Almirante Luis Fragoso admite que recuperação social seja mais demorada
Lisboa, 31 dez 2021 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Diocesana de Lisboa considera que a crise pandémica teve um “impacto de choque” sobre a população que já se encontrava em situação de risco e exclusão social
“Esta crise, ao contrário da de 2008, que era financeira, teve um impacto de choque e atingiu uma larga franja da sociedade de forma inesperada e brutal, mas a recuperação vai ser progressiva”, disse à Agência ECCLESIA o almirante Luis Fragoso.
“Mesmo depois de voltarmos a uma progressiva normalidade, a recuperação da economia vai fazer-se, mas em termos sociais não é tanto assim”, acrescentou o responsável daquele organismo católico.
Recordando a crise que se iniciou em 2020, também um “ano de choque”, o entrevistado refere que muitas pessoas com “uma vida normal” deixaram de ter acesso “aos meios mínimos de subsistência”.
O presidente da Cáritas Diocesana de Lisboa assinala que o início de 2021 foi “muito complicado”, com “o impacto brutal nos Serviços de Saúde” e, naturalmente, “na economia”, por causa do aumento do número de infeções e o segundo confinamento.
O almirante Luis Fragoso realça que, depois do choque, surgiu “um momento de esperança” e as pessoas “acharam que já se podia recomeçar uma vida quase normal”, todavia verifica-se que “muita gente não entra na estatística”.
“Quando se fala em termos de desemprego, os números são importantes, mas há muita gente que não existe para a estatística”, adverte.
O responsável da Cáritas Diocesana de Lisboa sublinha que existem “grandes problemas, situações extremas e muita pobreza encoberta”.
Apesar de acreditar que a situação “vai melhorar”, o entrevistado sublinha que ainda “há muito para fazer no campo social”.
“Algumas pessoas continuam com situações laborais muito precárias e dependem do dia-a-dia”, acrescenta o presidente do organismo católico.
Para o almirante Luis Fragoso, a Cáritas necessita “absolutamente” que as pessoas “olhem e deem o seu contributo”, pois só assim “se chega às pessoas que precisam”.
“Vamos ter que continuar a contar com a solidariedade extraordinária que o povo português tem”, reforça o entrevistado.
O presidente da Cáritas Diocesana de Lisboa louva os grupos nas paróquias que “desenvolveram um trabalho notável” e “com algum risco”, porque estiveram expostos ao vírus, mas “chegaram às pessoas”.
“Alguns grupos reforçaram-se com elementos” e foram criados outros que “deram respostas absolutamente extraordinárias”.
O almirante Luis Fragoso é um dos convidados do Programa ECCLESIA (RTP2, 15h00) deste último dia do ano, passando em revista o impacto da pandemia em Portugal, juntamente com o virologista Pedro Simas, docente da UCP.
OC/LFS