O Sínodo que estamos a viver na nossa Diocese convida-nos a estar unidos na Missão. Preparando-nos para a celebração próxima deste supremo Acontecimento – a “hora” de Jesus e o centro/cume da vida cristã – a Páscoa faz-nos o convite solene e envia-nos para esta Missão a viver, a construir e a celebrar nesta nossa Igreja de Viseu. À semelhança do que fez outrora na Galileia, a Igreja que Jesus fundou e da qual é único Mestre, também em cada diocese, é Escola e Fonte de Comunhão para a realização da Missão. Missão do Pai, confiada a Jesus e consumada na Páscoa. Nela e com Jesus, o Presbitério aprende, vive e ensina, anunciando e realizando o Reino de Deus, em cada tempo, em cada pessoa e em cada Comunidade.
O Sínodo convida a conhecer e a aplicar o programa e as lições desta Escola e a ser alunos assíduos para aprender com rectidão, viver com alegria e transmitir com fidelidade as lições fundamentais de Jesus, o Mestre. Ungidos pelo Senhor, somos convidados a viver a alegria que, como hoje disse o Papa em Roma, tem 3 irmãs que a defendem: a pobreza, a fidelidade e a obediência. Nesta Escola de Comunhão e unidos na Missão, partimos do que a todos nos une a Cristo, com toda a comunidade sacerdotal que é santa e consagrada a Cristo Senhor pelo Baptismo. Leigos, religiosos, outros consagrados, diáconos e sacerdotes, são a mesma Igreja, fundada no único baptismo, adorando o mesmo Senhor, professando a mesma fé e todos chamados a ser santos. Chamados nela e para o seu serviço, os membros do Presbitério são por ela enviados, como mediadores do E. Santo que o Pai nos dá, por Jesus Cristo, Seu Filho e nosso Senhor.
Por isso e para isto, somos ungidos e enviados, como nos dizem Isaías e Jesus no Evangelho. Somo-lo para anunciar a Boa Nova a todos os que a esperam e a procuram e para trazer à comunhão os que andam dispersos. Esta é a tarefa primária da Igreja, como diz o Papa Francisco, citando a Redemptoris Missio. Para todos fomos chamados; a todos somos enviados; para todos fomos ungidos e consagrados; a todos devemos proclamar as maravilhas do Senhor. Chamamento e unção, consagração e envio – marcas da nossa identidade que traduzem a vocação e a missão. Somos os «Sacerdotes do Senhor», a «linhagem que o Senhor abençoou», o Senhor que é «Alfa e Omega» – «Aquele que é, que era e que há-de vir, o Senhor do Universo». Anunciar a Boa Nova, curar os corações, proclamar a redenção, consolar e levar a alegria e a esperança – é a missão. Somos «Ministros do nosso Deus» para fazer crescer a Igreja que não acontece por proselitismo, mas por atracção, como dizia Bento XVI. Na imagem de Francisco, devemos ser evangelizadores com «cheiro de ovelha» (EG 24).
Nos momentos mais difíceis, em que as pessoas parecem andar dispersas, indiferentes ou deprimidas, somos chamados a ser pastores: próximos e capazes de mobilizar à esperança. Em momentos como o actual, a Igreja e os cristãos devem ser sal e luz e a Páscoa deve ser força de comunhão para a missão, farol e sentido para olhar e esperar mais além. Para que assim seja, nós, os sacerdotes, devemos ser guias próximos, referências credíveis e pastores zelosos, vivendo um “eis-me aqui, Senhor”, como oferta alegre, serena e feliz. Como sinais, as nossas Igrejas devem ser casas de portas abertas, termos na agenda programas com horas marcadas e termos no relógio, horas com tempo para todos.
Esta missão – que o Senhor nos confia e pede – começa «hoje», em cada «hoje», um hoje que é kairós diário e permanente. Hoje e kairós que, na nossa Igreja de Viseu, passam pelo Sínodo. É graça grande e importante de renovação e formação, na corresponsabilidade e valorização dos carismas, ao serviço das pessoas, no tempo e nas circunstâncias actuais.
Esta é a doutrina, inspirada pela Palavra de Deus e por este dia do Sacerdócio. É, também, a urgência da “hora” que precisa de cumprir a salvação de Jesus nas pessoas e nas comunidades que nos estão confiadas e às quais somos enviados. Somos enviados para lhes levar a saúde e a força da alegria e da consolação, significadas nos sacramentos e sacramentais, nas palavras e gestos, na presença e atenção que a bênção e consagração dos santos óleos traduz e significa.
