1.º de Maio: Trabalhadores Cristãos alertam para «muitas nuvens negras no futuro dos trabalhadores e das populações mais desfavorecidas»

«Vivemos um ano muito cheio, muito intenso na própria Igreja e no mundo do trabalho» – Américo Monteiro

Lisboa, 01 mai 2025 (Ecclesia) – O coordenador Nacional da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) neste ‘1 de Maio’, quando a Igreja Católica celebra o Ano Santo 2025, dedicado à esperança, alerta para as “nuvens negras no futuro dos trabalhadores e das populações mais desfavorecidas”.

“A esperança não nos leva a esquecer os tempos que vivemos, e nós sabemos que não acaba tudo aqui, a realidade final não será esta, o futuro pode ser esperançoso. Na realidade que vivemos, vemos muitas nuvens negras no futuro dos trabalhadores e das populações mais desfavorecidas, pelo tipo de pessoas que temos a dirigir os principais países neste mundo, pelo tipo comportamentos políticos”, disse Américo Monteiro, esta quinta-feira, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O coordenador da LOC/MTC Portugal afirma que os tempos “não são bons, nem de muita esperança”, mas essa esperança, que uns dirão cristã, católica, outros destacarão a “importância da luta para se conquistar melhores soluções futuras”.

“Há muito a fazermos, o futuro depende daquilo que nós construirmos, daquilo que nós contribuirmos para construir, e para ficarmos todos de consciência mais tranquila, para deixarmos um melhor futuro para os nossos filhos, é empenharmo-nos agora, é ser pessoas de esperança agora, vale a pena o nosso esforço para um futuro melhor.”

O Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos (MMTC) incentiva a não desistir perante a adversidade e “a trabalhar por um mundo mais justo e equitativo” na mensagem de “ação e reflexão”, “solidariedade e compromisso”, para o 1º de Maio – Dia Internacional do Trabalho, que, este ano, foi escrita pelo MMTC da Ilha de Reunião (Oceano Índico).

Américo Monteiro, “um homem de esperança”, explica que, este ano, a mensagem do MMTC para a comemoração do 1.º de Maio toca aspetos importantes, “em especial os apelos que faz aos trabalhadores da sua consciência de trabalhadores” e do seu papel “e da sua participação na vida social, nas lutas dos trabalhadores, na sua presença também com os seus valores, com os seus desafios à sociedade”.

Segundo o coordenador Nacional da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos “não é fácil” mobilizar as pessoas também a nível da Igreja, uma dimensão da pastoral, para esta dimensão da luta pelos seus direitos de trabalho, e lamenta que “a cidadania do lado dos trabalhadores também não está num ponto alto”, estes não são os melhores tempos da participação dos trabalhadores.

“Nós vamo-nos esforçando por fazer chegar a nossa mensagem, por cativar pessoas, por mobilizá-las a refletir e a participar naquilo que é fundamental para os trabalhadores no dia de hoje; a mobilização, o cativar pessoas para este trabalho militante, não é fácil, estamos aí para lutar, achamos que o vamos conseguir, mas não é fácil nesta altura”, acrescentou, no Programa ECCLESIA desta quinta-feira, emitido na RTP2.

A LOC/MTC Portugal vai realizar, este ano, o seu 19.º congresso nacional e, nessa preparação, focaram-se em quatro aspetos “essenciais para os trabalhadores”: O trabalho, “que é um assunto muito sério e concreto”; a questão das migrações, “porque são trabalhadores como nós que porventura passam dificuldades e privações ainda maiores do que os naturais em cada país”; a habitação, “hoje para quem trabalha, num plano menos favorecido em termos de salários, etc, o acesso à habitação é uma situação terrível; e a cidadania, “o associativismo”.

O movimento católico de trabalhadores fez também um questionário online e presencial “a alguns trabalhadores, pessoas no ativo”, onde constataram que “a característica de trabalho é bastante diferente do que era há uns anos atrás, não muitos”, onde não deixam de existir os “trabalhadores operários da produção, mas os trabalhadores estão em muito outra variedade de serviços”.

“Os problemas estão lá; ficámos preocupados porque há muito descontentamento e muita insatisfação, uma percentagem dos que responderam, mais de 30%, estão insatisfeitos com o seu trabalho, é terrível, numa empresa, 30% de descontentamento não funciona bem. Um dos grandes descontentamentos é a relação entre pessoas e, em especial, com as chefias, nos diferentes departamentos”, adiantou Américo Monteiro, destacando a “disponibilidade de tempo para o trabalho e para a família”.

A Igreja Católica celebra a 1 de maio, desde 1955, a festa litúrgica de São José Operário, como forma de associar-se à comemoração mundial do Dia do Trabalhador.

A celebração litúrgica de São José operário foi instituída no dia 1 de maio de 1955, pelo Papa Pio XII, diante de milhares de trabalhadores italianos: “Longe de despertar discórdia, ódios e violência, o 1º de maio é e será um recorrente convite à sociedade moderna a realizar aquilo que ainda falta à paz social”.

HM/CB

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