«Peregrinar não é ir fazer uma compra» – Isabel Martins
Viseu, 08 mai 2024 (Ecclesia) – O Secretariado da Mensagem de Fátima da Diocese de Viseu está a apoiar os peregrinos a vão para o santuário da Cova da Iria, os grupos que passam por este acolhimento, que encerra esta quarta-feira, “vêm a peregrinar”.
“Há grupos que vêm a caminhar, outros que vêm a peregrinar. Graças a Deus, os que vão passando por aqui vêm a peregrinar. Eu posso fazer uma caminhada, mas quando vamos fazer uma peregrinação é connosco: peregrinar não é ir fazer uma compra. Eu vou a pé porque vou pagar uma promessa, eu vou a pé porque quero que uma coisa me aconteça a mim, ou a um amigo meu”, disse a presidente do Secretariado da Mensagem de Fátima de Viseu, em entrevista à Agência ECCLESIA.
Isabel Martins, que já peregrinou duas vezes a pé ao Santuário de Fátima, uma com os jovens da Mensagem de Fátima de Viseu, recorda a celebração noturna, presidida pelo assistente diocesano, que “foi enriquecedor”, e na Cova da Iria “não é só chegar e vir embora”, passam na capelinha, passam “junto do Sagrado Coração de Jesus”.
“É uma emoção que eu não consigo descrever e eu não fui por promessa, mas é o encontro connosco e com o divino quando vamos a peregrinar. É o tu cá, tu lá com o divino. E quem vem a peregrinar tem esta noção de que tem um momento para si”, desenvolveu.
Os momentos de dor e de alguma frustração também passam com o apoio do grupo de peregrinos, porque “peregrinar em grupo, logicamente, dá força”, uma força que “é potenciada”, mas também as vivências, e “a alegria é partilhada e multiplica-se”.
A presidente do Secretariado da Mensagem de Fátima da Diocese de Viseu destacou mais duas dimensões da peregrinação, o silêncio, porque não vão sempre a conversar, nem a rezar, e cada peregrino tem “a sua interioridade”, e a ligação com a natureza.
“O silêncio é muito revelador. Muita gente pode pensar que não, mas no silêncio é que se dá muita transformação daquilo que nós precisamos até para o mundo”, realçou
Sobre a dimensão da natureza, uma ligação que o Papa Francisco refere na sua encíclica ‘Laudato Si’, documento ecológico e social (2015), Isabel Martins afirma que “é indescritível”, para além da preocupação ecológica.
“Por outro lado, passamos por locais que de outra forma, de carro ou de bicicleta, nunca iríamos ver. Por capelas, algumas fechadas, em que oramos cá fora, sabemos quem é que lá está: Jesus escondido, como diziam os pastorinhos, mas Ele está lá”, acrescentou.
A entrevistada, que já não faz peregrinações a pé ao Santuário de Fátima, sobre as dores e as dificuldades, que também sentiu, afirma que “tudo se supera”, por isso, percebe “bem” os peregrinos que estão a acolher no Seminário de Viseu, como “uma senhora que já foi à Urgência e chegou à conclusão que vai ter de desistir”.
“São muitos quilómetros, tiveram um azar de intempérie, e agora vem aí o sol, também não há de ser fácil. Portanto, estes limites de muito frio e muito calor, nunca é fácil”, acrescenta.
No Seminário Diocesano de Viseu, os grupos de peregrinos são acolhidos pelo Secretariado da Mensagem de Fátima da diocese que, em parceria com diversas instituições, proporcionam cuidados de higiene, de saúde (médicos e enfermagem), alimentação e apoio religioso; este espaço, que encerra hoje, abriu as portas na segunda-feira.
“Este ano em particular eles vêm num estado um bocadinho mais calamitoso, apanharam estes dias de intempérie, com muita chuva, e vêm um bocadinho mal”, assinalou Isabel Martins, partilhando que já tiveram que “reforçar” a quantidade de medicação, “para as massagens, e os pensos para as bolhas”.
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