Voluntariado: Leigos para o Desenvolvimento abrem oportunidade de formação intensiva, com o objetivo preparar «jovens para partirem em missão» (c/video)

Marta Horta, gestora de projeto da ONGD católica, apresenta iniciativa, que trabalha conceitos de desenvolvimento e cidadania, bem como relações interpessoais e interculturalidade

Lisboa, 12 fev 2025 (Ecclesia) – Os Leigos para o Desenvolvimento (LD), Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) católica, iniciam na próxima semana uma formação intensiva, que segundo a gestora de projeto, vai preparar os “jovens para partirem em missão” para diversas geografias.

“A nossa formação normal começa no início de novembro e dura ao longo do ano todo, e é quinzenal, uma vez de 15 em 15 dias. No entanto, abrimos esta nova oportunidade para quem ainda quiser partir em missão no próximo mês de setembro ou outubro, de fazer esta formação, mas é este modelo intensivo”, afirmou Marta Horta, gestora de projeto na OGND, em declarações à Agência ECCLESIA.

O modelo de formação, que é apresentado hoje, a partir das 21h, no Centro Universitário Padre António Vieira), em Lisboa, vai realizar-se à sexta-feira e ao sábado, a começar na próxima semana.

Conceitos de desenvolvimento e cidadania, relações interpessoais, vivência em comunidade, interculturalidade são temas a abordar nesta formação, que conta também com uma vertente espiritual e testemunhos de outros missionários.

Marta Horta considera que é importante os jovens levarem não só “a esperança” para as diversas geografias, como também a “curiosidade de conhecerem a cultura e de viverem em proximidade com estas comunidades”.

“Uma das coisas que distingue também o trabalho da nossa organização é a forma próxima com que trabalhamos com as comunidades locais. Nós acreditamos que o desenvolvimento se faz de dentro para fora e não de fora para dentro”, destaca.

A gestora de projeto refere que a organização, ligada à Companhia de Jesus, tenta sempre que os projetos sejam levados a cabo com recursos locais, que são potenciados pelos voluntários, mas liderados pelos habitantes das comunidades locais.

Os Leigos para o Desenvolvimento trabalham na área do desenvolvimento comunitário, possuindo um projeto âncora, presente em todas as missões, que se caracteriza por ser um grupo comunitário, que faz parte de um bairro, de uma comunidade, em que tenta ajudar os atores relevantes daquela localidade.

Líderes de Igrejas, instituições de ensino e médicas, grupos informais, grupos de jovens, de teatro, são reunidos à volta de uma mesa, promovendo a “sua participação para a identificação e priorização de problemas e de necessidades”, indica Marta Horta.

“No fundo, não vamos resolver todos os problemas, mas tentamos passar as ferramentas que ajudem a comunidade a começar a agir mais em função, na procura de soluções para os seus problemas”, refere.

A responsável conta que um novo grupo comunitário está a iniciar-se em Moçambique, em Tete, no bairro periférico de Samora Machel, dando conta que a instabilidade política que se viveu em outubro, aquando da partida para o território, não permitiu a entrada dos missionárias da forma como gostariam.

“As coisas foram avançando de uma forma um bocadinho mais lenta, mas agora vai-se notando já alguma aparente estabilidade que vai permitindo que haja já a identificação de algumas entidades que farão parte deste grupo comunitário e estes voluntários podem já, de uma forma mais segura e livre, andar pelo bairro de Samora Machel”, explica.

Num mundo divido, em que limitam as relações entre países, Marta Horta sublinha a intenção dos LD de continuar a promover missões e saída de jovens voluntários para estes países, procurando que haja mais cooperação sul-sul.

“Estamos neste momento a criar uma rede de grupos comunitários lusófonos, que pretende pôr em contacto estes grupos comunitários com que trabalhamos nos países africanos em que estamos e também com os da rede de grupos comunitários aqui de Lisboa”, adianta Marta Horta, realçando importância de promover intercâmbio e troca de experiências.

Segundo a gestora de projeto da ONGD, o trabalho que os Leigos para o Desenvolvimento fazem é necessário e tem impacto, acima de tudo, porque tentam “promover a autonomização”.

“O nosso objetivo último é sempre sair dos bairros onde estamos, sair das comunidades onde estamos a trabalhar e entregar os projetos para que possam continuar a fazer a diferença nestes locais, mas já sem a nossa presença, já sem necessitarem deste trabalho voluntário”, frisa, numa entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).

A organização não-governamental para o desenvolvimento católica portuguesa Leigos para o Desenvolvimento trabalha há mais de 38 anos “em prol do desenvolvimento” em três países de expressão portuguesa – Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe – através de jovens voluntários, pelo período mínimo de um ano; já partiram em missão 500 voluntários.

LS/LJ/OC

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