2007, ano em cheio para Bento XVI

Novos Cardeais, um livro, viagens, documentos pontifícios e mudanças na Cúria Romana esperam o Papa em 2007. A agenda de Bento XVI inclui, além disso, centenas de encontros, audiências e celebrações litúrgicas. Do panorama dos próximos 12 meses destacam-se, desde logo, as duas viagens pontifícias: em Maio, ao Brasil, e à Áustria, em Setembro. No maior país católico do mundo, o Papa irá inaugurar os trabalhos da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, que terá lugar de 13 a 31 de Maio de 2007 no Santuário da Aparecida (Brasil). A viagem à Áustria terá mais um carácter de peregrinação mariana. Admite-se que Bento XVI volte à Alemanha e possa visitar as Nações Unidas, somando-se convites da Terra Santa e da África, para além da conhecida vontade da Conferência Episcopal Portuguesa de recebê-lo em Fátima. Na Itália, o Papa visitará Assis no próximo mês de Junho. Já em Janeiro tem lugar o aguardado discurso ao corpo diplomático na Santa Sé, em que o Papa traça uma espécie de balanço da situação internacional. A partir deste mês, Bento XVI começa a receber Conferências Episcopais de todo o mundo (no ano passado foram recebidos 360 Bispos), em visita “ad limina” – os Bispos portugueses deslocam-se ao Vaticano de 3 a 12 de Novembro. O ritmo é elevado e o desgaste também. Basta lembrar que no ano passado, mais de 3,2 milhões de pessoas se encontraram com o Papa no Vaticano e em Castel Gandolfo, para além das que o fizeram nas quatro viagens apostólicas (Polónia, Espanha, Alemanha e Turquia). Novos Cardeais e Cúria Romana No ano em que Bento XVI completa 80 anos, há oito Cardeais que chegam à mesma idade e que, de acordo com a Constituição Apostólica “Universi Dominici Gregis”, deixam de poder participar num eventual conclave. O primeiro desses Cardeais será o mexicano Adolfo Suárez Rivera, já a 9 de Janeiro. Entre os Cardeais que completarão 80 anos encontram-se nomes bem conhecidos, como é o caso de D. Carlo Maria Martini (aniversário a 15 de Fevereiro) e do actual Decano do Colégio Cardinalício e antigo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Angelo Sodano (aniversário a 23 de Novembro). Bento XVI deverá, por isso, renovar o Colégio Cardinalício em 2007, dado que o número de Cardeais eleitores caiu para 112 no ano passado e já em 2007 poderia ficar reduzido a 104. No total, actualmente o Colégio Cardinalício conta com 186 cardeais de 67 países, dos quais 74 não são eleitores. O número máximo de Cardeais eleitores é de 120, fixado por Paulo VI e confirmado por João Paulo II. Actualmente, a Europa conta com 55 Cardeais eleitores; América Latina – 19; América do Norte – 15; África – 8; Ásia – 13; Oceania – 2. O país com mais Cardeais eleitores é a Itália (19), seguido dos EUA (12), Alemanha, Espanha e França (5 cada). Como o próprio Papa referiu em Março do ano passado, é sua intenção convocar Consistórios de forma regular. Entre os candidatos ao barrete cardinalício estão os titulares de sedes como Dublim, Paris, Washington ou Toronto, mas a experiência de 2006 mostrou que Bento XVI está muito atento às “periferias” do catolicismo. Na Cúria Romana, por outro lado, irá aumentar o número de Cardeais com mais de 75 anos. O Cânone 354 do Código de Direito Canónico determina que os Cardeais presidentes dos Dicastérios ou das outras instituições permanentes da Cúria Romana e da Cidade do Vaticano “apresentem a renúncia do ofício ao Romano Pontífice” ao cumprirem 75 anos de idade. Neste momento, entre os mais directos colaboradores do Papa, há vários Cardeais acima desta idade: Darío Castrillón Hoyos tem 77 anos; Julián Herranz, 76; Paul Poupard, 76; Ignace Moussa Daoud, 76. Em 2007 este número aumenta, começando a 6 de Janeiro, quando o Cardeal português D. José Saraiva Martins completar 75 anos. A ele irão juntar-se os Cardeais James Francis Stafford, Renato Martino e Francis Arinze. Publicações Na próxima Primavera será publicado o primeiro livro do Papa, “Gesù di Nazareth. Dal Battesimo nel Giordano alla Trasfigurazione” (Jesus de Nazaré. Do Baptismo no Jordão à Transfiguração)”, destinado a um público mais alargado e centrado na figura histórica de Jesus. No prefácio, de que foram facultadas várias passagens, o Papa escreve que esta obra “não é, de nenhum modo, um acto do magistério, mas apenas uma expressão da minha procura pessoal do rosto do Senhor. Por isso, cada um é livre de me contradizer”. “Quis fazer a tentativa de apresentar o Jesus dos Evangelhos como o autêntico Jesus, como o Jesus histórico no autêntico sentido da palavra”, reconhece. Deste ano esperam-se, por outro lado, a Exortação Apostólica pós-sinodal sobre a Eucaristia e o “Motu Proprio” sobre a celebração universal da Missa em Latim. Um documento preparatório para o Sínodo dos Bispos de 2008, sobre o tema “A Palavra de Deus na vida e missão da Igreja”, deverá ser publicado nos próximos meses. Há também quatro canonizações aprovadas, devendo ainda ser levado em linha de conta o trabalho relativo aos mediáticos processos de João Paulo II e Pio XII.

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