Responsável diocesana apela a sensibilização desde o tempo de namoro
Évora, 24 nov 2014 (Ecclesia) – A Cáritas Diocesana de Évora, responsável pelo Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica do distrito, alertou para a necessidade de “investir na educação das crianças e dos jovens”.
“Parece-me que estamos mais despertos e conscientes para o problema, as vitimas, as instituições, a sociedade, toleramos menos este tipo de abuso. Os dados e estatísticas disponíveis, as noticias publicadas na comunicação social, têm contribuído para uma maior consciencialização pública”, considera Ana Luísa Matias, coordenadora técnica do NAV Évora/CDE.
A responsável assinala à Agência ECCLESIA que o combate à violência doméstica “implica olhar em todas as direções” através de uma intervenção “integrada, multidisciplinar, atenta e responsável”.
“Importa, por isso prevenir e investir na educação das crianças e dos jovens, numa perspetiva de respeito, cidadania e promoção pela igualdade”, observa Ana Luísa Matias que aponta o ainda “longo caminho a percorrer” principalmente na mudança de “mentalidades”.
“Só no primeiro semestre deste ano registamos um aumento de mais dez casos relativamente ao mesmo período do ano anterior”, contabiliza Ana Luísa Matias que destaca a necessidade do NAV Évora/CDE que “conhece um progressivo acréscimo de procura”, pelas vítimas, comunidade e instituições envolventes.
De acordo com os dados do NAV Évora, referentes ao ano de 2013, foram “apoiadas 102 novas vítimas de violência doméstica”, sendo que em mais de 90% a violência é realizada pelos “maridos e companheiros”.
Para assinalar o Dia Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra as Mulheres, celebrado esta terça-feira, a Cáritas Diocesana com entidades locais vai promover uma sensibilização comunitária, na Praça do Giraldo, em Évora.
Esta ação de rua vai terminar com “um minuto de silêncio” em memória das mulheres assassinadas em contextos de Violência Doméstica seguido de lançamento de balões.
Às mais de 28 mulheres que foram assassinadas pelos companheiros/maridos, desde o início de 2014, Ana Luísa Matias contabiliza também “32 filhos que ficaram órfãos de mãe” e “mais 40 mulheres vítimas de tentativas de homicídio”.
A violência no namoro é uma realidade atual e a coordenadora revela que “os dados são preocupantes”.
“A Violência é cada vez mais ‘precoce’, muitas vezes aceite como ‘natural’, “vítimas e agressores não percebem que a violência não é aceitável até porque muitos jovens “toleram-na” e “desculpabilizam-na”, contextualiza Ana Luísa Matias, com base num estudo da Universidade do Minho que contabilizou que “um em cada quatro jovens em Portugal já foi vítima de violência no namoro”.
A coordenadora Técnica informa que o principal objetivo deste serviço “é garantir” às vítimas que os procuram “apoio personalizado, direto e imediato”.
Nesse sentido, o Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica do Distrito de Évora tem uma equipa multidisciplinar que oferece apoio psicológico, jurídico e social e encaminha cada situação para “os recursos e repostas mais convenientes”.
O NAVVD surgiu em 2008 e a partir de 25 de julho de 2012 foi reformulado o Protocolo de Colaboração ficando a gestão do NAV Évora da responsabilidade da Cáritas Diocesana “numa lógica de parceria com mais 10 Entidades”.
CB