A vontade de comunicar, desde sempre presente no Homem, levou-o a encontrar os meios adequados para uma comunicação mais eficaz. A mesma vontade fez com que o desenvolvimento das novas tecnologias permitisse a criação de novas ferramentas, fazendo, assim, reduzir as distâncias que há alguns anos atrás eram obstáculo na transmissão de uma mensagem. Pela Internet, hoje é possível enviar mensagens escritas, ver televisão e ouvir rádio. Mas pela Internet, hoje é, também, possível criarmos a nossa própria televisão, ou a nossa própria rádio e assim, através da rede global, transmitir a nossa própria programação, com os conteúdos por nós definidos. Assim, têm surgido, um pouco por todo o mundo, televisões e rádios com emissão exclusiva na Internet. Neste sentido, a Igreja Católica tem procurado acompanhar a evolução tecnológica e tem manifestado, inclusive, alguma preocupação no uso destes novos meios. O Papa João Paulo II, na Carta Apostólica «O Rápido desenvolvimento», acentuava que “a Internet não só forneça recursos para uma maior informação, mas habitue as pessoas a uma comunicação interactiva”. Na Mensagem para o 36º Dia Mundial das Comunicações Sociais, em 2002, afirmava que “a Internet constitui um novo «fórum»” e “para a Igreja, o novo mundo do espaço cibernético é uma exortação à grande aventura do uso do seu potencial para proclamar a mensagem evangélica”. Foi neste sentido, e com estes mesmos objectivos, que têm surgido na rede global novas apostas de comunicação. Em Portugal, existem já alguns exemplos desta vontade explícita da Igreja querer acompanhar este desenvolvimento tecnológico. Desde o início do mês de Fevereiro, a Paróquia de Bombarral disponibiliza o primeiro Podcast de origem católica em Portugal. Em formato de emissão de rádio, que se pode ouvir na própria página da Paróquia (www.paroquia-bombarral.org) ou descarregar no computador pessoal (o chamado Podcast), e sob o nome de «Global NetPress», é colocado todos os Domingos um novo programa, constituído por divulgação da canção de mensagem, informação, entrevista, opinião, e meditação da Palavra de cada Domingo, com a participação do pároco, o Cónego José Traquina. Recentemente, o sítio Paróquias de Portugal (www.paroquias.org) passou a disponibilizar, também em Podcast, a reflexão semanal do Pe. Vítor Gonçalves – «À Procura da Palavra». Em Dezembro, pelo Natal, e já este ano, na Semana Santa, a «Global NetPress», em emissão Web rádio, transmitiu em directo as celebrações da Paróquia de Bombarral. Novas rádios “Evangelizar através da música e promover a música católica” é o objectivo comum das duas rádios católicas portuguesas com emissão exclusiva na Internet. A XTO FM (http://xtofm.no.sapo.pt), criada pelo Pe. Jason Gouveia dos Açores, é uma dessas rádios que procura “promover a música católica contemporânea”. Com emissão em directo, 24 horas por dia, a XTO FM “já tem aprovação do Bispo de Angra”, disse à Agência ECCLESIA aquele sacerdote, e para além da música, “para futuro terá orações e outros conteúdos”. Na mesma linha, mas talvez com mais recursos humanos e maiores apoios, está a Net Rádio Católica (www.netradiocatolica.com) “uma Web rádio temática, a nível de conteúdos e de música católica”, explicou à Agência ECCLESIA, Carlos Marques, um dos responsáveis deste projecto, que conta com o apoio da Associação Kerigma e do Edicomail. Segundo Carlos Marques, da diocese de Setúbal, “a Internet é um meio que pode potenciar muito o anúncio do Evangelho”, e a ideia da criação de uma Web rádio surgiu “na altura da divulgação do Multifestival David, quando dois elementos da organização foram à Rádio para serem entrevistados num programa de actualidade religiosa, e nesse programa, entre as músicas transmitidas, não havia nenhuma música católica, nem religiosa”. Daí, o projecto foi pensado, começou a ser definido e recentemente tiveram início as emissões experimentais. No próximo dia 28 de Maio começam as emissões regulares. Quanto ao futuro, a Net Rádio Católica pretende, para além da “divulgação da música católica”, ter uma “produção diversificada com conteúdos”. Quanto às participações e colaboração, Carlos Marques refere que “a ideia está a contagiar outras pessoas e já temos mais algumas pessoas que estão a começar a colaborar connosco”, concluiu.