
Este serviço prestado à Igreja procura ser uma manifestação da caridade de Cristo promovendo a evangelização dos migrantes, a qual, por fidelidade à missão confiada, e devido ao atual movimento migratório, necessita de um empenho renovado na Igreja, que deve sentir, a urgência de promover, com novo vigor e novas modalidades, a obra de evangelização no mundo, como aponta o Papa na Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2012.
O maior desafio e dificuldade que se coloca no desenvolvimento do trabalho na OCPM, encontra-se na sensibilização da própria Igreja para esta realidade que, se noutros tempos esteve tão presente no coração da mesma, hoje, no tempo da mobilidade global, devido à diminuição do número de sacerdotes e às crescentes necessidades pastorais dentro do País, deixou de ser uma prioridade e uma preocupação pastoral das Dioceses e, por isso, torna-se difícil manter o acompanhamento das comunidades existentes e ir ao encontro das novas realidades migratórias.
Considero uma graça e bênção de Deus ser o diretor da OCPM, em exercício, neste ano de celebrações, sentido a responsabilidade de dar continuidade ao trabalho excecional de tantos que me precederam. Sinto a grandeza e importância deste trabalho em prol dos migrantes, experimentando, ao mesmo tempo, a minha pequenez perante o grande mistério do sofrimento humano que se manifesta no mundo das migrações, que manifesta necessidades pastorais que exigem uma permanente resposta eclesial.
Fr. Francisco Sales Diniz, ofm.
Diretor da OCPM