Viseu: Carta Pastoral para 2011-12

D. Ilídio Leandro

Carta Pastoral 2011-2012

 

Estimados Padres, Religiosos,
Consagrados em geral e Leigos 

Vamos ajudando-nos e entusiasmando-nos a caminhar juntos, como Igreja e Povo de Deus, “Em Comunhão para a Missão”!…

Vivemos o primeiro ano, preparando o Sínodo, procurando fazer caminho em experiência sinodal. Queremos que este Sínodo seja uma ajuda concreta para renovarmos a nossa Igreja diocesana, assumindo viver em Comunhão para realizarmos a Missão que, nesta hora, nos é confiada. Neste primeiro ano – e tendo em conta as linhas fundamentais do Concílio Ecuménico Vaticano II que, 50 anos depois, inspira a nossa ação – estudámos a Constituição dogmática Lumen Gentium, sob o lema: ”Para uma Igreja Comunhão, da Lumen Gentium aos nossos dias”. A partir de uma reflexão preparada por uma Equipa, o Secretariado-Geral orientou todo o trabalho que foi já conseguindo criar grupos em 126 paróquias.

Depois da experiência vivida neste primeiro ano, devemos dar graças a Deus pelo trabalho realizado e pela motivação e entusiasmo de tantos – Padres, Religiosos, outros Consagrados e Leigos. Sabemos que muito mais há a fazer e, sobretudo, todos somos chamados a fazer muitíssimo melhor. Porém, como é bom reconhecer o bem e o muito que já se fez!…

Neste momento, terminado o primeiro ano e já a pensar no próximo, quero refletir, com os meus caríssimos Irmãos Padres e com todos os Cristãos da Diocese, alguns pontos que considero muito importantes. Proponho que estes pontos sejam o programa e conteúdo da Assembleia do Clero, a ter lugar no próximo dia 5 de Outubro e para a qual convido, pessoalmente, cada Sacerdote. Também sugiro que seja a base para a agenda da próxima reunião do Conselho Pastoral Diocesano.

 

1. Presbitério

Os seus membros “estão unidos entre si numa íntima fraternidade sacramental”, diz-nos o Concílio, no decreto Presbyterorum Ordinis, nº 8. Cada Sacerdote não existe sozinho nem para si próprio e “nenhum pode realizar suficientemente a sua missão isoladamente” (PO 7). Cada um existe e exerce o ministério enquanto membro de um Presbitério e para a Igreja, dado que “cada membro do colégio presbiteral está unido aos outros por laços especiais de caridade apostólica, de ministério e de fraternidade” (PO 8). A palavra que melhor pode traduzir a relação que deve existir, crescer e melhorar entre todos nós – a partir da Lumen Gentium, como o Documento que reflete a natureza da Igreja – é a palavra «comunhão».

– Como está esta comunhão entre nós – bispo com os padres e vice-versa e uns com os outros? Como melhorar e promover uma mais forte e perfeita comunhão?

Esta comunhão de que fala o Concílio deve ser verdadeira, visível e concretizada em gestos, atitudes e sinais claros. A amizade, a lealdade, a proximidade e a oração, bem como os encontros para estudar, refletir e partilhar vida, preocupações, projetos e experiências são modos e formas de realizar e tornar visível e concreta a comunhão entre todos nós. A vontade e a capacidade de nos aceitarmos e ajudarmos todos, independentemente da idade e de todas as outras diferenças, são esforços a viver e a fazer crescer diariamente.

– Como se têm vivido, na Diocese, estes importantes valores e como podemos ajudar a pô-los, mais e mais, como objetivos e práticas de todos? Qual a ajuda específica que pode vir de cada elemento do Presbitério?

Temos diversas estruturas que são chamadas a ajudar a construir esta comunhão: Presbitério, Zona Pastoral, Arciprestado. Uma das principais tarefas do Arcipreste (de acordo com o Direito Canónico, cân. 555) é, fundamentalmente, a atenção aos Padres. As reuniões arciprestais – talvez com nova organização dos Arciprestados – continuam a ser insubstituíveis e indispensáveis para a vida e a missão dos sacerdotes e a organização pastoral. Temos organismos que devem ajudar nos diversos âmbitos: Secretariado Diocesano do Clero, Fundo Diocesano do Clero, Fraternidade Sacerdotal. Talvez possa estudar-se uma mais perfeita comunhão entre eles. Temos oportunidades e encontros, já consagrados, para criar a conveniente e necessária relação e comunhão entre todos. Ainda que com objetivos específicos, todos são igualmente necessários: Quinta-feira Santa, Retiro Espiritual, Formação Permanente. Temos, também, os Encontros de Advento e de Quaresma…

– Como são aproveitados todos estes meios, como reestruturá-los e como valorizá-los mais? Que outros possíveis organismos e/ou outras oportunidades de diversos encontros podem instituir-se?

