470 anos da Diocese de Angra

Nota de D. António Sousa Braga sobre esta efeméride Para assinalar o 470º aniversário de criação da Diocese (3 de Novembro de 1534), este ano, vamos celebrar o Dia da Igreja Diocesana a 7 de Novembro de 2004, mesmo no arranque do novo ano pastoral. Por isso, uma maneira prática para preparar esta celebração da nossa Igreja Particular será a divulgação e reflexão do Plano Pastoral Diocesano, em vista da sua aplicação à própria realidade. No Dia da Igreja Diocesana, o Programa Pastoral Anual deveria estar pronto e ser dado a conhecer à comunidade. Ou então, poder-se-iam prever assembleias ou conselhos pastorais, para ultimar e assumir a programação pastoral, conforme as orientações diocesanas. Vamos celebrar o Dia da Igreja Diocesana, tendo presente a sua longa história, com as suas luzes e sombras. Será, pois, um momento de acção de graças pelas maravilhas de amor, que o Senhor realizou em nós e através de nós, bem como de invocação da misericórdia de Deus, sempre maior que todo o nosso pecado e limitações humanas. Viveremos este Dia da Igreja Diocesana, no contexto do Ano Eucarístico, proclamado pelo Papa, de Outubro de 2004 a Outubro de 2005, correspondendo respectivamente ao Congresso Eucarístico Internacional (México) e ao Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia (Roma). A própria programação diocesana, que incide sobre a «Pastoral do Domingo», centra-nos na Eucaristia, «coração do Domingo». 1. Efectivamente, a Eucaristia «faz a Igreja». Sem Eucaristia, não há Igreja. «A Igreja vive da Eucaristia – como afirma o Papa. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária da fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja… A Igreja tira a força espiritual de que necessita, para levar a cabo a sua missão da perpetuação do sacrifício da cruz na Eucaristia e da comunhão do corpo e do sangue de Cristo. Deste modo, a Eucaristia apresenta-se como fonte e simultaneamente vértice de toda a evangelização» ((Ecclesia de Eucharistia, =EE 1 e 22). Como afirma o Concílio, a Eucaristia é «fonte e centro de toda a vida cristã» (LG 11). Sem Eucaristia, não há vida cristã. A Eucaristia plasma o estilo de vida dos cristãos. Torna possível viver no mundo, sem ser do mundo, segundo o espírito das bem-aventuranças. Sem Eucaristia, não há comunidade cristã. Ensina o Concílio que «nenhuma comunidade cristã se edifica sem ter a sua raiz e o seu centro na celebração eucarística» (PO 6). «De facto, a paróquia é uma comunidade de baptizados que exprime e afirma a sua identidade, sobretudo através da celebração do sacrifício eucarístico» (EE 32). A Eucaristia «faz a Igreja», nomeadamente, como «mistério de comunhão». «Uma vez que há um só pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão» (1 Cor 10, 17). «A Eucaristia cria comunhão e educa para a comunhão… Esta eficácia peculiar que tem a Eucaristia para promover a comunhão é um dos motivos da importância da Missa dominical…”È o lugar privilegiado, onde a comunhão é constantemente anunciada e fomentada. Precisamente, através da participação eucarística, o Dia do Senhor torna-se também o Dia da Igreja, a qual poderá assim desempenhar de modo eficaz a sua missão de sacramento de unidade”…» (EE 40-41). A Eucaristia «faz a Igreja» como missão. Conforme afirma o Papa, na Mensagem para o Dia Mundial das Missões (24 de Outubro), há uma forte ligação entre o Mistério Eucarístico e o Mistério da Igreja. «Eucaristia e Missão… formam um binómio inseparável». Celebremos, pois, o Dia da Igreja Diocesana, à luz do Mistério Eucarístico, «fazendo eucaristia», isto é dando graças ao Senhor por estes 470 anos de existência como Igreja Particular e assumindo, com renovado impulso e muita esperança, a sua missão evangelizadora nestas Ilhas Atlânticas. 