2023: JMJ Lisboa e Sínodo dos Bispos marcaram ano da Igreja Católica

Matilde Trocado aponta desafios do pós-Jornada Mundial da Juventude e Maria Carlos realça importância de trabalhar o documento de síntese da primeira sessão sinodal

Foto: JMJ Lisboa 2023/Bruno Seabra

Lisboa, 29 dez 2023 (Ecclesia) – A edição internacional da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Portugal e o processo sinodal lançado pelo Papa marcaram o ano da Igreja Católica, com particular destaque para o encontro internacional de jovens que Lisboa acolheu.

“O ‘e agora’ é uma pergunta difícil, não é? Não sei se alguém tem uma resposta boa e sólida, eu acho que temos de ir descobrindo, temos de fazer esse caminho para descobrir esse ‘e agora’. Acho que não está já definido, que temos de encontrá-lo, de construí-lo”, disse Matilde Trocado, da Direção Pastoral e Eventos Principais da JMJ Lisboa 2023, à Agência ECCLESIA.

A encenadora portuguesa lembra que a primeira edição internacional da Jornada Mundial da Juventude em Portugal, anunciada em 2019 e realizada em 2023, foi “muito construída” pelos jovens, “e muito com a força do entusiasmo deles, muito com essa alegria”, por isso afirma que “é importante” dar espaço a quem é mais novo, “para poder fazer, construir, para poder descobrir, para deixar a sua marca”.

Para um comentário de final de ano, a partir do que foi a JMJ Lisboa 2023, Matilde Trocado regressou ao Parque Eduardo VII, a então Colina do Encontro de 1 a 6 de agosto, que acolheu a cerimónia de abertura, a Missa de acolhimento do Papa Francisco e a Via-Sacra de sexta-feira.

“É um espaço cheio de memórias mesmo, acho que guardamos muitas memórias e se calhar o que eu guardo com mais carinho, pode ser uma memória comum a todos, é a boa vontade que se vivia nas ruas de Lisboa nesses dias”, adiantou.

Matilde Trocado, da direção artística do ‘Ensemble 23’, o grupo de 50 jovens, de 22 países, que cantou, dançou e representou durante os Eventos Centrais da JMJ, uma das “salas de ensaio mais heterogéneas e ricas” que a encenadora já teve.

Claro que desejava que tudo corresse pelo melhor, tentámos todos dar o nosso melhor, mas o resultado surpreendeu-me. Eu fiquei quase espantada com o bem que tudo correu, como de facto o esforço de toda a gente acabou por ter este sucesso e sou muito agradecida por isso, acho que superou as nossas expectativas”.

Foto: Ricardo Perna

Também este ano, entre 4 e 29 de outubro, decorreram os trabalhos da primeira sessão da 16ª Assembleia do Sínodo dos Bispos, sintetizados num documento agora confiado às várias dioceses.

“Entregar 40 páginas não sei até que ponto é que nas paróquias se consegue trabalhar assim, mas como fizemos no início do Sínodo, criar pequenos grupos de trabalho, que trabalhassem o documento, seria muito importante”, disse Maria Carlos, coordenadora da Comissão Sinodal da Diocese de Santarém, à Agência ECCLESIA.

Para esta responsável seria “uma pena se não aproveitam este elã e este gosto”, recordando uma “experiência muito boa, muito positiva”, que não foi fácil no início, até pelo contexto da pandemia de Covid-19.

“Nunca tínhamos propriamente experimentado esta metodologia da escuta, que foi a experiência que verdadeiramente marcou as pessoas. Na diocese acabámos por organizar-nos a partir das vigararias, organizamos módulos, pequenas fichas de trabalho, que davam o pontapé de saída para que nas paróquias as pessoas pudessem começar a conversar e a experimentar esta metodologia”, desenvolveu.

A coordenadora da Comissão Sinodal de Santarém acrescenta que isso “entusiasmou” as pessoas, e essa foi a palavra que ouviram no final da assembleia diocesana, porque as pessoas, “pela primeira vez, encontraram um lugar em que sabiam que cada uma tinha o direito à voz e tinha também o direito à escuta”, o que “tocou muita gente”.

O Programa ’70X7 deste domingo, dia 31 dezembro, destaca cinco acontecimentos que marcaram a Igreja Católica e a sociedade, em Portugal e no mundo, em 2023, – a queda do Governo, o início do Sínodo dos Bispos, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa, a proteção de menores e as guerras -, através da análise e comentário de cinco entrevistados, pelas 17h35, na RTP2.

LJ/HM/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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