Lusofonia: Investigadores traduzem para português «sentimentos e experiências» da Bíblia

Edição «experimental» dos Evangelhos e dos Salmos vai ser apresentada no fim deste ano

Lisboa, 30 abr (Ecclesia) – O presidente da Associação Bíblica Portuguesa (ABP) disse à Agência ECCLESIA que uma edição “experimental” da tradução em português dos Evangelhos e dos Salmos vai ser apresentada no fim deste ano, numa linguagem que “evoca sentimentos e experiências”.

“Na Bíblia, a linguagem vai muito além daquilo que se diz. Ela evoca sentimentos e experiências. Se queremos aplicar à Bíblia a nossa mentalidade, a operação não vai dar ‘resto zero’, porque foi escrita numa mentalidade muito diferente da nossa e numa cultura muito distinta da dos nossos dias”, afirmou o padre Mário Sousa.

Para o presidente da ABP, traduzir a Bíblia implica ter presente que a sua linguagem é “essencialmente evocativa” e tem de se entender “a partir da poesia”, não a partir de uma “mentalidade muito ocidental e numa linguagem muito marcada pela dimensão informativa”.

A ABP está trabalhar numa nova tradução para português da Bíblia, por iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa, tendo constituído uma vasta equipa de especialistas em Sagrada Escritura com esse objetivo.

“Pedimos a colaboração dos biblistas do nosso país e também de países de língua oficial portuguesa”, referiu padre Mário Sousa.

A tradução para português  é feita a partir das línguas originais dos livros da Bíblia, o grego para o Novo Testamento e o hebraico e aramaico para o Antigo Testamento, e o trabalho está estruturado segundo as orientações da Santa Sé, que pedem uma tradução o mais literal possível em relação ao texto original.

Para o padre Mário Sousa, o tradutor da Bíblia deve procurar “o que de mais perto” a língua permite em relação ao texto original, pensando nos leitores que não têm “acesso às línguas originais”, acrescentando que é necessário também contextualizar o que se lê.

A nova tradução integral em português da Bíblia ainda vai demorar, após a publicação da edição “experimental”, no fim deste ano, dos Evangelhos e dos Salmos, para que os leitores se pronunciem “sobre o significado que aquela palavra escutada e lida tem para a sua vida”

“A Bíblia tem de ter esta dimensão existencial”, acrescentou o padre Mário Sousa.

A Associação Bíblica Portuguesa realizou hoje a sua Assembleia Geral, na Universidade Católica, e analisou o decorrer dos trabalhos da tradução da Bíblia para português, onde o do Instituto Pontifício Bíblico de Roma apresentou uma comunicação sobre “O Novo Testamento em novas perspetivas”.

HM/PR

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Agência ECCLESIA

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