Igreja/Sociedade: Presidente da Conferência Episcopal defende alternativas a modelos dominantes de poder e sucesso (c/fotos)

D. José Ornelas presidiu a Missa com os participantes na «Praça Central» 2021, dedicada à amizade social

Almada, 20 nov 2021 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje que a Igreja deve oferecer outra perspetiva de “poder, de sucesso e de vida” às “praças centrais da cidade” e nas redes sociais.

Falando na Missa que encerrou a edição 2021 da ‘Praça Central’, atividade promovida pela Conferência Nacional das Associações do Apostolado dos Leigos (CNAL), o bispo de Setúbal desafiou os católicos a ser “cuidadores das dores, das misérias, da violência, dos lutos da humanidade”.

D. José Ornelas começou por saudar os participantes, na igreja paroquial de Nossa Senhora da Assunção, em Almada, na celebração vespertina da solenidade de Cristo-Rei, que encerra o ano litúrgico no calendário litúrgico.

O bispo sadino destacou que Jesus Cristo “afirma outro tipo de poder, de soberania e de realeza”.

“Um reino onde não haja pandemias; um reino onde não haja refugiados, mas cada um tenha a sua pátria; um reino onde não haja miséria, mas cada um possa usar os bens da terra; um reino onde não haja guerras, onde haja dignidade, fraternidade, a amizade que constrói”, precisou.

O Reino de Deus não há de ser fruto da conquista e da submissão dos povos, mas da adesão livre de pessoas livres. A violência é fruto, vão projeto de usar e manipular os outros em proveito próprio”.

A ‘Praça Central’ decorreu ao longo deste sábado em várias localidades de Almada (Diocese de Setúbal), com o tema ‘A difícil arte da amizade social. Como é importante sonhar juntos!’.

“O Reino de Jesus é livre, cria pessoas livres, felizes, convidando-as a criar um mundo de irmãos e irmãs, amigos e amigas”, indicou D. José Ornelas.

A iniciativa da CNAL inspirou-se na Encíclica ‘Fratelli Tutti’, do Papa Francisco, incluindo a realização de uma sessão plenária durante a manhã e mesas-redondas, durante a tarde, para abordar quatro temas centrais – cidadania, política, cultura e diálogo -, com quase 50 intervenientes.

No debate dedicado ao tema da cidadania, Luísa Schmidt, socióloga, alertou para as sombras da “crise climática e ambiental”, que desafiam a humanidade.

A professora universitária elogiou o dinamismo dos movimentos juvenis como um sinal “inovador e esperançoso”.

Isabel Jonet, presidente da Federação dos Bancos Alimentares, falou da cidadania como “exercício coletivo” de construção de um mundo mais justo e fraterno.

A convidada destacou a importância do voluntariado na sua educação para ser “melhor cidadã” e indicou o potencial do “voluntariado organizado” em favor do bem comum.

Jonet assume como prioridade “chegar ao coração das pessoas, trazendo-as para a cidadania ativa”, promovendo “valores universais que constroem sociedades mais tolerantes”.

João Cortez de Lobão, empresário e fundador da Associação ‘Magnum Gaudium’, disse aos presentes que a cidadania passa por cumprir a sua parte “num pacto social”.

O orador falou da importância de cuidar do próximo, a começar pelos empregados da própria empresa, por exemplo.

A mesa-redonda incluiu uma segunda sessão, de testemunhos, com a participação de Gonçalo Joanaz de Melo, da Missão País; o padre Constantino Alves, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, Diocese de Setúbal; Jorge Almeida, da Associação Vale de Acor, Diocese de Setúbal; Filipa Paiva Couceiro, do projeto COMVIDAS; Catarina Doro, da JMJ Lisboa 2023; Miguel Toscano Rico, da InspirO2; e José Sasseti, do projeto Semente.

OC

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