Dia de Portugal: Comemorações junto das comunidades portuguesas dizem que emigrantes «não estão esquecidos»

Obra Católica Portuguesa de Migrações afirma que tradições religiosas e culturais mantidas na diáspora são forma de evangelização

Lisboa, 09 jun 2018 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) afirmou que as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas junto dos emigrantes nos EUA é uma oportunidade para que estes se sintam lembrados e como parte do país.

“É muito emocionante receber as altas figuras do Estado português. Eles sentem que não estão esquecidos e continuam a fazer parte de Portugal”, explica à Agência ECCLESIA Eugénia Quaresma.

As comemorações do Dia de Portugal têm este ano início em Ponta Delgada, nos Açores, no dia 9, estendendo-se no dia 10 e 11 ao estado de Massachusetts, com cerimónias nas cidades de Boston, Providence e New Bedford, locais onde as comunidades portuguesas estão profundamente inseridas.

O presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e o primeiro-ministro António Costa vão ser recebidos “em grande festa”.

“Do que vou conhecendo os portugueses ficam muito sensibilizados quando alguém, de longe, se desloca para os ver. Já tive essa experiência e quem está lá fora vive com mais fervor a importância deste dia”, recorda a responsável nacional pela pastoral dos migrantes que assume a importância da construção de pontes nesta área de trabalho.

O Dia de Portugal é uma “oportunidade para reviver e juntar a comunidade” e, em especial junto das novas gerações, “encontrar as raízes”.

“É importante para as gerações mais novas ter presente que se pertence a algum lugar, perceber de onde vêm, qual a sua história”.

Entre a aculturação e a herança surge “uma tensão” mas duas situações coexistem: “netos que se afastaram das tradições culturais e outros que dão continuidade”.

“A origem da tensão poderá estar na identidade pessoal em diálogo com a identidade cultural dos pais e cultural do país onde se insere ou já nasceu”, precisa a diretora da OCPM.

Eugénia Quaresma assinala que as tradições religiosas são, na diáspora, um elo ao país natal que importa preservar mas também constituem um fator de evangelização.

“Os nossos migrantes são agentes evangelizadores e não têm essa consciência. Ao levar as tradições religiosas estão a fazer evangelização. O grande desafio que é feito aos nossos missionários é aprofundar esta piedade popular e perceber a espiritualidade que está por detrás”, realça.

Nossa Senhora de Fátima, Santo António, as festas do Espírito Santo são uma linguagem comum e unificadora do cristão onde quer que ele esteja e o desafio para a Igreja, destaca a responsável pela OCPM, é que os catequisandos “estejam onde estiverem, devem continuar a dar testemunho”.

O objetivo da OCPM é que em qualquer local onde esteja um português e não se fale a língua portuguesa exista uma missão católica que ajude a acolher e a fazer a ponte entre o migrante e o país de acolhimento.

“Construir pontes é o trabalho da OCPM: com as comunidades, dizer que não os esquecemos e queremos ajudar a que cada migrante se sinta acolhido na sua língua e cultura mas não se esqueça de dialogar com a comunidade de destino”.

Estar mas não fazer parte é um sentimento de muitos emigrantes, denota Eugénia Quaresma, que salienta a dinâmica de “abertura ao novo que cerca”.

LS

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Agência ECCLESIA

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