Vila Real: Padres devem trabalhar em conjunto, sublinha bispo

D. Amândio Tomás frisou que é preciso apostar na catequese de adultos, «uma das grandes falhas» da Igreja

Fátima, Santarém, 14 jan 2013 (Ecclesia) – O bispo de Vila Real disse este sábado, em Fátima, que os padres da diocese devem colaborar mais entre si para responder às carências de meios humanos e materiais com que a Igreja se confronta.

Um dos “grandes perigos” na diocese transmontana, “como em outras”, é que cada padre “aja de forma isolada, por conta própria”, declarou à Agência ECCLESIA, acrescentando que tem ao dispor “pouco mais de 100” sacerdotes, a maior parte “acima dos 60 anos”.

“Temos muito entre nós um estilo de vida dos padres em que são reis e senhores. Um pároco é Papa, bispo e é tudo. Devemos tomar consciência de que sozinhos não chegamos a parte nenhuma e temos de realizar uma pastoral de conjunto, harmónica, em comunhão”, disse.

Numa diocese que qualifica de “deserto” por estar “cada vez mais depauperada de pessoas e meios”, algumas das 264 paróquias não têm mais de 40 habitantes, maioritariamente idosos, pelo que é prioritário “racionalizar as forças” para responder à dispersão de fiéis e à escassez de clero.

O prelado de 69 anos vincou que os sacerdotes devem empenhar-se na transmissão da mensagem cristã com “ardor, coerência e alegria”, dado não serem “vendedores de banha de cobra”.

D. Amândio Tomás mencionou a dificuldade de anunciar a mensagem cristã nos meios pequenos, onde predominam pessoas “que mal sabem ler” e resistem a participar em missas noutras comunidades, mesmo com transporte à disposição.

Para o bispo vila-realense é igualmente preciso “captar os poucos jovens” existentes e ao mesmo tempo apostar na catequese de adultos, “uma das grandes falhas” da Igreja.

Continua a haver crianças na catequese mas há “sobretudo adultos desinteressados, indiferentes e ignorantes – não sabem nem querem saber”, pelo que é importante “consciencializar esses adultos e trazê-los para o espaço da Igreja e para a evangelização”, apontou.

O responsável lembrou que um dos ensinamentos do Concílio Vaticano II (1962-1965) é de que “a Cristo só se chega pela Igreja”, o que implica ter atenção privilegiada a quem pensa ser possível dispensar as instâncias católicas para manter a crença em Deus.

Até ao verão o programa diocesano é dedicado “à interiorização dos conteúdos da fé”, estando previstas ações formativas que deem a conhecer os principais documentos do concílio, a organização de retiros, a continuação de uma escola dirigida a leigos e, possivelmente, a promoção de novo encontro com padres da vizinha Diocese de Bragança-Miranda são algumas das iniciativas em agenda, revelou o prelado.

Referindo-se às Jornadas de Formação do Clero da Diocese, realizadas entre segunda e sexta-feira em Vila Real e Porto, D. Amândio Tomás disse que registaram uma “boa adesão”.

O tema, “A Nova Evangelizaçao para a Transmissão da Fé”, foi idêntico ao do sínodo dos bispos realizado em outubro, no Vaticano, e que constitui também propósito da diocese durante o próximo ano e meio.

No encontro foram debatidos assuntos como ética, Vaticano II, ecumenismo, fé, sínodo dos bispos e música, com intervenções, entre outros, de D. Manuel Clemente, bispo do Porto e vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. António Couto, bispo de Lamego, padre Galindo García, reitor da Universidade de Salamanca (Espanha), Eduardo Borges de Pinho e João Duque, ambos da Universidade Católica Portuguesa.

PR/RJM

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