Professor de EMRC junta alunos e antigos alunos em ações de voluntariado que ajudam a «esbater os muros de um colégio privado», a criar relação com o mundo e a ganhar competências para a vida

Lisboa, 05 dez 2025 (Ecclesia) – O professor de Educação Moral e Religiosa Católica, Paulo Vitória, disse que a sociedade está cheia de gestos de doação e que importa encontrá-los e multiplicá-los.
“Nós somos muito pessimistas porque não saímos de nossa casa. Quando nós vamos ao encontro do outro, em atividades de voluntariado ou outras, percebemos que, afinal, há tanta gente que quer o bem comum, há tanta gente que disponibiliza do seu tempo”, explica o professor à Agência ECCLESIA.
Docente num colégio privado na cidade de Lisboa, Paulo Vitória é assíduo voluntário em ações do Banco Alimentar Contra a Fome, participando com os seus alunos nas campanhas de recolha de alimentos.
“Eu peço que nunca fiquem só por este gesto. Que se envolvam com o tempo, que é isto que passamos na escola. Nós convidamos os nossos alunos, toda a comunidade escolar, professores, funcionários, pais, para que deem do seu tempo”, explica.
Assim aconteceu com Duarte Martins: antigo aluno do colégio e já inserido no mercado de trabalho, desde há nove anos que se junta ao professor de EMRC em ações de voluntariado.
“Quem faz voluntariado, independentemente da intenção com que o possa fazer ou da vontade, acaba sempre por ganhar algo para si, daquilo que vive, daquilo que sente. Por outro lado, com o trabalho que está a fazer, tem resultado e tem impacto. Neste caso, está a ajudar uma instituição que funcionava à base de voluntários a conseguir realizar a sua missão, que é extremamente importante e básica, que é a alimentação para as pessoas em Portugal”, reconhece.
As Nações Unidas instiotuiram o dia 4 de dezembro como o Dia Internacional do Voluntário.
Paulo Vitória entende a escola como o segundo lugar onde as crianças e os jovens desenvolvem competências de solidariedade.
“O primeiro deve ser as famílias. Hoje, nós costumamos dizer que a sociedade está muito egoísta. Portanto, se nós não queremos uma sociedade egoísta, tem que começar na família, ensinar os nossos filhos a olharem para o outro”, explica.

A disciplina de EMRC, enquanto espaço que “visa a felicidade integral da pessoa”, procura desenvolver ações de atenção ao outro, mesmo reconhecendo que um colégio privado pode ser uma “ilha”.
“Propor sair da ilha, propor olhar para o outro, deixar de olhar para o próprio umbigo, acho envolve gerações e convoca ao futuro. Um exemplo foi constatar o encontro geracional no armazém do Banco Alimentar onde jovens e pessoas mais velhas se juntaram para ajudar”, indica.
Duarte Martins reconhece que há um chamamento social, uma vez que participa com um grupo de amigos, mas indica também que a primeira experiência convoca à sua repetição porque pessoalmente vive-se “algo muito positivo”.
“Só está divorciado da sociedade praticamente quem quer e quem não aproveite estas oportunidades. Saindo pelo portão todos os dias, a pessoa olha e pode ver a realidade do outro lado, e por isso quem quiser e quem estiver atento consegue identificar oportunidades onde pode ajudar, ser relevante e desenvolver este traço também importante de solidariedade e de justiça pelos outros”, conta.
Duarte Martins fala em “competências sociais fundamentais” que se adquirem pela participação em projetos de voluntariado.
O Instituto Nacional de Estatística indica que mais de 2.1 milhões de pessoas estão em risco de pobreza em Portugal e 19% da população está em risco de exclusão social
“Estes números são resultado da sociedade em si. A participação cívica não tem de ser só a nível político; ela acontece também em pequenas ações. Acho que cada um pode contribuir à sua maneira para tentar minimizar este problema”, indica o jovem de 24 anos.
O testemunho do professor Paulo Vitória e do jovem Duarte Martins vai estar no centro do programa ECCLESIA, emitido sábado, na Antena 1, pelas 6h.
LS
