Habitações destinam-se a vítimas de violência doméstica, refugiados e sem-abrigo
Viseu, 05 mar 2024 (Ecclesia) – A Cáritas Diocesana de Viseu anunciou, na terça-feira passada, na Casa Episcopal, que vai recuperar quatro habitações, que vão servir para alojar 16 pessoas, integradas na Bolsa Nacional de Alojamento Urgente e Temporário.
“Adquirimos essas quatro casas e fizemos candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência Português (PRR) e foi aprovada. Estamos, neste momento, a realizar o concurso público para escolher o empreiteiro que há de fazer a obra”, revelou o presidente da Cáritas Diocesana de Viseu, em conferência de Imprensa, informa a Diocese de Viseu.
Segundo Felisberto Marques, as habitações destinam-se a vítimas de violência doméstica, refugiados e sem-abrigo, e espera-se que estejam disponíveis para serem habitadas no prazo de um ano, neste que foi um investimento superior a 350 mil euros, com apoio de 80% do PRR.
Além da novidade, Felisberto Marques divulgou outro projeto da Cáritas, que consiste na mudança de instalações da creche localizada atualmente na sede da instituição, essencialmente por questões de segurança.
Com o projeto feito, falta apenas definir um local para a construção de raiz das novas instalações. “Achamos que não é a melhor localização, uma vez que funciona no primeiro andar do edifício e não estamos livres de haver ali um acidente”, adiantou, acrescentando que existem vários constrangimentos em caso de situação de emergência que obrigue a uma evacuação. O diácono Felisberto Marques evocou ainda a melhoria de condições de conforto e de segurança que são dadas às crianças para justificar a decisão. A mudança de instalações vai proporcionar o aumento de capacidade de oferta de 25 para 42 vagas para as crianças, cujo investimento é de cerca de 150 mil euros. De acordo com a Diocese de Aveiro, a candidatura para apoio será realizada até ao final do mês de março para também vir a ter um apoio de 80% do PRR. O espaço que agora acolhe a creche da Cáritas vai, depois da mudança, ser recuperado para funcionar como apartamentos que terão como finalidade ser fonte de receita para a instituição. |
O presidente da Cáritas Diocesana de Viseu efetuou ainda um balanço do trabalho da Cáritas de 2023, revelando que foram feitos 2.546 atendimentos, apoiadas 1.988 famílias, abrangendo um leque de 6.610 pessoas.
No que respeita ao apoio monetário, através do fundo solidário diocesano da Cáritas foi providenciado um apoio de 18.528 euros e, através do fundo nacional, foi utilizada a verba de 2.960 euros. Segundo os dados, a comunidade brasileira é aquela que mais procura ajuda, e as famílias em maior dificuldade são maioritariamente as pessoas em situação de desemprego ou que, apesar de terem rendimentos, têm dificuldades em fazer face às despesas. “As pessoas vêm até nós porque sentem necessidade de apoio, vêm buscar algo que lhes faz falta e que é essencial mesmo para a sua própria dignidade”, destacou o responsável. Alimentos, agasalhos, apoios para medicação, aquecimento, transporte e pagamento da renda da casa foram os pedidos que a Cáritas mais recebeu. Além disso, o responsável deu ainda conta que uma parceria entre a Fundação Essilor e a Cáritas Portuguesa permitiu ajudar 60 pessoas, que beneficiaram gratuitamente de próteses oculares e consultas. Na loja social, 350 famílias foram ajudadas, sendo que 167 procuraram ajuda alimentar. “Habitualmente vamos distribuindo alimentos que vamos recolhendo nas grandes superfícies. Contudo, a dispensa já está praticamente vazia, o que vai levar a instituição a adquirir bens nas próximas semanas”, explicou, referindo que quem quiser fazer donativos, estes “serão recebidos com agrado”. Felisberto Marques aludiu também ao estudo “Pobreza e exclusão social em Portugal: uma visão da Cáritas”, apresentado no Porto, assinalando as conclusões do documento. “[Estudo] comprova que antigamente estar desempregado era sinal de pobreza, mas hoje, mesmo estando empregado, não significa que não possa estar em situação de pobreza”, destacou. De 25 de fevereiro a 3 de março, assinalou-se a Semana Cáritas 2024, apresentada como uma oportunidade “para valorizar e partilhar” o dom que move as pessoas “na atenção à realidade humana no contexto de um tempo aconselhado para a revisão de vida e de caminho para a Páscoa”. A iniciativa que junta toda a rede Cáritas em Portugal acontece, anualmente, na semana que antecede o Dia Nacional Cáritas, no III domingo da Quaresma – este ano no dia 3 de março. |
LJ/OC