 

2. Sínodo Diocesano

Este é um Projeto que constitui o grande desafio para a nossa Diocese para os próximos anos e para todo o seu próximo futuro. Projeto de fazermos da nossa Igreja uma Casa e uma Escola de Comunhão, cumprindo o desejo de S. Paulo: «Como recebestes o Senhor Jesus Cristo, vivei nele, enraizados e edificados nele, inabaláveis na fé em que fostes instruídos, com o coração a transbordar de gratidão!». Foi este o desafio que Bento XVI fez aos jovens e a todos os cristãos, nesta experiência mundial de festa da juventude que foi a JMJ2011, realizada em Madrid.

Sim, é enraizados e revestidos em Cristo, pelo Batismo e é edificados e alimentados n’Ele, pela Eucaristia que, todos unidos, faremos com que cada Comunidade se torne espaço, casa e escola de acolhimento a todos, para vivermos a comunhão com todos, anunciando a Boa Nova e construindo o Reino de Deus. Cristo é a “pedra angular” do edifício que todos somos chamados a edificar, firmes na fé e disponíveis para a missão.

Procurando inspirar-nos no Concílio e lendo as linhas fundamentais dos seus grandes documentos – estruturantes da vida e da missão da Igreja – nós queremos renovar e reestruturar a nossa Diocese, tornando-a capaz de realizar a vontade de Deus, nos tempos e nas circunstâncias atuais. Inspirando-nos aí, mas lendo as diretrizes da Igreja ao longo destes quase 50 anos, concretamente a sua Mensagem social, deveremos ser ousados e criativos no apontar metas e no propor desafios. Os tempos são difíceis – é um mundo novo que surge, com características e marcas ainda não identificadas e menos ainda assumidas, a questionar a verdade e a ética nos âmbitos mais diversos e fundamentais: familiar, cultural, social, político, económico e religioso. A capacidade de, como cristãos, entendermos estas mudanças e sermos, nelas e apesar delas, agentes de reflexão, de formação, de diálogo e de crítica construtiva para operar a necessária transformação – originando um mundo novo enraizado na fé – é muito difícil na hora atual.

Precisamos de apostar fortemente numa formação – séria, profunda, alargada e estruturada – que não fique nas generalidades da fé, da doutrina e das práticas, mas que seja luz para, não só interpretar mas intervir e agir no mundo, nos mais diversos âmbitos da vida social e cultural. A família e a escola são espaços decisivos e estruturantes, onde os cristãos devem estar e atuar. Mas os direitos humanos fundamentais, a justiça social, a paz, o uso e a distribuição dos bens (…), numa palavra, a realização do Reino de Deus é obra dos cristãos leigos e é urgente que aí intervenham com lucidez, criatividade, ousadia e muita determinação.

O Sínodo é a convocatória de todos – bispo, padres, religiosos, outros consagrados e leigos – e é o kairós de Deus para chamar a todos a conhecer a realidade, a estudá-la à luz da Palavra de Deus e dos sinais dos tempos, a fazer propostas, a estabelecer planos e estratégias de ação e a sugerir caminhos de missão. São alguns milhares as pessoas que se reuniram para estudar o opúsculo “Para uma Igreja Comunhão”. Precisamos que sejam muitas mais a dar o seu contributo para que a Palavra de Deus se torne ação e missão, inspiradas pela Dei Verbum e pela Gaudium et Spes – base do conteúdo dos trabalhos para este próximo Ano Pastoral 2011-2012.

