W, uma Letra, um Presidente

Não sendo fácil a realização de filmes biográficos, mais difícil se torna quando tal incide sobre alguém ainda vivo. E, pior, sendo a biografia do presidente dos Estados Unidos, pôr a mesma a circular ainda no decurso do mandato desse mesmo presidente. Oliver Stone, realizador experiente e com muita frequência dedicado a temas políticos, tinha já biografado John Kennedy e Richard Nixon, tomando agora como tema o problemático George W. Bush. Tendo em conta a actual impopularidade de Bush, o que sai na imprensa e outras formas de divulgação de notícias não lhe é favorável, de forma geral. Sendo assim, o público espera que, de forma sistemática, se siga o caminho de Michael Moore, que em sucessivos documentários arrasa a política da América, nomeadamente pondo em realce as gafes, contradições e falhas do actual presidente, tudo numa base satírica ou de crítica assanhada. Oliver Stone prefere um estilo bem diferente. Sem esconder nenhuma das vertentes negativas de W. – como o título do filme o designa – faz uma análise séria do seu percurso, mostrando como venceu muitas das limitações que o caracterizam e a oposição de seu pai, George Bush, ex-presidente, ao desenvolvimento de uma carreira política que parecia pouco promissora. A Bush filho há que reconhecer, no mínimo, uma teimosia sem limites, sem prejuízo dos resultados que devia apresentar e que se revelaram bem limitados em diversos aspectos. Oliver Stone tem um cuidado muito especial no retrato de algumas das figuras mais destacadas da política americana, com um convincente Josh Brolin, como W. Bush, mas sobretudo com figuras praticamente idênticas ao original, Dick Cheney, nas mãos de Richard Dreyfuss, e Condoleezza Rice, a cargo de Thandie Newton. Mas o mais importante é a imagem deixada da política da América mais recente, com críticas oportunas aos seus erros e sem deixar de pôr em relevo os passos positivos que também vão sendo dados de permeio.

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