Secretariado Diocesano de Educação Cristã está a percorrer o território, procurando criar comunidades mais «dinâmicas»
Viseu, 23 out 2020 (Ecclesia) – O Secretariado de Educação Cristã da Diocese de Viseu está a ir ao encontro dos catequistas de todo o território para impulsionar o regresso da catequese presencial, tranquilizar os formadores e propor subsídios que ajudem na formação catequética.
“Há muitos agentes pastorais, párocos, catequistas que têm dificuldade e muitas dúvidas, muitas perguntas, sobre como fazer catequese em tempo de pandemia. E recebíamos muitas solicitações. Achámos por bem correr a diocese e ir ao encontro das dúvidas e anseios mas também ir ao encontro de uma vontade muito forte que eles têm de iniciar esta ação catequética”, explica à Agência ECCLESIA Abel Tavares Dias, diretor do Secretariado de Educação Cristã da Diocese de Viseu.
Foram constituídas cinco equipas que estão a visitar todo o território, levando “indicações gerais da catequese em tempos de pandemia do secretariado nacional”, são abordados os “desafios traçados pelo Diretório para a catequese, que saiu há alguns meses”, é proposto um “novo curso de catequistas” e, se abre espaço para “sugestões e partilha de dificuldades”.
Davide Costa, professor de Educação Moral e Religiosa Católica, é uma das 25 pessoas que integram as equipas e valoriza o encontro e a aproximação que provoca “interligação” e comunidades dinâmicas.
Enquanto professor está com “os mesmos jovens na escola que frequentam a paróquia” e entende que a entreajuda e aproximação só beneficia a formação e evangelização.
“Eles sentirem que há uma interligação, que isto não aparece por acaso, é a mesma comunidade e que não há espaço de rutura – agora escola, agora é a fé – penso que cria uma aproximação muito boa”, valoriza.
Abel Tavares Dias reconhece que perante o futuro desconhecido, que pode levar ao confinamento e à necessidade de a catequese voltar a ser à distância, têm intenção de realizar todas as visitas até meio do mês de novembro.
“Perante o medo a reação mais comum às vezes é ficarmos parados. Não devemos fazer isso. Ser responsáveis, tentar cumprir as regras, mas temos de ser criativos, tentar arranjar outras formas e meios e ficarmos paralisarmos pelo medo, é a pior coisa que nos pode acontecer”, indica.
Davide Costa dá conta da vontade que colhe nos encontros do regresso à catequese presencial mas, ao mesmo tempo, a preocupação dos catequistas em ter ferramentas que os auxiliem se tiverem de voltar à formação à distância.
“Preparamos um conjunto de páginas, sites, links para poderem ir buscar recursos, materiais e orações, textos, imagens e uma panóplia tão grande de coisas que tentamos ser específicos: fazer uma resenha para cada uma das realidades e isso foi algo que valorizaram muito”, indica.
O responsável do secretariado manifesta a preocupação de acolherem e operacionalizarem as propostas que o novo diretório para a catequese, apresentado em junho, propõe.
A catequese ultimamente, em Portugal e na minha diocese, que é a realidade que eu melhor conheço, tem andado ao ritmo dos sacramentos, e o diretório vem-nos lançar o desafio de não colocar a catequese ao serviço dos sacramentos mas sobretudo do serviço de uma experiencia com o próprio Cristo, individual e pessoal. Outro desafio que devemos acolher com esperança, e numa reflexão própria, a catequese tem um ritmo muito escolar: há um manual, um catecismo, um espaço fechado a imitar a escola. Por um lado é bom porque os conteúdos são apresentados de forma sistemática mas ficam muito académicos”.
“Acho que temos de libertar a catequese desta escolarização e torná-la mais uma experiência individual, diferente, de cada um dos miúdos que temos pela frente. Temos de atender mais à realidade, à vida familiar e proporcionar uma experiência com Cristo que dá sentido à vida deles”, acrescenta.
Davide Costa fala de uma mudança de mentalidade que é necessário operar também entre catequistas que se preocupam com “a realização ou não das festas no final de cada etapa”.
“Não é fácil porque há uma tradição muito grande da festa, mas fomos levando algumas dicas e foi o que nos pediam mais ideias e formação. E as dicas passaram por ir para a rua, para a aldeia. Se quando falamos de amor pensamos em ajudar a velhinha a atravessar a rua, na aldeia a velhinha é a Dona Maria, que vive sozinha e que com a chegada do inverno tem de ir buscar a lenha ao barracão e precisa de a pôr na cozinha. Vão lá todos um dia, e cada um leva uma cavaca, e fica para a semana. A proposta é viver o amor concreto, no espeço e com pessoas concretas”, exemplifica.
Abel Tavares Dias sublinha a importância de uma “catequese em saída”, “não ficar à espera dos pais que trazem os filhos, ou dos filhos que já não chegam com os pais”: “Está tudo a mudar e há grandes desafios pela frente que devemos encarar com alguma responsabilidade e esperança”.
LS