Somos chamados ao serviço e importa vivê-lo na vontade e no esforço de comunhão entre todos nós, sacerdotes. Nesta hora difícil, para a Sociedade e para a Igreja, pede-se um esforço de comunhão mais estreita entre todos nós, Ministros ordenados no Povo de Deus. Reanimar o dom que está em nós – tornando-nos fonte de ânimo para cada um dos colegas, na oração, na proximidade e na atenção aos momentos difíceis – supõe viver a “íntima fraternidade sacramental” que nos pede o Vaticano II, no Decreto PO (8). Os desejos de formação, de renovação, de escuta de Jesus, de atenção às comunidades e a cada uma das pessoas que nos procuram ou que somos chamados a procurar, devem fazer parte do nosso projecto diário de vida.
5ª-feira Santa: Dia da Igreja, da Eucaristia, do amor, do Presbitério. Quero, neste dia tão especial, agradecer a todos e a cada um, caríssimos Padres, tudo o que fazeis no serviço generoso e dedicado, onde cada um dá o seu melhor na construção do Reino de Deus. Saúdo, com caridade sacerdotal e pastoral, o Pe. Adelino Ricardo, ordenado durante o ano que passou. Lembremos todos os irmãos sacerdotes que já faleceram e, particularmente, o Pe. Mário Marques Marcelino, o Pe. Manuel Ferreira Dinis, o Pe. Manuel Gonçalves Coimbra, o Padre Fernando Marques Dias e o Pe. João Rodrigues dos Santos. Partiram desde a última Páscoa. Paz e felicidade eterna para todos, na Casa do Pai. Rezemos por todos os que estão doentes, nomeadamente, o Pe. Agostinho de Sousa Fernandes que celebra os 50 anos de sacerdócio neste ano. Saudemos e felicitemos os irmãos que hoje celebram o ano jubilar da sua ordenação sacerdotal. São 6, para além do Pe. Agostinho. 75 anos: Pe. José Pereira Ribeiro dos Santos. 50 anos: Pe. António Lopes da Silva, Clareteano e Pe. Arménio Ferreira Lourenço. 25 anos: Pe. Ermelindo Cardoso Ramos, Pe. José António Marques de Almeida e Pe. José Marcelino Pereira. Parabéns! Parabéns e muito obrigado pelo vosso testemunho sacerdotal, na nossa Igreja de Viseu. De todos os sacerdotes e dos jubilados, de modo muito especial, lembremos os Pais e familiares, vivos ou defuntos e as Comunidades e outros Serviços eclesiais que servem ou serviram, como Pastores, na missão da Igreja. A todos, parabéns e muito obrigado, em nome do Senhor Jesus, em nome do nosso Presbitério e da nossa Diocese.
À nossa Igreja de Viseu e a todos os cristãos, sem excepção – leigos, religiosos e outros consagrados, diáconos e sacerdotes e a cada uma das Comunidades – quero dizer: obrigado. A Igreja de Viseu conta muito com todos e precisa muito de todos. Precisa da vossa disponibilidade, na abertura a Deus e à Sua graça, para continuardes a ser generosos, nas famílias e nas comunidades, para termos as famílias, os sacerdotes e os consagrados necessários. Sem comunidades vivas, participativas, atentas ao E. Santo e em formação permanente, não há ambiente favorável às vocações de serviço e de consagração.
Aos leigos e às comunidades, quero pedir que continueis a estimar os vossos Padres, a apoiá-los e a colaborar com eles. O padre é enviado para viver e caminhar convosco, sendo, no meio de vós e para vós, expressão e presença do Bom Pastor. Eles contam convosco e serão melhores sacerdotes com a vossa amizade, oração e colaboração.
Que o Sínodo Diocesano e o apelo à “comunhão na missão” seja, para todos nós, uma experiência forte de evangelização e de renovação espiritual, eclesial, cultural, social e pastoral. Sejamos Igreja que, nas suas diversas Comunidades, carismas e ministérios, escute, viva, celebre e anuncie a Palavra de Deus, ao serviço da comunhão e da renovação que o Senhor quer e as actuais circunstâncias precisam e reclamam.
Maria, Senhora do Sim e Senhora do Altar-Mor, Mãe de Jesus e Mãe dos Sacerdotes, protege-nos e intercede por nós! Jesus Cristo, Sacerdote e Bom Pastor, faz o nosso coração semelhante ao Teu! AMEN!
D. Ilídio Leandro, Bispo de Viseu
17 de Abril de 2014