Presidente da CEP perspetiva novo ano de encontro com o Papa, eleições presidenciais e a esperança de celebrar a Páscoa com menos limitações
Setúbal, 31 dez 2020 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou em entrevista à Agência ECCLESIA que os “próximo meses vão ser dramáticos” e as ajudas previstas “têm de encontrar uma boa capacidade de chegar rapidamente às pessoas que precisam”.
“A bazuca europeia deve chegar realmente às pessoas e não ficar simplesmente em discursos”, afirmou D. José Ornelas na entrevista que é emitida no programa Ecclesia, na RTP2, no dia 1 de janeiro de 2021.
O bispo de Setúbal alerta para ao aumento do número de pessoas que vive com “a falta do essencial, como seja comida”, lembra que ninguém pode “ficar para traz” e afirma que é necessário contribuir de forma solidária para o retomar da economia.
Questionado sobre as eleições presidenciais e o impacto na coesão nacional, D. José Ornelas afirmou que é necessário promover debates entre candidatos sobre “coisas que interessam e não sobre questiúnculas menores”.
O presidente da CEP lembrou que a mensagem fundamental que a Igreja transmite no contexto das eleições é o “discernimento crítico dos vários programas” e disse que o mais importante é que as pessoas participem porque “um cristão não se pode abster”.
Sobre o próximo chefe de Estado, D. José Ornelas espera “que seja chefe de Estado de todos os portugueses, de equilíbrio para a sociedade”.
O presidente da CEP comentou também o documento “Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal”, afirmando que em causa não está a pretensão de “uma Igreja nova”, mas “redescobrir a Igreja que é necessária para este tempo”.
D. José Ornelas disse que a paróquia vai continuar a ser um polo de referência, mas “tantas vezes vai ser um polo móvel, que se desdobra em tantas situações, que vai encontro das pessoas e não fica simplesmente à espera delas”.
O bispo de Setúbal diz que é necessário fomentar “um projeto de vida e de evangelização”, contando com o contributo de todos os intervenientes de um determinado contexto, geográfico ou outro.
O responsável católico lembra que a missão da Igreja é “estar onde estão as pessoas” e tem de “se adaptar ao que as pessoas são”, hoje habitantes de “uma sociedade que é particularmente móvel”, e, por isso, “também a Igreja tem de ser assim”.
O presidente da CEP referiu-se também à audiência com o Papa da presidência da Conferência Episcopal Portuguesa, planeada para o início de janeiro, referindo que tem por objetivo ser uma “valorização da eclesialidade” e “ouvir” as orientações e preocupações de Francisco.
“A primeira coisa que fazemos é viver com ele a dimensão de comunhão da Igreja. Segundo, dialogar e ouvir uma palavra de orientação e as preocupações do Papa para este mundo”, disse D. José Ornelas.
O entrevistado alude ao retomar das celebrações presenciais e, mesmo advertindo que é necessário “fazer o mapa à medida que se navega”, afirma que “há uma razoável esperança” de que a Páscoa possa ser celebrada sem limitações.
“Todos esperamos que isso seja possível e para isso vamos trabalhar e criar condições”, apontou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
A entrevista a D. José Ornelas pode ser acompanhada no programa Ecclesia no primeiro dia de 2021 na Antena 1, pelas 22h45, e na RTP2, às 15h00.
PR