25 de Abril: Cruzamento de lideranças juvenis marcou processo de amadurecimento democrático

Novo livro analisa papel de movimentos estudantis em vários espaços geográficos e religiosos, antes da revolução de 1974

Foto: Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril

Lisboa, 13 abr 2024 (Ecclesia) – O investigador Timóteo Cavaco afirmou que o amadurecimento da consciência democrática em Portugal, antes do 25 de Abril, contou com a “reivindicação das classes juvenis e estudantis”, em vários espaços geográficos e religiosos.

“A questão da formação das elites, das lideranças, é o aspeto fundamental que se vem a revelar depois, curiosamente, não só na formação dos dirigentes das novas nacionalidades, mas também muitos dos estudantes que ficam em Portugal também vêm a contribuir para o desenvolvimento das próprias igrejas”, disse à Agência ECCLESIA o membro do Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) da UCP e do Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta.

O CHER e a Agência ECCLESIA vão publicar um livro intitulado ‘25 de Abril. Permanências, ruturas e recomposições”, que se desenvolve em quatro núcleos fundamentais – guerra, descolonização, democracia e desenvolvimento.

O entrevistado no Programa ECCLESIA do próximo domingo, na Antena 1 da rádio pública (06h00), identifica as “claras intersecções” de lideranças juvenis, em particular dos estudantes universitários, “uma certa elite” no contexto das próprias Igrejas e outros grupos sociais ou religiosos.

“Os jovens começam a criar espaços de socialização em torno da sua condição comum, enquanto estudantes universitários”, acrescenta, sublinhando o desejo que “constituir essa alternativa às lideranças estabelecidas”.

Para Timóteo Cavaco, essa influência sente-se movimento estudantil e nos movimentos juvenis “dentro de cada denominação”.

“Geralmente, os dirigentes do movimento estudantil, universitário, acabam por também se constituir os dirigentes juvenis das diferentes igrejas, das diferentes organizações”, precisa.

O investigador assina o texto sobre ‘movimentos e ambientes estudantis protestantes em Portugal, origens e relações com os espaços coloniais’, entre 1918 e 1967, publicado no bloco do livro dedicado à descolonização.

“No espaço metropolitano, digamos, mas também nos espaços coloniais, as experiências são muito diferentes”, observa o autor, destacando a “grande influência dos estudantes de Angola ou de Moçambique” no desenvolvimento destes movimentos juvenis em Portugal.

Antes do 25 de Abril, jovens de Angola, Moçambique, particularmente, mas também da Guiné e de outros territórios começam a chegar às universidades portuguesas.

“Estava a ser preparada uma elite, no mundo católico isso também acontece, mas não é estranho que vamos encontrar dirigentes, depois das independências, que foram formados nas universidades portuguesas e que militaram nos movimentos estudantis”, refere Timóteo Cavaco.

O programa ECCLESIA na Antena 1 está a apresentar, em cada domingo de abril, uma entrevista sobre os 50 anos da revolução, a partir da obra publicada em conjunto com o CEHR da Universidade Católica Portuguesa.

OC

‘25 de Abril: permanências, ruturas e recomposições’ é um novo livro publicado no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de abril de 1974, com coordenação científica do CEHR e edição da Agência ECCLESIA.

A publicação vai ser apresentada no dia 15 de abril, a partir das 18H30, no Auditório Santuário de Fátima (Sala 131/edifício antigo) da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.

A sessão conta com intervenções de Maria Inácia Rezola, comissária da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril; do cardeal D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa; e Peter Hanenberg, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa.

Uma nova sessão de apresentação vai decorrer a 17 de abril, pelas 16h00, na Torre dos Clérigos, com intervenções de Germano Silva, Virgílio Borges Pereira e D. Joaquim Dionísio, bispo auxiliar do Porto e membro da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.

 

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