Oito anos depois dos incêndios, D. António Luciano lembrou vítimas numa cerimónia que contou com a presença do presidente da República, em Vouzela

Viseu, 15 out 2025 (Ecclesia) – O bispo de Viseu recordou hoje as vítimas dos incêndios de 2017, assinalando a necessidade de prevenção para não se repetir a tragédia, na Eucaristia a que presidiu na igreja Matriz de Vouzela.
“Não queremos que volte a acontecer, por isso, hoje, estamos aqui com o sentido de alerta e prevenção para dizermos que nós podemos fazer mais. E se, porventura, as nossas forças e capacidades não chegarem para tanto, então o dinamismo da fé leva-nos a encontrarmos em Deus a força. Senhor, ajuda-nos”, afirmou D. António Luciano, na homilia.
Em 2017, os incêndios florestais provocaram a morte a 116 pessoas, entre as quais 66 em Pedrógão Grande, em junho, e as restantes 50 em outubro, na região centro do País.
Em Vouzela, os incêndios causaram oito vítimas mortais, seis residentes no concelho e duas pessoas que seguiam na A25, informa o gabinete de informação da Diocese de Viseu.
A celebração de ação de graças, memória e sufrágio pelas vítimas, fez parte de uma cerimónia evocativa, à qual se associou o presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.
“Estamos aqui convosco. Coragem e força”, disse D. António Luciano, dirigindo-se aos familiares presentes.
O bispo de Viseu destacou a esperança num futuro melhor, recordando “a resiliência, força de vontade, solidariedade, amizade, partilha e gratidão”, gestos essenciais que levaram à reconstrução do território afetado.
“A própria semente lançada à terra depois das cinzas nasce com mais pujança”, assinalou, acrescentando que “o povo português não se deixa vencer pelas batalhas nem pelo que seja negativo, mas sabe colocar esperança”.
Na homilia, D. António Luciano indicou que “a morte é a porta para vida, mesmo que nos custe entender este mistério”.
Partindo da leitura de São Paulo, o bispo diocesano recordou que “é o Espírito Santo que renova a vida e todas as coisas, que dá beleza e, ao mesmo tempo, o sentido, com a partilha da solidariedade, mas também no dinamismo da fé, que nos leva a confiar no Senhor”.
“Neste ano santo, tenhamos esperança de sermos capazes de responder como hoje àquilo que são as grandes tragédias. São estes atos que engrandecem a pessoa humana, enobrecem um povo e fazem história que nos orgulha”, disse, referindo-se ao Jubileu 2025 que a Igreja vive, com o tema “Peregrinos de Esperança”.
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, homenageou as vítimas com uma coroa de flores deixada no monumento evocativo, junto ao Instituto Missionário Marista, e expressou a “esperança de um futuro melhor”.
Oito anos de pois, o chefe de Estado referiu-se aos incêndios de 2017 como “um choque profundo”, salientando a solidariedade do povo português face ao sucedido.

“Os portugueses uniram-se em junho e em outubro, por todo o país e fora do país, porque os nossos emigrantes também contribuíram. Foi como se despertássemos para uma realidade que sabíamos que existia, porque já havia casos muito dolorosos mais antigos de incêndios, em 2005, mas nada comparado a 2017”, referiu.
A cerimónia foi organizada pela Câmara Municipal de Vouzela e contou com o apoio da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vouzela.
Estiveram presentes o Secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, na altura presidente da Câmara Municipal de Vouzela, o atual presidente do município, Carlos Oliveira, vários autarcas da região, de representantes da CIM Viseu Dão Lafões, o Comandante do Comando Territorial de Viseu da GNR, Adriano Resende, as corporações de Bombeiros, membros das irmandades das respetivas comunidades e demais autoridades e entidades locais.
LJ/OC