A quadra natalícia na região de Guimarães começa a 16 de Dezembro, Dia da Senhora do Ó, com a novena em honra do Menino Jesus que é organizada e dinamizada por grupos de rapazes e raparigas. Actos preparatórios que terminam na noite de consoada com a missa da Meia Noite, mais conhecida como a Missa do Galo. Depois da celebração, as pessoas, com o melhor fato que tinham (fato de ver a Deus), ficavam no adro a conversar muito tempo. Há um século, a noite de Natal No Minho exigia vinho quente fervido com mel, passas de Alicante e canela, enquanto se ultimava a ceia. O bacalhau é rei à mesa da consoada, sempre acompanhado de polvo cozido, batatas e couves galegas. Outrora o bacalhau não chegava à serra por isso o prato tradicional daquela gente é o Peru ou então o melhor galo da capoeira. A refeição da noite de Natal congrega as famílias, que ainda fazem os seus doces à moda antiga: rabanadas, aletria, formigos e o bolo rei. O bacalhau já está de molho há quatro dias “que ele é alto e precisa de muitas mudas” – diz o povo minhoto, o polvo, as tronchudas e a couve-galega escolhidas na horta ficam à espera de mais umas noites de geada. É, sem dúvida, a Ceia de Natal “o mais solene banquete da família minhota” – di-lo já Ramalho Ortigão, no seu livro «Farpas». Uma festa de e em família que reúne na mesma mesa miúdos e graúdos para celebrarem o nascimento do menino. Não se levanta a mesa – para as “alminhas” e os “anjinhos” comerem de noite, se quiserem (e que lhes faça bom proveito) – assim rezam algumas das tradições mais familiares do Alto Minho. As lareiras das cozinhas patriarcais «recebem» a fogueira de Natal, que muitas vezes se prolonga até aos Reis. O grande reizeiro ou canhoto arde lentamente até se transformar “em cinzas que muitas vezes são guardadas para livrar das trovoadas de Inverno” – diz o adágio popular. Tradições que não diferem muito da aldeia para a cidade porque “não há família que tenha uma vivência cristã que deixe passar despercebida a quadra do Natal”. Na Serra de Arga a fogueira, as pinhas e os pinhões também fazem parte do ritual.