D. António Luciano convidou a «levar no coração a cruz de Cristo e a ser testemunhas no mundo do seu amor e da sua esperança»

Tondela, 03 jun 2025 (Ecclesia) – O bispo de Viseu presidiu à ‘Festa das Cruzes’, “encontro eclesial de fé e de oração” com mais de 300 anos, que reuniu 47 cruzes enfeitadas em Guardão, no concelho de Tondela, este sábado, dia 31 de maio.
“Esta festa ancestral, centrada no mistério da cruz, mantém viva a fé dos nossos antepassados e nas cruzes, tão belamente adornadas, fazeis memória da ressurreição de Cristo que vence todo o medo, sofrimento e pecado”, disse D. António Luciano, na homilia da Missa, citado num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
A partir do Evangelho, o bispo de Viseu explicou que Jesus, “o autor da redenção, o Salvador do mundo”, durante a sua vida terrena fez “referência aos discípulos sobre o valor da cruz e do sofrimento”, na união da “sua própria vida ao Pai e, pela graça do Espírito Santo, a toda a humanidade”.
“A Cruz tornou-se um ícone único e admirável da fé cristã e de Cristo, o crucificado, que morreu na Cruz e ressuscitou ao terceiro dia e, 40 dias depois, foi elevado aos Céus; o valor do sinal da cruz é incomensurável”, acrescentou D. António Luciano, convidando a “levar no coração a cruz de Cristo e a ser testemunhas no mundo do seu amor e da sua esperança”.
A Festa das Cruzes congregou 47 cruzes enfeitadas das Paróquias do Guardão, Santiago de Besteiros, Santa Eulália (Campo de Besteiros) e Castelões, que se juntaram para cumprir a promessa de agradecimento à Nossa Senhora dos Milagres pela sua ajuda na expulsão dos mouros.
“Apesar do tórrido calor que se fez sentir, cumpriu-se, com um balanço muito positivo, a Festa das Cruzes, nas encostas da serra do Caramulo”, destacou o pároco de Campo de Besteiros (Santa Eulália), de Guardão (Santa Maria) e de Santiago de Besteiros (São Tiago), o padre João Zuzarte.
O bispo de Viseu destacou a importância da Festa das Cruzes de Guardião ligada “à prática das ladainhas e à bênção dos campos”, celebrada todos os anos pela Ascensão (40 dias depois da Páscoa), desde 2022 aos sábados, para reunir mais pessoas de vários pontos de Portugal.
O padre João Zuzarte, que é o coordenador da Comissão Diocesana para o Sínodo dos Bispos 2024, explicou que olha para a Festa das Cruzes de Guardião como um “laboratório de Sinodalidade”, onde se sente “um esforço comum e coletivo de colaboração e espírito de altruísmo”, com os voluntários a envolverem-se de igual modo “colocando ao serviço os seus dons”.
“Uns no coro interparoquial, outros nas artes florais, outros na montagem das estruturas, na limpeza e preparação dos diversos espaços, outros no engalanar das cruzes e no seu transporte no dia da festa, e outros com os seus donativos”, exemplificou o pároco.
A ‘Festa das Cruzes do Guardão’ foi classificada como património imaterial, o anúncio foi publicado em ‘Diário da República’, no dia 9 de janeiro deste ano, na sequência da candidatura da Autarquia de Tondela ao Património Cultural – Instituto Público, em maio de 2023.
“Os rituais e toda a simbologia desta antiquíssima manifestação religiosa e cultural caminham com o tempo e continuam a atrair a visita de romeiros e peregrinos de toda a parte. É por isso que, em cada ano que passa, com o esforço, espírito de sacrifício e dedicação das mordomias, dos muitos voluntários e pessoas altruístas, das quatro paróquias implicadas, temos vindo a melhorar os espaços e as condições logísticas num trabalho de rede com o Município de Tondela e com a junta de freguesia local, que muito têm apoiado”, salientou o padre João Zuzarte.
A Diocese de Viseu informa que foi também descerrada uma placa comemorativa da inscrição da Festa das Cruzes do Guardão no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, com a presença do bispo de Viseu, da diretora dos Serviços do Património e Instituto público, Maria Antonieta Amaral, da presidente da Câmara Municipal de Tondela, Carla Borges, e do vereador da Cultura, João Carlos Figueiredo, e do presidente da Junta de Freguesia do Guardão, Ricardo Loureiro.
CB/PR