Ninguém deve ficar parado, indiferente ou a assistir passivamente ao desenvolvimento deste Projeto. Muito mais dispensamos os que só fazem crítica negativa, não dando qualquer contributo à sua melhoria e realização. Cabe aos Sacerdotes, aos Religiosos, aos Leigos cristãos – membros dos Grupos de Corresponsabilidade – serem os primeiros agentes, os naturais animadores e motivadores para o entusiasmo e compromisso, alegre e generoso de todos. Passa pelo Sínodo a nossa participação ativa e qualificada no “Repensar juntos a Pastoral da Igreja em Portugal” – iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa para todas as dioceses do país. Passa pelo nosso Sínodo o caminho da Nova Evangelização, essencial para recomeçarmos a partir de Cristo e, com propostas de Iniciação Cristã e outros meios, fazermos um novo anúncio do Evangelho. Assim, daremos um bom contributo para que a realização do Reino de Deus e a implementação dos seus valores seja o “hoje” da missão da Igreja.

 

3. Grupos Sinodais

Quem são as pessoas que constituem os cerca de 500 grupos que foram formados no 1º ano do projeto sinodal e deram já o seu alegre e entusiasmado contributo?

São, certamente, cristãos das comunidades e pessoas de boa vontade que, com abertura aos apelos feitos, sentiram ser esta uma hora propícia para a participação e, com o sentido de corresponsabilidade, responderam “sim” ao interessante desafio.

Importa dizer que todos são chamados a participar. Tem-se perguntado – como? Quais os critérios para haver um grupo sinodal e qual o seu perfil? Vou apresentar 4 critérios fundamentais, partindo e supondo sempre, como adquiridas, a liberdade e a vontade da pessoa concreta e sem quaisquer outros condicionalismos que impeçam ou dificultem. Assim, os critérios aqui apontados têm a ver com a constituição, organização e funcionamento de cada grupo:

a) Cada grupo deverá ter entre 5 e 15 pessoas. Menos ou mais do que estes máximos condiciona bastante e empobrece o diálogo e a participação de todos e de cada um dos seus elementos. Um grupo com mais de 15 elementos deverá subdividir-se em 2 ou mais, consoante o número.

b) Fundamentalmente – onde, se e quando possível – cada grupo de trabalho deverá ser o grupo-base que constitui o grupo eleitoral para a constituição do Conselho Pastoral Paroquial. Porquê? Porque é um setor da pastoral da paróquia com afinidade, organização, programação e formação próprias. Exemplos: evangelização (catequistas, grupos bíblicos, grupos de lectio divina, etc.); liturgia (ministros extraordinários da comunhão, grupos corais, acólitos, leitores, organistas, salmistas, etc.); ação social (centro social – direção e funcionários, visitadores de doentes, grupo Cáritas, Conferência de S. Vicente de Paulo ou outro, etc.); movimentos (ação católica, CNE, apostolado da oração, mensagem de Fátima, etc.); jovens (grupo paroquial, membros de Movimentos de jovens e outros); Conselho Paroquial para os assuntos económicos, com as Comissões de Culto das aldeias e, possivelmente, as mordomias…

– Tendo em conta as paróquias com várias aldeias, pode facilitar que esta metodologia funcione em cada uma delas, facilitando a proximidade. Sendo uma aldeia (ou paróquia) pequena, pode(m) formar-se somente o(s) grupo(s), tendo em conta o número das pessoas e não os setores pastorais.

– O Conselho Pastoral Paroquial não é um grupo de base mas é o grupo coordenador da pastoral de toda a Comunidade paroquial, formado com representantes de todos os grupos de base existentes. Se, porém, não é possível organizar outro tipo de grupos, é preferível trabalhar com o Conselho Pastoral a não trabalhar.

c) Cada grupo deverá reunir periodicamente – mais frequentemente por causa do Sínodo – para se preparar em ordem às atividades principais que assume na paróquia. As reuniões habituais (15 em 15 dias, por exemplo) devem ter algum tempo de reflexão e de formação cristã e específica, tendo em conta as suas responsabilidades na Igreja e na paróquia. Durante o Sínodo, será bom que este tempo de formação se prolongue pelo mínimo de 60 minutos. Haverá 1 Animador que, tanto quanto possível, deverá ser o Animador habitual do grupo de trabalho pastoral e paroquial, sem prejuízo de poder ser outro.

d) O Sínodo convoca a todos e será bom ouvir outras pessoas, nos mais diversos temas, mesmo as que têm pouca ou nenhuma relação com a Igreja e Comunidade, concretamente aquelas pessoas que se classificam de “não-praticantes”. Pode acontecer que, em cada paróquia, e eventualmente (pode não ser possível uma continuidade regular) haja um grupo assim constituído.

