2.º centenário da morte de D. Caetano Brandão

Comemorações em Braga e Loureiro A vila de Loureiro, do concelho de Oliveira de Azeméis, vai promover, em 10, 11 e 15 de Dezembro, cerimónias comemorativas do 2.º centenário da morte do seu filho mais ilustre: D. Frei Caetano Brandão, que ali nasceu em 11 de Setembro de 1740 e que se notabilizou como mestre de Teologia (em Évora e em Lisboa), como Bispo do Grão-Pará, no Brasil (1782-1789), onde deu largas à sua vocação missionária e franciscana, e como Arcebispo de Braga (1789-1805), onde deixou marcas indeléveis, que o colocam ao lado dos seus mais eminentes predecessores, como o venerável D. Frei Bartolomeu dos Mártires. Em Belém do Pará mendigou, de porta em porta, para que fosse possível construir o primeiro hospital do Amazonas, e visitou, como pastor incansável e pai dos pobres, as mais inóspitas paróquias do sertão, criando laços fraternais entre colonizadores e índios, a quem abriu a luz da instrução oficial a par da instrução religiosa. Em Braga, cidade que, com a morte do Arcebispo D. Gaspar de Bragança, acabava de perder antigos privilégios senhoriais, teve de arrastar com a reacção de muitos bracarenses, clérigos e leigos despeitados, que não compreenderam, de imediato, o alcance profético e social da conduta pastoral do seu novo Prelado, mais disposto a testemunhar a pobreza evangélica do que a alimentar honrarias mundanas. Daí a sua predilecção pelos mais desprotegidos, consubstanciada na abertura do Colégio dos Órfãos de São Caetano, para rapazes, que ainda hoje presta serviços prestimosos à sociedade, e na criação de um Instituto para meninas (Casa da Tamanca) e de um lar para idosos. Daí também o incremento das artes, abrindo aulas de Pintura, Música e Cirurgia, onde se revelaram notáveis profissionais, e instituindo prémios para os melhores artesãos que se apresentassem a concurso público, iniciativa considerada pioneira nessa área e tida como a génese das futuras e consagradas Feiras de Braga. Mas o seu labor apostólico na Arquidiocese de Braga passou também pela reforma dos Seminários, pela formação do clero e pela doutrinação dos fiéis, ou não fosse D. Frei Caetano um insigne Lente de Teologia e perito em Cânones (Direito) e em Filosofia. Neste campo, foi émulo de D. Manuel do Cenáculo Vilas-Boas (1724-1814), um sábio iluminista que foi Bispo de Évora, com quem trocou vasta correspondência, e condenou, numa Pastoral que ficou célebre, a arrogância dos coriféus racionalistas franceses. Debilitado de forças, o virtuoso e humilde Arcebispo morreu, aos 65 anos, no velho e desconfortável paço que ocupara desde a sua chegada a Braga, preferindo-o ao paço novo do seu antecessor, de cujas baixelas se desfez para proveito dos mais carentes. Os loureirenses sentem-se orgulhosos deste filho, a quem erigiram um busto, inaugurado em 1966, e cujo nome foi recentemente atribuído à Escola Básica 2/3 da freguesia, à semelhança do que acontecera, alguns anos atrás, à Escola similar de Maximinos (Braga). Ao longo dos dois séculos subsequentes à sua morte, Belém do Pará e Braga têm rivalizado em homenagens dirigidas ao seu antigo Prelado, quer em publicações literárias, quer através de monumentos. (O de Belém, de grandes dimensões, foi levantado há cem anos – um século após a sua saída do Pará). E têm sido muitos os escritores e historiadores portugueses que lhe dedicaram obras ou lhe fizeram referências elogiosas até aos dias de hoje, como Silva Gaio (com o drama “D. Frei Caetano Brandão”), Ramalho Ortigão “”Seguramente o mais elevado espírito e a mais formosa alma que deitou o século XVIII em Portugal”), Camilo Castelo Branco (“O mais glorioso vulto das cristandades lusitanas”), ou Pinheiro Chagas (“Se quisessemos simbolizar o Cristianismo na sua expressão mais pura, e debaixo do seu tríplice aspecto humilde, caridoso e civilizador, não podíamos encontrar vulto para isso mais apropriado do que o do virtuoso arcebispo”). Feliciano Ramos, Oliveira Ramos, Paulo Abreu e Francisco Ponces de Serpa Brandão são alguns dos historiadores modernos que têm trazido à ribalta a vida exemplar do excepcional loureirense que Braga e Loureiro se preparam para homenagear. Programa Braga com uma exposição (15/12) e um Congresso (16 e 17/12). Em Loureiro terá o seguinte programa: Dia 10 de Dezembro: 20 horas – Missa; 21 – Palestra por Francisco Serpa Brandão e actuação do Orfeão de Loureiro. Dia 11: 11h – Missa solene, presidida por D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto; 12h30 – Descerramento do nome de D. Frei Caetano Brandão como patrono da Escola EB 2/3 de Loureiro; Dia 13 – Almoço e Exposição na Escola. Dia 15: 15h – Descerramento da lápide na casa onde nasceu Frei Caetano; tarde cultural na Escola; 21h – Sessão final, com a presença do Bispo do Porto e do Arcebispo de Braga, palestra pelo Dr. José Paulo Abreu e concerto pela Banda de Loureiro.

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