O caso que ocorreu é “pontual” e “não parece que seja a regra daquilo que é a relação das pessoas que vivem no bairro de Zambujal com as autoridades”, afirma Mário Linhares
Lisboa, 22 out 2024 (Ecclesia) – Mario Linhares, leigo missionário da Consolata que trabalha no bairro do Zambujal, considera que, apesar dos acontecimentos violentos dos últimos dias, os habitantes são “muito” trabalhadores “e não são pessoas de violência”.
Com a morte de um habitante do bairro do Zambujal, baleado por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP), a comunidade manifestou-se porque “não está contente com a situação que aconteceu, porque morreu uma pessoa baleada e parece, do que eu percebo, que há de um sentimento de injustiça grande em relação a isso, porque quando alguém morre, mesmo quando morre de uma doença natural, custa sempre, e quando alguém morre, assim, a tiro, deve custar ainda muito mais”, disse Mário Linhares à Agência ECCLESIA.
As manifestações contra o ato sucedem-se, mas a forma como “algumas pessoas estão a fazê-lo, é de muito desespero, é para chamar a atenção, e isso causa este alarido grande” na comunicação social.
“Só com um conhecimento rigoroso é que se esclarecem as coisas”, acrescenta o leigo missionário da Consolata.
O caso que ocorreu é “pontual” e “não parece que seja a regra daquilo que é a relação das pessoas que vivem no bairro de Zambujal com as autoridades”.
O trabalho dos leigos missionários passa “muito por um trabalho social” e começou “com a alfabetização de adultos” porque “muita população portuguesa e emigrante ainda não sabia ler e escrever e aprenderam com os leigos”
O bairro do Zambujal está situado numa zona periférica de Lisboa e foi construído durante os anos 70 para albergar famílias que tinham migrado “do interior de Portugal, Trás-os-Montes, Minho, Beiras e Alentejo” para a capital, “à procura de um futuro melhor”.
Após o 25 de abril de 1974, o bairro recebeu, de “forma pacífica” e “tranquila”, pessoas da “comunidade cabo-verdiana”
“É um bairro que tem três grandes grupos, a comunidade portuguesa, a comunidade cabo-verdiana e a comunidade cigana, e os tempos mais turbulentos do bairro já foram”, disse Mário Linhares.
O leigo dos missionários da Consolata conhece o bairro desde o início do ano 2000 e considera as pessoas “muito serenas, muito simpáticas, muito acolhedoras e com bastante comércio local”.
“Claro que há sempre um desentendimento aqui e acolá, mas isso acontece em todo lado, até nas universidades, não é preciso ir a um bairro social para encontrar desentendimentos”, disse à Agência ECCLESIA.
Um bairro com um plano urbanístico “muito bem pensado” com “ruas largas e ruas pedonais, muitos espaços verdes, prédios à escala humana de três ou quatro andares e boa exposição solar”
LFS