Notas

  1. Seria bom – e onde fosse possível deveria ser o normal – que o Conselho Pastoral Paroquial fizesse a síntese dos trabalhos de todos os grupos da paróquia e, depois, a síntese paroquial fosse apresentada e refletida na Assembleia Arciprestal. Esta faria a síntese e, através dos membros do Conselho Pastoral Diocesano, enviá-la-iam para o Secretariado-geral do Sínodo. As mesmas sínteses, vindas dos Arciprestados, seriam partilhadas e estudadas no Conselho Pastoral Diocesano.  
  2. Nunca se devem considerar fechados os grupos de trabalho. Em qualquer altura dos próximos 4 anos devem poder criar-se novos grupos para as pessoas interessadas que chegam nas diferentes “horas” do trabalho. Em qualquer mês e ano podem integrar-se, nos grupos existentes, as pessoas que se sentirem chamadas e que adiram ao Projeto sinodal que, como é próprio da atitude e do procedimento pastoral da Igreja, está sempre aberto ao acolhimento e integração de novos membros.

 

4. 2011-2012 – Em Comunhão para a Missão: da Palavra à Ação

O próximo ano terá em conta 2 Documentos importantes das 4 Constituições Conciliares que nos propusemos estudar, como base programática e de conteúdo para o nosso Sínodo. São eles a Dei Verbum – que tem por tema a Revelação Divina e fundamentalmente a Palavra de Deus – e a Gaudium et Spes, documento que estabelece os critérios e dá as linhas essenciais para a relação entre a Igreja e a Sociedade, nos diversos âmbitos da vida humana.

Começaremos pela Dei Verbum, a Palavra de Deus, lida, refletida, interpretada e concretizada por tantos outros documentos importantes, que tem na Exortação Pastoral do último Sínodo – Verbum Domini – uma referência imprescindível. Terá como tempo central de reflexão o próximo Advento. Porém, será bom que se comece a ler e a estudar no início do mês de outubro, podendo fazer-se as reuniões de síntese – Conselho Pastoral Paroquial, Assembleia Arciprestal e Conselho Pastoral Diocesano – durante o mês de janeiro de 2012. O guião para o estudo da Dei Verbum ajudará, sem prejuízo de se usarem outras referências, nomeadamente e em primeiro lugar, os próprios documentos (Dei Verbum, Verbum Domini, etc.).

Iremos, de seguida, ao estudo da Gaudium et Spes. Está previsto que se faça no período Quaresma-Páscoa de 2012. Serão os meses de março, abril e maio. O mês de junho será para as reuniões de síntese – Conselho Pastoral, Assembleia Arciprestal e Conselho Pastoral Diocesano

“Da Palavra à Ação” – diz-nos o Plano Pastoral para este segundo ano do Sínodo, acrescentando-se ao lema geral, básico e comum para todo o Projeto sinodal – “Da Comunhão para a Missão”. Na verdade, à semelhança da missão dos Apóstolos que Jesus enviou 2 a 2, com o mandato de concretizarem a Palavra, anunciando o Reino de Deus, também a Gaudium et Spes nos pede que vamos aos problemas e setores concretos da vida das pessoas e da sociedade. Percorrendo o índice da Gaudium et Spes, somos alertados para a importância e a atualidade dos temas que desenvolve. Depois de uma Introdução sobre a Condição do homem no mundo atual, trata os seguintes 9 capítulos: A dignidade da pessoa humana; A comunidade humana; A atividade humana no mundo; A função da Igreja no Mundo atual; A promoção da dignidade do matrimónio e da família; A conveniente promoção do progresso cultural; A vida económico-social; A vida da comunidade política; A promoção da paz e a comunidade internacional.

O Reino de Deus passa, certamente, pela pessoa e pela comunidade humana, nos seus diversos âmbitos e setores. A urgência destes temas é pedida pelas diversas crises atuais nos diversos setores da vida humana (algumas destas crises são muito fraturantes). Desde o respeito pela dignidade da vida humana, os valores no matrimónio e na família, a promoção e defesa da solidariedade e da justiça social nas relações humanas, as consequências da globalização, a nobreza da vocação e da missão política e de serviço ao bem comum, a organização da vida económica e a distribuição dos bens… Todos estes são temas para os quais a Igreja deve olhar com a sua vocação materna, acrescentando a mais valia que lhe é específica: anúncio de Jesus Cristo e da Sua Palavra, procurando realizar a missão libertadora e evangelizadora que constituem os fundamentos para a sua identidade, a sua vocação e a sua missão.

