Organismo católico aponta «fenómenos de ausência de liberdade» que exigem uma resposta coletiva, nos 50 anos da democracia
Lisboa, 20 abr 2024 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) alertou hoje para a persistência de “fenómenos de ausência de liberdade”, nos 50 anos da democracia em Portugal, alertando para o aumento da intolerância.
“Das redes sociais ao espaço público, os silos ideológicos em que nos encerramos contribuem para o fechamento ao outro, para o aumento de discursos racistas, xenófobos ou de intolerância, e para o aumento de vozes pedindo políticas de muros”, refere o organismo católico, numa nota intitulada ‘Juntos, construímos os próximos 50 anos de Democracia e Liberdade’.
O documento, enviado à Agência ECCLESIA, aponta o dedo a “um tipo de condicionamento da liberdade de pensamento e de expressão que não deve ser ignorado”.
“50 anos volvidos, e apesar de tantos avanços positivos, há ainda hoje fenómenos de ausência de liberdade que exigem uma resposta coletiva”, adverte a CNJP, numa reflexão a respeito do aniversário do 25 de Abril.
A nota elenca um conjunto de preocupações, a começar pelas desigualdades sociais, que impedem “o desenvolvimento pleno de cada pessoa e de todos”.
“Também a falta de visão de futuro retira esperança e é, para muitos, condicionadora da liberdade”, acrescenta o texto, que recorda todos os que pretendem “fazer de Portugal a base da sua vida, mas se sentem forçados a emigrar”.
Apesar dos desafios da nossa época, 50 anos volvidos sobre o 25 de Abril, há razões para termos esperança e para sonharmos os próximos 50 anos de democracia em Portugal”.
A CNJP enuncia uma série de prioridades que considera “garantia de liberdade e de preservação da democracia”, como a erradicação da pobreza e a luta contra as desigualdades, que devem ser uma “missão coletiva”.
O organismo católico defende uma cultura de “igualdade e respeito pela individualidade do outro”, convidando os responsáveis políticos a “colocar acima de quaisquer interesses partidários a resolução dos principais problemas dos portugueses”.
O objetivo, pode ler-se, passa por “garantir a todos – sem excluir ninguém – um acesso equitativo aos direitos sociais como a saúde, a educação e a habitação”.
O futuro democrático, sublinha a CNJP, exige “políticas de longo prazo, sustentáveis e com consideração pela Casa Comum, que apostem na criação de melhores condições de trabalho, de remuneração e de vida para todos”.
A nota destaca ainda a importância de “valorizar a dimensão ética baseada na dignidade humana”.
Promover uma cultura de escuta e de diálogo, de forma a preservar e valorizar uma sociedade plural assente no respeito e na fraternidade, que é capaz de discutir os desafios do país com razão, mas também com o coração e com abertura a compromissos”.
“A sociedade portuguesa viveu grandes transformações positivas nos últimos 50 anos. Que este aniversário de abril nos reanime e comprometa na construção diária da liberdade que assenta na fraternidade, na justiça e na paz”, conclui a CNJP.
OC
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