Estrutura, que dispõe de acompanhamento social e psicológico, apoio jurídico e tem a única casa abrigo para homens, contabilizou 1685 atendimentos em 2023
Lisboa, 07 mar 2025 (Ecclesia) – O Núcleo de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica, da Cáritas de Aveiro, registou o aumento de número de atendimentos, nas várias respostas que disponibiliza.
“Temos vindo aqui a aumentar quer o número de vítimas atendidas, quer aqui o número de atendimentos realizados nas várias respostas, sim, quer ao nível do atendimento, na estrutura de atendimento, quer ao nível das crianças, quer ao nível também dos processos no próprio Ministério Público”, afirmou Patrícia Pinho, da Cáritas de Aveiro, em declarações à Renascença, enviadas à Agência ECLESIA.
No âmbito do Dia de Luto Nacional pelas Vítimas de Violência Doméstica, que hoje se assinala, a responsável fala que o núcleo atingiu 327 pessoas vítimas de violência doméstica, resultando num total de 1685 atendimentos no ano de 2023, um número semelhante ao de 2024.
“A tendência mantém-se, em termos de evolução, quer ao nível das crianças acompanhadas na resposta de apoio psicológico, quer ao nível do Ministério Público e também da Casa Abrigo”, indica Patrícia Pinho.
O aumento de nível de denúncias formalizadas pelo crime de violência doméstica identifica, segundo a responsável, “uma maior visibilidade do problema e maior acessibilidade também ao nível dos serviços de apoio”, por parte das vítimas.
De acordo com os dados do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica, da Cáritas de Aveiro, a faixa etária dos 35 aos 45 anos é onde se verificam mais pedidos de ajuda, “uma tendência que se tem verificado e mantido ao longo dos anos”.
Patrícia Pinho explica que existem vários fatores associados ao crime de violência doméstica, entre elas a questão do género, nomeadamente a disparidade salarial entre homens e mulheres.
“Nós sabemos que os números e a visibilidade dos números, aquilo que reportam é que as mulheres continuam a ser mais vítimas, pelo menos ao nível das queixas reportadas e dos pedidos de apoio a este tipo de estruturas”, indica.
A vulnerabilidade económica, questões culturais e educacionais estão também na origem deste problema.
“Muitas vezes esta questão da violência passa de geração para geração e acaba-se por perpetuar ao longo de várias gerações”, realça Patrícia Pinho.
O distrito de Aveiro é um dos que regista mais casos de violência doméstica, refere, destacando que este é um distrito grande, composto por 19 concelhos.
Em contexto escolar, a violência no namoro também é uma preocupação, no entanto o núcleo de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica, da Cáritas de Aveiro, acompanha poucos destes casos.
“Não há tantos pedidos de ajuda ou quando são encaminhados, por exemplo, por uma CPCJ (Comissão de Proteção de Crianças e Jovens) ou por uma entidade que faz o acompanhamento nesta infância e quando são jovens também, aquilo que acontece é que facilmente também desistem do apoio aqui ao nível psicológico”, refere a responsável.
O Núcleo de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica, da Cáritas de Aveiro, inclui o atendimento, acompanhamento social e psicológico, apoio jurídico, encaminhamento às vítimas, ações de sensibilização e uma casa abrigo para homens vítimas de violência doméstica, que tem também recebido um aumento de pedidos de ajuda.
“É a única no país. Começou com um projeto piloto e porque, de facto, existe aqui esta necessidade também de atender aqui a algumas necessidades de alguns homens vítimas de violência doméstica”, descreve Patrícia Pinho. Neste momento, a casa com 12 vagas encontra-se cheia, revela: “nem sempre está assim, mas na maior parte das situações ao longo dos meses sim, temos tido de facto as vagas completas”. O Núcleo de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica, da Cáritas de Aveiro, surgiu da necessidade de se criar uma resposta organizada em rede, de prevenção e combate à Violência Doméstica, no Distrito de Aveiro. |
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