25 de Abril: Membros do movimento Graal percorreram o país, em 1974, a divulgar valores da «Revolução dos Cravos»

Isabel Allegro de Magalhães sublinha valor cristão da busca por «mais justiça e igualdade no país»

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Lisboa, 24 abr 2024 (Ecclesia) – Isabel Allegro de Magalhães, elemento do ‘Graal’, disse à Agência ECCLESIA que ela e outros membros do movimento percorreram o país, em 1974, a explicar às pessoas os valores da revolução.

“Logo a seguir ao 25 de Abril estivemos nas chamadas equipas móveis, que iam de terra em terra, às pequenas aldeias, às sedes de concelho, falar com as populações para explicar e mostrar que era cristão escolher uma coisa que desse mais justiça e igualdade ao país”, realçou.

O ‘Graal’ é um movimento internacional de mulheres cristãs, nascido na Holanda em 1921 e lançado em Portugal em 1957, que pretende proporcionar condições de valorização pessoal e educação permanente a mulheres de todas as condições sociais e estimular a contribuição das mulheres para a criação de novos modelos de vida em sociedade e em Igreja.

Isabel Allegro de Magalhães recorda os tempos em que conheceu o ‘Graal’, proibido em Lisboa pelo cardeal-patriarca Manuel Gonçalves Cerejeira porque não tinha assistente eclesiástico.

“Descobri o Graal quando estava na Juventude Universitária Católica (JUC) porque houve uma pessoa que também era da JUC e que tinha conhecido o Graal, e que foi a um campo de férias de finalistas do liceu”, refere a professora universitária aposentada.

“Eu achava muito atrativo que fosse internacional, um movimento internacional, e depois, através dessa pessoa, eu fui a essas reuniões, onde estava a Maria de Lourdes Pintassilgo, claro, a Manuela Silva, a Teresa Santa Clara Gomes, e outras pessoas assim, e fiquei fascinada, fiquei fascinada”, acentuou.

Nos tempos da faculdade, antes do 25 de Abril, Isabel Allegro andou também nas aldeias com outros estudantes a alfabetizar os agricultores.

“Na alfabetização foi muito divertido pensar como é que se podia fazer essa consciência política sem risco, mas ainda foram pessoas chamadas à PIDE”.

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Nos primeiros anos da década de 70 do século passado, Isabel Allegro de Magalhães fez uma experiência com o ‘Graal’ em bairros de lata no México e aí a sua consciência política “agudizou-se”.

Esteve lá dois anos e chegou, “felizmente, nas vésperas de 25 de abril de 1974”, sublinhou.

O ‘Graal’ foi “pioneiro na Igreja em muitas coisas, e às vezes foi considerado perigoso, sem razão nenhuma, porque estava mais próximo do Evangelho do que de outras coisas”, realçou.

“Nós estudámos e depois ensinámos os textos conciliares, eu fiz montes de conferências e de reuniões com grupos de padres e de jovens sobre o II Concílio do Vaticano”, afirmou.

Ao falar de Maria de Lurdes Pintassilgo, a professora universitária aposentada afirma “que tudo o que ela dizia era completamente arejada, uma coisa muito evangélica, portanto dava vontade de ir atrás, aquilo era extraordinário”, concluiu.

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“O ímpeto foi muito breve, foi fortíssimo, mas foi muito breve, Por acaso, a literatura, que foi o meu campo de trabalho, deu logo conta disso a seguir”., indica, considerando que “a comunidade cristã está mais acomodada e a hierarquia a mesma coisa”.

LFS/HM/OC

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