Viseu: Bispo analisa consequências da interioridade

Há localidades onde falta «quase tudo», alerta D. Ilídio Leandro

Viseu, 11 jul 2014 (Ecclesia) – D. Ilídio Leando escreve sobre o interior de Portugal, em concreto da ação da igreja e da realidade social de Viseu caracterizada pelo “isolamento e solidão, esquecimento e abandono, pobreza e despovoamento, distância e afastamento”.

“Aceites como regiões pobres e de não investimento pelas opções políticas e governamentais, suscitam em quem ali vive sentimentos contraditórios entre o infortúnio e a injustiça, o desprezo e a revolta, o conformismo e o lamento, a luta e o desânimo”, assinala D. Ilídio Leandro.

Na última edição do Semanário ECCLESIA, dedicada à temática do «Interior», o prelado de Viseu carateriza que esta geografia “acarreta”: “Isolamento e solidão, esquecimento e abandono, pobreza e despovoamento, distância e afastamento”.

Quem vive nestas regiões sente necessidade de procurar noutros locais “quase tudo”, como “emprego, saúde, escola, esperança, realização, soluções e meios de desenvolvimento”.

Nesse sentido, “poderiam e deveriam desejar-se”, segundo D. Ilídio Leandro, atitudes de respeito na aplicação de normas e de leis, por exemplo, através da “fixação de institutos de serviço de proximidade” necessários à população, como centros de saúde, policiamento, bancos, escolas, tribunais.

O bispo, na sua análise, também foca assuntos atuais e mediáticos, como o encerramento de escolas primárias no interior, em que das 311 escolas nacionais que vão encerrar, 57 são de Viseu.

Aborda ainda a temática da “união de freguesias”, apontando que “Viseu é a região nacional onde existem mais instituições sociais, de solidariedade efetiva e de construção de subsidiariedade, na proximidade e na vizinhança”.

D. Ilídio Leandro revela que nas vistas pastorais tem contato com “situações e realidades” que “são verdadeira Universidade” na forma de tratar, respeitar e cuidar pessoas frágeis e “que nada pedem ou exigem, além de atenção e respeito”.

Na Diocese de Viseu, as 103 Instituições Particulares de Solidariedade Social de matriz cristã e eclesial são exemplo desta “atenção e respeito”, contabiliza o bispo, destacando que na diocese a Igreja “não tem o monopólio do bem servir e do bem fazer na área do social”.

O bispo explicou que Viseu e Santarém “são os dois únicos distritos do interior, pois não têm fronteiras nem com a Espanha nem com o mar” e que em termos diocesanos, junta-se Lamego, “que se situa no mesmo distrito de Viseu” e desta forma “são com toda a propriedade e com todas as consequências o interior ‘profundo’”.

No artigo de opinião, D. Ilídio Leandro escreve também sobre “critérios na aplicação das medidas”, onde questiona a forma de “ajudar, potenciar e subsidiar estas características naturais de viver e conviver na vizinhança e proximidade da natureza do interior”.

A Igreja e as suas instituições “não pedem algo para si próprias”, assegura o prelado, mas “exigem” condições para responderem aos interesses e necessidades das pessoas.

A Igreja “não pode sair da proximidade das pessoas e das aldeias”, mesmo com a falta de vocações e consequente falta de sacerdotes mas “deve renovar-se e organizar-se para estar mais próxima e mais acolhedora” das pessoas mais idosas e mais isoladas.

D, Ilídio Leandro revela que este é “um dos grandes desafios” às mudanças eclesiais necessárias que a Igreja e é um dos objetos de reflexão e programação do atual Sínodo Diocesano.

CB/JCP

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