Histórias na primeira pessoa de quem deu passos para integrar comunidades de Vida Consagrada
Lisboa, 15 set 2016 (Ecclesia) – O mês de setembro marca o arranque de um novo ano pastoral em muitas congregações religiosas, que acolhem por esta altura novas vocações, manifestando uma adesão ao carisma com a profissão de votos ou a tomada de hábito.
“O tempo de noviciado é quase uma certeza, mas este próximo ano de experiência serve para viverem na comunidade e aprofundarem a espiritualidade dominicana”, traduz à Agência ECCLESIA o mestre de noviços do Convento dos Dominicanos da Ordem dos Pregadores, o frei Filipe Rodrigues.
Aos 14 frades que residiam em Lisboa juntam-se oito noviços, um português e sete do Vicariato de Angola, para durante o ano viverem como irmãos e em comunidade.
A tomada de hábito, que decorreu no último dia 11, significa uma mudança externa mas “sobretudo, um apelo à simplicidade da Ordem”, traduz o responsável.
O frei Gustavo Pedroso, de 18 anos, assume ser chamado a “deixar antigos hábitos e a procurar novos hábitos dignos de um frade pregador”.
“É um pouco estranho quando se veste o hábito, em termos literais. Mas tem também um grande significado interior porque sou chamado a deixar o Gustavo velho, o de 18 anos. Agora é o frei Gustavo que procura mudar de hábitos, deixar aspetos do seu quotidiano que agora não devem fazer parte porque não são dignos de um frade pregador”, explica o jovem que há três anos se defrontava com a inquietação vocacional.
A vivência comunitária, o estudo e a defesa dos direitos humanos na Ordem dos Pregadores seduziram Gustavo Pedroso, que há vários anos considerava a vocação sacerdotal como a resposta às suas inquietações.
Com 45 anos Luís Mouta, licenciado em engenharia, decidiu mudar de vida e professar os primeiros votos na congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos).
“Eu tinha uma vida normalíssima. Tinha o meu trabalho, a minha casa, licenciei-me”, explica Luís Mouta, dando conta de um desejo com largos anos de ser missionário.
Para responder a uma persistente inquietação decidiu, através de um grupo, ajudar as pessoas sem-abrigo, em Matosinhos, ou fazer acompanhamento a idosos, mas essa entrega não chegava.
“ Ser voluntário, ajudar ou fazer companhia não era suficiente. Faltava-me uma maior ligação a Deus e a Cristo. Fui procurando, conversando com uma irmã que, ao fim de um tempo, já não sabia que respostas que me havia de dar. Até que me encaminhou para um sacerdote dehoniano e aqui cheguei há dois anos”, relata.
Luís Mouta fez a primeira profissão no passado dia 11 e defronta-se agora com uma nova rotina, para ser vivida em novos locais: “Quando temos uma vida feita, um caminho percorrido com rotinas e hábitos estabelecidos, e de repente tudo se altera, é como se começasse do zero. É um readaptar a novas rotinas”.
“Eu tinha uma vida livre, não tinha de dar justificações ou obrigações. Agora tenho de pedir a um superior se precisar de alguma coisa. Custou-me mais, mas ao fim de três anos já não custa tanto”, acrescenta.
A medalha com a imagem de São João Bosco gravada ao peito não larga Ricardo Mendes desde que já neste mês de setembro, de joelhos, professou os votos de pobreza, castidade e obediência, tornando-se irmão salesiano.
“A entrega da medalha, a partir deste momento é o símbolo que nos distingue. Não usamos hábito mas temos uma medalha que nos distingue. Acho que é importante marcar esta identificação porque acredito que a partir desse momento algo mudou”, traduz o jovem de 25 anos, que se prepara para regressar a Roma, ingressar na Universidade pontifícia Salesiana e prosseguir a sua formação.
Ricardo Mendes enaltece a comunidade a que agora pertence, sentindo-se irmão e em família, independentemente da geografia em que se encontre.
“Senti naquele momento que estava a dar a resposta certa ao que eram as minhas inquietações. Olhando para a minha vida senti que era ali que Deus queria que eu estivesse e era àquela família que Ele queria que eu pertencesse”.
Nos salesianos e em São João Bosco encontrou uma “proximidade às pessoas e ao mundo real”.
Os testemunhos vão estar em destaque no Programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública, entre os dias 20 e 22 de setembro, pelas 22h45.
SN/LS