Portugal volta a enviar mais voluntários missionários este Verão, para trabalhar em projectos de cooperação para o desenvolvimento, sobretudo em países lusófonos. Cerca de quatro centenas de voluntários portugueses partem para dez países diferentes, reforçando a dinâmica de voluntariado missionário no nosso país, com 50 entidades promotoras.
Segundo a Fundação Evangelização e Culturas (FEC), este ano são 381 voluntários, mais 99 do que em 2008, o que representa um aumento de 35%.
Ana Patrícia Fonseca, da FEC, explica ao Programa ECCLESIA que os voluntários são na sua grande maioria jovens estudantes universitários e recém-licenciados (56%), mas nos últimos anos tem vindo a aumentar o número de pessoas em idade activa que fazem este tipo de experiência nas férias ou tiram licenças sem vencimento (44%) e também reformados.
Segundo esta responsável, aqueles que partem "querem contribuir com alguma coisa que querem fazer, com conhecimentos, com tempo". Com recursos escassos em muitos dos países de destino, os voluntários são "mais-valias" para os projectos de desenvolvimento a decorrer no terreno.
As áreas de trabalho são quase sempre as mesmas: a saúde, a educação e a evangelização, que é a parte principal. As motivações, essas, estão na vontade de ajudar o outro e na fé de cada um.
Este ano, os voluntários partirão em missão para Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Brasil, Timor-Leste, República Centro-Africana, Taiwan e Tailândia. 70 repetem mesmo a experiência.
Moçambique, à semelhança dos anos anteriores, é o país para onde parte o maior número de voluntários (208), o que equivale a 55 por cento das partidas. A grande maioria dos voluntários (84%) irá participar em missões de curta duração (de 15 dias a seis meses) e os restantes irão ficar por mais de um ano.
Hugo Gonçalves, da paróquia de Famões, já esteve em quatro experiências missionárias em Nambuangongo, na Província do Bengo. Desde 2003 que a paróquia do Patriarcado de Lisboa e a de Angola se encontram geminadas, particularmente visível no projecto "Tuala Kumoxi" (Estamos juntos).
Da preparação de viagem aos apoios financeiros, todas as iniciativas se inserem numa "lógica de continuidade". "A nossa grande aposta é a evangelização, a pastoral dos Sacramentos", indica Hugo Gonçalves, lembrando casos de paróquias que não viam um Bispo há mais de 50 anos ou aldeias em que "as crianças nunca tinham visto uma pessoa branca".
"Além de toda a emoção que há, existe um sentido da missão da Igreja", assegura.
Tânia Sofia Lopes, por seu lado, prepara-se para partir pela primeira vez. A jovem voluntária parte com os Missionários da Consolata, rumo a Moçambique, por causa do "bichinho da Missão".
A aposta, neste caso, vai para a área da educação, com "explicações", e para o centro de saúde, aproveitando a experiência de alguns jovens nessa área.
Ana Patrícia Fonseca sublinha precisamente que "a ideia é o voluntário poder dar parte do seu conhecimento, com toda a estrutura que foi adquirindo ao longo dos anos", colocando-o num trabalho que "sabe fazer bem".
Outra nota é o facto destes voluntários se assumirem como "missionários", dando uma "dimensão espiritual e católica". No regresso, estas pessoas trazem um novo dinamismo.
Desde 2003 que a FEC reúne os dados que contribuem para as estatísticas desta realidade que se tem vindo a consolidar ao longo dos últimos 20 anos. Os voluntários são levados pelo desejo de partir, ao encontro de outros povos, outras culturas, e de apoiar o desenvolvimento de populações carentes a muitos níveis.
Neste momento, a Fundação promove a a campanha "Agir para Desenvolver – Projectos de Esperança", pretende apoiar dez projectos cujas acções responderão a necessidades locais específicas, diagnosticadas pelos voluntários e missionários que diariamente trabalham com as populações. As iniciativas, lançadas pela FEC, serão executadas em Angola, Moçambique, Timor-Leste e Portugal por dez organizações membros da Plataforma de Voluntariado Missionário.