Tudo isto a Igreja é chamada a viver na realização atenta e crítica aos sinais dos tempos e às circunstâncias atuais e concretas para a realização da sua missão. Esta passa pelo anúncio e pela denúncia, sempre de acordo com o bem integral das pessoas, nunca se apresentando como solução alternativa ou nova via, mas inspirando-se e iluminando a sua ação com os critérios que procedem da verdade, do bem, da retidão e da justiça, numa atenção fiel à vontade de Deus que quer a implementação do Seu Reino para a salvação de todos.

A inspiração na Gaudium et Spes pode ajudar-nos a sentir a necessidade e a conveniência de criarmos um Departamento que tenha em atenção o estudo da Doutrina Social da Igreja, com a preparação de Leigos para os diversos ministérios e serviços da vida e ação concreta nesta Igreja Particular que é a nossa Diocese de Viseu. A Comunicação Social na Diocese; a Ação Social Cristã, com maior atenção a idosos e doentes, a casais e famílias em situações difíceis, aos desempregados e aos jovens; o Património religioso e a sua recuperação, conservação, classificação e valorização; a gestão e a administração dos bens da Comunidade; a promoção da cultura e a ocupação dos tempos livres ao serviço dos valores e da formação integral, etc., são alguns destes serviços que devem criar-se ou melhorar-se, de imediato, na nossa Igreja.   

 

5. Na/da Palavra à Ação

Este item da Carta Pastoral pretende chamar a atenção para 2 pontos importantes: a necessidade da formação para a qualificação da vida e da ação dos cristãos e a necessidade da passagem à ação para que todos se sintam empenhados na realização e concretização do Projeto de Deus na instauração do Seu Reino. Exige estarmos enraizados e edificados “Na Palavra” para aprofundarmos a formação e partirmos da Sua força. Supõe que “Da Palavra” partamos para a ação, para que a vida seja consequente e transformada pela Sua força. A Sociedade atual enfrenta mudanças rápidas e ruturas profundas nas instituições mais fundamentais à pessoa, à família e à vida em geral; é marcada por alterações radicais e estruturantes e por crises de valores que se julgavam perenes e consistentes; passa por uma perda do sentido da vida e por uma desvalorização de culturas e de tradições que davam segurança e estabilidade às pessoas; vive experiências de laicismo e de relativismo que põem em questão a própria fé e a própria esperança dos crentes…

Face a tudo isto, torna-se decisivo preparar os cristãos atuais e as futuras gerações para viverem os valores da Boa Nova de Jesus com alegria e convicção e para saberem dar razões da sua fé e da sua esperança, sem medo nem hesitações, a todos os seus contemporâneos. Precisamos de passar das palavras à vida e à ação, sendo testemunhas felizes dos valores em que acreditamos. Para que se torne possível uma renovação coerente e sustentada da nossa Igreja diocesana, precisamos de exercitar algumas práticas e de ter em conta algumas estratégias. Assim, apenas como sugestões a equacionar e para que toda a nossa ação tenha a coerência que nos vem da vivência da Palavra:

– Ter um horário semanal de acolhimento e de atendimento em toda e qualquer Comunidade cristã, mesmo a mais pequena;

– Acolher bem – tendo em conta o amor cristão e abertos a um são, inteligente e lúcido pluralismo – toda e qualquer pessoa que venha bater à porta da Igreja a pedir algum bem ou serviço, mesmo que sem condições para o receber;

– Preparar algumas propostas de Iniciação Cristã, de Evangelização e de Catequese para as diversas situações em que se encontrem as pessoas que nos visitam e solicitam, de acordo com os pedidos e as circunstâncias;

– Ter informação clara, acessível e esclarecedora sobre os diversos serviços da Paróquia e as opções de vida cristã, bem como orientações e impressos simples e claros para os pedidos e solicitações mais frequentes;

– Utilizar, na medida do possível e da conveniência, as capacidades técnicas e informáticas, tornando mais prática, fácil e acessível aos mais jovens, todas as possibilidades de informação e de formação;

– Pedir colaboração, para todos estes e outros diversos serviços, a leigos mais capazes, mais disponíveis e mais generosos, sabendo que esta colaboração pode ser oportunidade de aproximação e de formação, nomeadamente de jovens;

– Pensar que estes serviços de apoio pastoral podem e devem ser oportunidades para ajudar pessoas em situação de desemprego.

