Viseu: Diretora do Departamento dos Bens Culturais destaca importância de «valorizar o património e a imagem como forma de comunicação»

Sé de Viseu tem um presépio temporário, que está em construção, e destaca-se o presépio histórico em maquineta no museu

Foto: Diocese de Viseu

Viseu, 24 dez 2021 (Ecclesia) – A diretora do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu afirma que a Igreja “tem de voltar a valorizar o seu património e a imagem como forma de comunicação”, aproveitando por exemplo os presépios no Natal.

“É curioso que o património da Igreja, que muitas vezes era apelidado da Bíblia dos pobres, era uma forma de comunicação com pessoas que não sabiam ler nem escrever, depois inverte-se completamente com a diminuição do analfabetismo”, explicou Fátima Eusébio, em declarações à Agência ECCLESIA.

Segundo a diretora do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu hoje existe uma “situação diferente” porque as pessoas “têm dificuldade em interpretar esse património e perceber a imagem que está subjacente”, quando, antigamente, sabiam interpretar aquilo que estavam a ver “em termos de património da Igreja”.

“Devemos de trabalhar nessa perspetiva, explicar o que significam os espaços das nossas igrejas, todo o património no seu interior, para perceberem que não é meramente decorativo ou estético mas fala de Deus, aproxima as pessoas de Deus e Deus das pessoas.”

Na quadra do Natal, os fiéis e visitantes podem ver um presépio na Sé visiense que está em construção ao longo deste tempo, e Fátima Eusébio assinala que “nunca” começam com as figuras de São José e de Nossa Senhora dentro da gruta, da cabana ou estábulo.

O presépio foi iniciado com a anunciação, “com o anjo, o Espírito Santo e Nossa Senhora no interior da sua casa”, no último fim de semana São José apareceu dentro da casa, e, neste dia 24, convertem a casa num estábulo.

“O burrinho e vaquinha vão para o seu interior e temos o nascimento de Jesus e a colocação do menino. E em janeiro incorporamos as figuras dos Reis Magos”, acrescentou.

A diretora do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu revela também que, normalmente, colocam “placas com umas frases simbólicas” sobre o que significam os trabalhadores, os pastores, sobre o ‘sim’ de Maria, já com São José apareceu “uma sinalética alusiva à aceitação de ser o pai adotivo de Jesus”.

“Procuramos que dessa forma haja uma leitura do presépio e do seu significado. É muito importante esta comunicação daquilo que é o simbolismo de cada um dos elementos. Tudo tem de ter uma leitura e um simbolismo que nos ajude nesta caminhada de aproximação a Deus e de viver esta quadra do Advento e do Natal”, desenvolveu a entrevistada.

Noutro local da Sé, no Tesouro da Catedral de Viseu – Museu de Arte Sacra, existe um presépio em maquineta com um “valor artístico” completamente diferente, dos finais do século XVIII, inícios do XIX “na linha dos presépios criados pelo Machado de Castro”, com figuras em barro cozido e policromado, tecido, algodão, papel, flores secas, em talha dourada e policromada, vidro e metal.

“Representa o nascimento de Cristo no meio do quotidiano da humanidade. Temos uma construção de cenários que nos remetem para várias atividades desde o caçador, o moleiro com o moinho, o pastor com as suas ovelhas, cenas de diversão”, salientou.

Em simultâneo, acrescenta Fátima Eusébio, o presépio em maquineta incorpora a vinda dos Reis Magos, “acompanhados por um séquito, até de um elefante, músicos à frente”, uma chegada em “pompa e circunstância junto do menino”.

A diretora do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu realça também que o presépio já retrata “o sacrifício dos inocentes, com o Rei Herodes numa varanda”, e, lateralmente, a fuga da Sagrada Família para o Egito.

A responsável católica assinala que nas paróquias da diocese constroem-se “presépios muitíssimo criativos” e existem também “iniciativas muitíssimo interessantes”, muitas vezes promovidas pelos municípios, como o de Viseu, que tem uma “rota dos presépios”.

“Para nós Igreja é importante apoiarmos estas iniciativas e darmos valor àquilo que é o símbolo máximo do Natal que é a presença do presépio”, referiu Fátima Eusébio.

CB

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Agência ECCLESIA

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