Voluntariado: Paula Costa diz que recebe mais do que se dá, falando em «coração cheio»

Jubileu dos Voluntários reúne cerca de 25 mil peregrinos, de mais de 100 países, no Vaticano

Lisboa, 07 mar 2025 (Ecclesia) – Paula Costa, da organização ‘Serve the City’, e Eugénio Fonseca, presidente da Confederação Portuguesa de Voluntariado (CPV) destacaram  a importância de doar tempo aos outros, na véspera do Jubileu dos Voluntários este sábado e domingo, no Vaticano.

“Quando se faz voluntariado há sempre duas dimensões, o altruísmo, mas também um certo egoísmo. Se é verdade que nós fazemos para os outros, o que damos não é maior do que o que recebemos. Damos, mas também recebemos. É muito bom fazer voluntariado, vem-se sempre de lá com o coração cheio”, disse Paula Costa, que começou a fazer voluntariado “num ano em que estava particularmente frágil”, quando a mãe morreu, esta sexta-feira, 7 de março, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O Vaticano informou que vai receber cerca de 25 mil peregrinos, provenientes de mais de 100 países, cerca de 15 mil são da Itália, no Jubileu do Mundo do Voluntariado, este sábado e domingo, dias 8 e 9 de março, em nota enviada à Agência ECLESIA.

“Deve estar no coração desta celebração que vai reunir, em Roma, milhares e milhares de pessoas, que no seu dia-a-dia encontram sempre algum tempo para além do tempo que estão a dar remunerado para poderem também subsistir. Temos que ter a atenção que isso é muito importante”, salientou Eugénio Fonseca, que fez um apelo ao voluntariado.

“Há esta circunstância muito especial da Paula, que foi pela ausência física de uma pessoa que muito amava, mas não podemos estar à espera destas circunstâncias, nem muito menos de ficarmos jubilados ou reformados para começar a fazer voluntariado; é bom que mesmo na chamada vida ativa que nos habituemos a doar algum do nosso tempo”, desenvolveu o presidente da direção da Confederação Portuguesa de Voluntariado.

A CVP tem neste momento 49 confederadas “que atingem diversas áreas de intervenção na sociedade”, a área social e a área da saúde são as que “mais acolhem esta prática da cidadania”, mas Eugénio Fonseca destaca a adesão a organizações no âmbito da ecologia, “à proteção da natureza, ao cuidado e proteção dos animais”, ao património, “na restauração, nos museus, permitindo até que alguns possam ter os museus mais tempo abertos”, para além do desenvolvimento comunitário, “no desenvolvimento local”.

A organização ‘Serve the City’ “atua em várias dimensões” para servir a cidade, Paula Costa está “mais envolvida” nos jantares comunitários, onde voluntários e convidados, “pessoas em situação de fragilidade, pessoas que vivem na rua, pessoas que vivem sozinhas”, sentam-se à mesa, de 15 em 15 dias, e quem distribuiu os convites são “as equipas que andam na rua”, como a Comunidade Vida e Paz, do Patriarcado de Lisboa.

“Há uma organização que nos serve o jantar, e nós estamos ali como amigos, não se sabe quem é voluntário, quem é convidado, temos uma fita de pintor com o nosso nome; temos sempre um briefing em que nos são dadas algumas indicações de temas, mas é uma conversa descontraída, aberta, como num jantar de amigos”, explicou.

A entrevistada é também voluntária na iniciava ‘Amizade em Linha’, que antes da pandemia Covid-19 se chamava ‘Minutos Solidários’, onde telefonam e visitam “pessoas em situação de fragilidade, que vivem sozinhas”: “Eu perfilhei uma senhora com 90 e tal anos, que vive sozinha; telefono quase todos os dias, vou lá de vez em quando”.

O Jubileu do Mundo do Voluntariado foi o ponto de partida para comentar também a Liturgia de Domingo, no Programa ECCLESIA transmitido hoje, na RTP2, onde o padre franciscano João Lourenço, especialista em Sagrada Escritura, ligou o tema jubilar da esperança às leituras dominicais.

PR/CB/OC

Foto: Vatican Media

A Missa do domingo, na Praça de São Pedro (09h30 hora de Lisboa), vai ser presidida pelo cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que vai ler a homilia preparada para o Papa – hospitalizado desde 14 de fevereiro.

Este sábado, os participantes neste grande evento do Ano Santo 2025 vão atravessar a Porta Santa da Basílica de São Pedro e podem receber o Sacramento da Reconciliação nas igrejas jubilares.

O programa prevê ainda os ‘Diálogos com a Cidade’, encontros culturais, artísticos e espirituais em várias praças de Roma.

O Jubileu, com raízes no ano sabático dos judeus, consiste num “perdão geral, uma indulgência aberta a todos, e na possibilidade de renovar a relação com Deus e o próximo”.

Esta indulgência implica obras penitenciais, incluindo peregrinações e visitas a igrejas.

O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro Ano Santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.

O atual Ano Santo começou com a abertura da Porta Santa, na Basílica de São Pedro, na vigília do último Natal; a 26 de dezembro, o Papa repetiu este gesto, numa prisão de Roma.

 

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