 

6. 2011-2012: As ações e as datas

Cada Secretariado Diocesano, Movimento Apostólico, Comunidade Religiosa ou Instituição concreta deverá preparar o seu plano anual e o seu programa. A base e a referência devem ser o plano, as ações e as datas da Diocese. É importante, também, que uns respeitem todos os outros, para que a comunhão não seja palavra vã mas um princípio posto em prática na organização da vida e da ação de todos. Sobretudo, importa que todos acolham, se integrem e participem nas ações da Diocese, de acordo com o específico e o particular de cada um.

As ações que a Diocese se propõe realizar, mobilizando todas as forças, meios e pessoas e pedindo o empenho e a dedicação de todos são:

– Estudar os documentos propostos: Dei Verbum e Gaudium et Spes;
– Promover o estudo sócio-religioso da Diocese;
– Continuar a dinamização e preparação dos grupos pré-sinodais;
– Realizar o recenseamento da prática dominical.

As datas para as ações de caráter geral e para as quais se convida toda a Diocese são:

– 17 / 09 / 2011 – Jubileu dos 500 anos da aprovação da Regra de Santa Beatriz da Silva;
– 05 / 10 / 2011 – Assembleia do Clero;
– 09 / 10 / 2011 – 3ª Assembleia pré-sinodal;
– 14-16/10/2011 – Congresso Internacional do Jubileu dos 500 anos da aprovação da Regra de Santa Beatriz da Silva, em Fátima;
– 12 / 11 / 2011 – Formação de Animadores dos Grupos Sinodais;
– 05 / 02 / 2012 – Recenseamento diocesano da prática dominical;
– 18 / 02 / 2012 – Solenidade jubilar de S. Teotónio (900 anos da vinda para Viseu e 850 anos da morte);
– 25 / 02 / 2012 – Formação de Animadores dos Grupos Sinodais;
– 01 / 07 / 2012 – Dia da Diocese e Assembleia de Animadores.

 

Conclusão

Porque a vida – ainda que se tente prever, se deva preparar e se procure programar – não se controla nem corresponde totalmente aos nossos sonhos e desejos, é importante que a vivamos intensa e dedicadamente, sempre abertos às novidades e acolhendo e integrando as surpresas.

O próximo ano pastoral será uma boa experiência sinodal e uma bela e nova surpresa eclesial se o vivermos “em comunhão para a missão” e passemos “da Palavra à Ação”. Como a Lumen Gentium nos pediu, importa que sejamos uma Igreja em comunhão, bem organizada, trabalhando em corresponsabilidade e em interessada participação, dando a nossa pessoal e possível colaboração.

Como guias de vida, de plano, de estudo e de ação, teremos a Dei Verbum que nos convida a estar atentos e acolhedores à Palavra e a todos os sinais pelos quais Deus Se vai revelando e a Gaudium et Spes que nos vai desafiando a olhar o mundo e a sociedade como espaços de vida e de salvação. O Reino de Deus é tarefa possível, necessária e urgente para todos nós, dependendo da nossa participação a vivência da paz, da justiça, da verdade e do amor.

Lembramos a reflexão de S. Tiago: «A fé, se não tiver obras, está morta em si mesma» (Tg 2, 17). Pode servir de inspiração e de motivação para a nossa aplicação empenhada, entusiasta e dedicada deste ano. Se o tema nos diz – “Em Comunhão para a Missão… da Palavra à Ação” e se “Na/Da Palavra à Ação”, é mesmo isso: nada de palavras ocas e vazias… Não podemos ficar nas palavras. Só com palavras não transformamos o mundo e o mundo precisa de ser transformado pela vida, pela ação e pelo amor. É a grande Missão da Igreja e de todos os crentes. O amor não se pratica com palavras ocas e vazias, embora não dispense a ação e a participação da Palavra que, em Jesus Cristo, é o Verbo Divino e a mais fecunda Ação que transforma toda a realidade em Reino de Deus.

Para todos os cristãos da Diocese e todas as pessoas de boa vontade que nela vivem e trabalham, um feliz Ano Pastoral 2011-2012! 

VISEU / Santa Maria do Altar-Mor / 2011

Vosso Irmão e Amigo Bispo

Ilídio

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