2020: Ano de relações humanas, de conciliação laboral e de «lentificação» (c/vídeo)

Especialista em psicologia positiva, Helena Marujo propõe maior utilização da palavra «amor» e o cultivo da «gratidão»

Lisboa, 02 jan 2020 (Ecclesia) – A professora de psicologia Helena Marujo diz que o novo ano deve ser marcado por relações humanas, num momento em que a sociedade portuguesa percebeu a necessidade de “conciliação” entre o trabalho e a família e desafia a um movimento de “lentificação”.

“Andamos à procura de mais harmonia, quer do ponto de vista interno como na nossa capacidade de gerir diferentes vertentes da nossa vida e quanto mais conseguirmos que a harmonização esteja em coerência com o nosso compromisso social, mais longe conseguiremos ir em termos de humanidade”, refere à Agência ECCLESIA.

A docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas (ISCSP) da Universidade de Lisboa e investigadora na área da Psicologia Positiva, preconiza uma “lentificação” numa sociedade que vive acelerada e fala da importância das relações humanas, que contrariem a tendência do «home entertainment» (entretenimento em casa).

“As indústrias que mais crescem são as da segurança, também a indústria do «home entertainement», o ficarmos em casa com o impacto que isso tem na solidão e nas relações sociais. Também a indústria da saúde/doença, da medicalização, que nos faz precisar de medicamentos para viver e aguentar a vida”, foca a especialista apontando o sintoma da solidão, entre jovens e idosos, que reconhece nos estudos que realiza.

“Estamos desesperadamente à procura de voltar a estar uns com os outros. Este será o ano do encontro com o outro, em particular, precisamos de partilhar as nossas diferenças e criar relações e momentos de relação que nos tragam outras formas de pensar e nos ajudem a ir mais longe”, afirma, num caminho que se desenha de tolerância.

Foto Agência ECCLESIA/MC

Helena Marujo sublinha a importância de “criar sinergias, potenciar mais oportunidades de estar em grupo, ter conversas apreciativas e mobilizadoras, e ter uma visão mais global”, cultivando “vidas com propósito”.

“A vida com propósito é um caminho de felicidade. A vida com propósito é essencial para termos saúde física e psicológica, uma vida que não se limita ao meu umbigo. Colocarmos as nossas virtudes ao serviço é uma ferramenta que serve o coletivo, é um dos instrumentos para sermos felizes”, sublinha a coordenadora pela Cátedra Unesco para a Educação para a Paz Global Sustentável.

A especialista afirma a importância de “ousar usar a palavra «amor»”: “É uma palavra que temos algum pudor em usá-la em público. Nas escolas e em contextos laborais, comunidades e vizinhanças não termos medo de falar do amor, como uma experiência de que com mais facilidade fará face ao medo”.

O início de um ano oferece a possibilidade de um recomeço, mas Helena Marujo acredita haver “vários nascimentos ao longo de um dia”.

“Podemos recomeçar várias vezes ao longo de um dia mas estes momentos mais marcantes de novo ano, de um novo emprego, de ter um filho, por exemplo, mostra um ritual e confere uma transição, importante para a nossa experiência humana”, precisa.

A formulação de desejos, próprias de início de ano, “cultivam a capacidade de esperança”, de “eleger metas e objetivos, de construir caminhos. Só o estabelecer um desejo ajuda a criar a capacidade de ter esperança”.

Helena Marujo sugere um “exame de consciência” que ajude a sintonizar “os pontos de luz do dia” e não as falhas porque, afirma, subjacente ao exame de consciência “está a virtude da gratidão”.

LS

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Agência ECCLESIA

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