Violência e extremismo no Médio Oriente

Os participantes no Sínodo para o Médio Oriente, a decorrer no Vaticano, consideram que os cidadãos da região devem “enfrentar em conjunto dois desafios principais, a guerra e a paz”.

“As situações de guerras e conflitos que vivemos geram a violência e são exploradas pelo terrorismo mundial, as correntes e movimentos extremistas na região”, diz o documento que sintetiza a primeira semana de trabalhos.

O relatório, denominado “relatio post disceptationem”, condensa as várias intervenções que tiveram lugar desde 11 de Outubro, procurando oferecer algumas indicações para o trabalho dos chamados “círculos menores”, que vão decorrer ao longo desta semana.

No documento, divulgado pelo Vaticano, pode ler-se que “os cristãos do Médio Oriente pertencem, de pleno direito, ao tecido social e ao próprio tecido dos seus respectivos países”.

Entre os principais desafios que foram referidos pelos participantes nesta reunião magna dos Bispos da região estão os “conflitos políticos”, a falta de liberdade religiosa e de consciência, a “evolução do Islão contemporâneo”, a emigração e a “imigração cristã internacional” no Médio Oriente.

O relatório intermédio dos trabalhos do Sínodo assinala que “o conflito israelo-palestiniano tem repercussões nas relações entre cristãos e judeus”, sublinhando que a Santa Sé defende que “os dois povos possam viver em paz, cada um na sua pátria”.

Os participantes na assembleia recusam, por outro lado, o “anti-semitismo e o antijudaísmo”, distinguindo “realidade religiosa” e “realidade política.

“As dificuldades nas relações entre os povos árabes e o povo judaico são, acima de tudo, devidas à situação política conflituosa”, assinala o documento.

Também o diálogo com o mundo islâmico merece ampla atenção, com a recomendação de se criarem “comissões locais” inter-religiosas.

“É necessário dar o primeiro lugar ao diálogo da vida, que oferece o exemplo de um testemunho silencioso eloquente, por vezes o único modo de proclamar o Reino de Deus”, consideram os padres sinodais.

Para os participantes no Sínodo, são “múltiplas” as razões que devem levar a cultivar um bom relacionamento entre cristãos e muçulmanos, todos “concidadãos que pertencem à mesma língua e à mesma cultura”, com os “mesmos sofrimentos e alegrias”.

“Os preconceitos herdados da história de conflitos e controvérsias, de uma parte e da outra, devem ser cuidadosamente enfrentados, elucidados e corrigidos”, indica o relatório.

Entre outras questões, os padres sinodais falam em “constrangimentos, limitações à liberdade, actos de violência e exploração dos trabalhadores emigrantes” em vários países.

Para os responsáveis pelas Igrejas no Médio Oriente, será necessário “prevenir os impactos negativos dos media: a manipulação das massas, o florescimento das seitas, a violência e da pornografia, o anticlericalismo internacional”.

Aos católicos, especificamente, é dito que o perigo não vem apenas de “ameaças exteriores, mas, sobretudo, do seu afastamento da verdade do Evangelho”.

Como indicações para o futuro destas comunidades, apela-se à comunhão “no seio da Igreja Católica”, entre “bispos, clero e fiéis” e ao ecumenismo, dialogando com as outras Igrejas cristãs.

O Sínodo para o Médio Oriente conta com 185 participantes e decorre no Vaticano até ao próximo Domingo, dia 24.

A segunda semana centra-se na elaboração do elenco de propostas, cuja lista é apresentada a 21 de Outubro, Quinta-feira. No dia seguinte é apresentada e votada a mensagem final.

A votação das propostas do Sínodo acontece a 23 de Outubro, antecedendo a missa de encerramento, no próximo Domingo, que será presidida por Bento XVI na Basílica de São Pedro, Vaticano.

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