2. «Fazei isto em memória de Mim»! Pediu Jesus aos seus discípulos, quando instituiu a Eucaristia. É o que têm feito gerações e gerações de nossos antepassados, quase há cinco séculos. Também nós – transmitindo o que recebemos – queremos fazer passar às novas gerações esta celebração da memória de Jesus, até que Ele venha. Preocupa-nos a diminuição progressiva da prática dominical, que se verifica também entre nós. Por isso, temos programada para os próximos três anos uma «Pastoral do Domingo», centrado na Eucaristia. Não nos move nenhum espírito de proselitismo, mas a convicção de que sem Eucaristia não há vida cristã, não há Igreja, não há paróquia. Se, após quase 500 anos, ainda hoje há Igreja Católica nos Açores é porque, mesmo no meio de dificuldades e limitações humanas, nunca se deixou de celebrar a Eucaristia, até nos lugares mais recônditos das Ilhas. Hoje, isso já não é possível, nem necessário. Há menos sacerdotes, mas também menos população. E maior facilidade de transportes. Espero a maior compreensão das comunidades, pois alguns párocos vão ter que diminuir o número de Missas. Isso poderá implicar algum sacrifício suplementar para alguém. Mas, não se pode esperar, nem exigir que haja Missas em todos os lugarejos. Ao fim e ao cabo, isso redundará na valorização da celebração eucarística, também na sua dimensão comunitária. Com efeito, a Eucaristia Dominical é a máxima expressão da comunidade paroquial. Faz, pois, todo o sentido que os grupos menores se congreguem numa mesma celebração, que assim poderá assumir um tom mais festivo e comunitário. É também nesta perspectiva comunitária e eclesial que devemos ver a fidelidade às normas litúrgicas. Como afirma o Papa, «a liturgia nunca é propriedade de alguém, nem do celebrante, nem da comunidade, onde são celebrados os santos mistérios… A ninguém é permitido aviltar este mistério que está confiado às nossas mãos: é demasiado grande para que alguém possa permitir-se tratá-lo a seu livre arbítrio, não respeitando o seu carácter sagrado, nem a sua dimensão universal» (EE 52). Os actos arbitrários, na celebração eucarística, em nada beneficiam o verdadeiro renovamento litúrgico. Criam divisão e discórdia, naquele que é, por excelência, o Sacramento da unidade do Povo de Deus. Entre o puro ritualismo e o mero espectáculo, há espaço para a criatividade e a adaptação, previstas pelas normas litúrgicas, de modo a promover a participação activa e consciente dos fiéis, conforme preconiza o Concílio. Só assim é que a celebração eucarística «edifica» a Igreja Particular. 3. A celebração do Dia da Igreja Diocesana coincide com o início da Semana dos Seminários. Para que haja Igreja, é preciso que haja Eucaristia. Para que haja Eucaristia, são precisos sacerdotes. Por isso, o Dia da Igreja Diocesana é momento oportuno para insistir junto do Senhor da Messe, para que mande operários para a Sua Messe. Qualquer celebração alternativa à Eucaristia – celebração da Palavra – motivada pela escassez de sacerdotes, é sempre uma solução provisória, «à espera do sacerdote», para que a comunidade se exprima plenamente e seja sustentada pelo único sacrifício redentor de Cristo, que a Eucaristia perpetua no tempo e no espaço. Da centralidade da Eucaristia na missão da Igreja e no ministério sacerdotal «deriva também a sua centralidade na pastoral em prol das vocações. Primeiro, porque a oração pelas vocações encontra nela o lugar de maior união com a oração de Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote; e, depois, porque a solícita atenção dos sacerdotes pelo ministério eucarístico, juntamente com a promoção da participação consciente, activa e frutuosa dos fiéis na Eucaristia, constituem exemplo eficaz para uma resposta generosa dos jovens ao apelo de Deus» (EE 31. Assim seja! + António, Bispo de Angra

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