Violência não tem a última palavra, defende o Papa

Bento XVI lembrou as primeiras comunidades cristãs e os seus mártires para defender que a violência não tem a última palavra. “O martírio, o sofrimento pela verdade são no final mais vitoriosos e eficientes do que a violência dos regimes totalitários”, assinalou na audiência geral desta manhã, na Praça de São Pedro. A catequese de hoje foi dedicada à figura de Tertuliano, teólogo de língua latina dos séculos II-III que acabou por se afastar da ortodoxia. O Papa observou que, desde as suas origens, a fé cristã propõe a não-violência, facto que mantém hoje em dia toda a actualidade. Citando uma afirmação de Tertuliano, segundo a qual o cristão não pode odiar sequer os seus inimigos, Bento XVI assinalou que esta “é uma exigência moral incontornável da opção da fé, que propõe a não-violência como regra de vida”. “Não há quem não veja a dramática actualidade deste ensinamento, nomeadamente à luz do vivo debate em curso sobre as religiões”, disse. Segundo Bento XVI, nos escritos de Tertuliano, muitos são os temas que ainda hoje somos chamados a enfrentar e que exigem uma fecunda busca interior à qual convidou todos os fiéis, “para conseguirem exprimir de modo cada vez mais convincente a regra da fé, segundo a qual – como escrevia Tertuliano – nós acreditamos que há um só Deus e nenhum outro fora do Criador do mundo, que tirou do nada todas as coisas por meio do seu Verbo gerado antes de todas as coisas”. Em relação ao percurso de vida de Tertuliano, o Papa disse que “um grande teólogo tem a humildade de aceitar as próprias debilidades e as da Igreja; caso contrário perde a própria grandeza”: Tertuliano (c. 155-222) apresentou a definição da Trindade como “uma só substância e três pessoas”, mas que depois – referiu Bento XVI – “uma investigação demasiado individual da verdade e intemperanças de carácter levaram-no para fora da Igreja, aderindo à heresia dos montanistas e fundando mais tarde uma seita”. Os desvios revelados, a partir de certa altura, por Tertuliano não impediram que a sua obra exercesse uma influência notável e fecunda, nomeadamente sobre São Cipriano, reconheceu Bento XVI. “Os seus escritos, essencialmente apologéticos, defendem não apenas a fé contra as acusações injustiças, mas apresentam também de maneira positiva o conteúdo da fé, num diálogo rigoroso com a cultura do seu tempo”, lembrou. “Tertuliano é uma interessante testemunha dos primeiros tempos da Igreja, quando os cristãos se encontram a ser sujeitos de uma nova cultura, entre a herança clássica e a mensagem evangélica”, apontou. (Com Rádio Vaticano)

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