Bento XVI denuncia perseguições e intolerância, pedindo defesa da liberdade religiosa
Cidade do Vaticano, 01 Jan (Ecclesia) – Bento XVI pediu hoje acções concretas da comunidade internacional para travar a violência contra os cristãos, no dia em que um atentado provocou mais de 20 mortes, no Egipto.
“Perante as ameaçadoras tensões do momento, especialmente perante as discriminações, os abusos e as intolerâncias religiosas que hoje afectam de modo particular os cristãos, mais uma vez dirijo um premente apelo a não ceder ao mal-estar e à resignação”, disse o Papa, na homilia do Dia Mundial da Paz, na Basílica de São Pedro.
Esta celebração assinala o início do ano civil, por parte da Igreja Católica, há mais de quatro décadas, e foi dedicada, em 2011, à questão da liberdade religiosa no mundo.
Perante milhares de fiéis, o Papa deixou votos de que “cheguem a bom termo os esforços empreendidos por diversas partes para promover e construir a paz no mundo”.
“Para esta difícil tarefa, não bastam as palavras, ocorre o empenho concreto e constante das Nações, mas é sobretudo necessário que cada pessoa esteja animada do autêntico espírito de paz”, acrescentou.
A intervenção de Bento XVI aconteceu horas depois de um atentado com um carro armadilhado, contra uma igreja cristã em Alexandria, no Egipto, ter deixado pelo menos 21 mortos e vários feridos.
A explosão, ainda não reivindicada, aconteceu quando os fiéis saíam, pouco depois da meia-noite, de uma igreja situada no bairro de Sidi Bechr, em Alexandria, cidade costeira do norte, a cerca de 200 quilómetros da capital, Cairo.
Bento XVI não se referiu directamente ao incidente, mas sublinhou que “a liberdade religiosa é elemento imprescindível de um Estado de direito” e que “o mundo tem necessidade de valores éticos e espirituais”.
Neste contexto, dirigiu uma saudação especial a todos os embaixadores presentes nesta celebração, bem como aos responsáveis da Cúria Romana, reconhecendo o seu “empenho quotidiano em favor de uma pacífica convivência entre os povos”.
“A humanidade não se pode mostrar resignada à força negativa do egoísmo e da violência, não se pode habituar a conflitos que provocam vítimas e põem em risco o futuro dos povos”, apontou.
Depois da celebração da Missa, o Papa surgiu à janela do seu apartamento, na Praça de São Pedro, para presidir à recitação da oração do Angelus.
Na sua intervenção, Bento XVI retomou a reflexão sobre a necessidade de liberdade religiosa no mundo, apontando o dedo a duas “tendências” negativas: o “laicisimo” que marginaliza a religião, segundo o Papa, e o “fundamentalismo”, que a procura impor pela força.
Para Bento XVI, “a liberdade religiosa é um caminho privilegiado para construir a paz”.
«Liberdade Religiosa, caminho para a paz» foi o tema escolhido pelo Papa para a 44ª Jornada Mundial da Paz, celebrada na Igreja Católica, desde 1968, a 1 de Janeiro.
OC