Bispo diocesano inicia funções este domingo numa região despovoada, esperando que num futuro próximo seja possível «redescobrir o interior»
Lisboa, 28 jun 2019 (Ecclesia) – O bispo eleito para Vila Real disse que é uma “coincidência feliz” celebrar o centenário da diocese no ano da Jornada Mundial da Juventude em Portugal, em 2022, e afirmou que “é uma ideia tentadora” convidar o Papa.
“É uma ideia tentadora, mas é tudo possível com este Papa, portanto…. Mas sinceramente não me passa pelo espírito neste momento”, disse D. António Augusto Azevedo na entrevista Ecclesia/Renascença desta semana.
“Não tinha pensado nisso, não me parece que seja muito viável, mas tudo é possível. Mas não me parece de todo que possa acontecer”, insistiu o novo bispo de Vila Real.
Para D. António Augusto Azevedo, a celebração do centenário da Diocese de Vila Real, criada pelo Papa Pio XI pela Bula Apostolica “Praedecessorum Nostrorum” de 20 de abril de 1922, permitirá ter “quase um ano de festa”.
“Uma primeira parte do ano teremos o centenário e na segunda parte teremos toda a preparação mais intensa e próxima das Jornadas Mundiais da Juventude e, portanto, o que pode obviamente ajudar a trazer um pouco a juventude para a vida da diocese”, referiu.
O novo bispo de Vila Real diz que “foi uma descoberta” saber que a diocese vai celebrar o centenário e, apesar dessa celebração começar a “povoar” o seu pensamento, “qualquer programa, qualquer iniciativa obviamente passará sempre pelo pronunciamento da diocese, dos seus órgãos próprios, do seu clero, dos leigos, movimentos”.
“À partida, julgo que é uma grande oportunidade o centenário de uma diocese ser sempre um momento que será aproveitado para que a diocese tome mais consciência da sua história, dos seus valores e assim ganhe um novo elã, para o futuro, para os desafios do presente”, sublinhou.
Questionado sobre o despovoamento no interior, D. António Augusto Azevedo considera uma “questão séria no país”, que “inclinou para o mar”.
“Imagino que no futuro, não muito longínquo porventura, nós iremos redescobrir o interior, redescobrir o campo. Tenho essa convicção. E isso pode significar desde logo alguma gente nova, alguma energia”, sustentou.
O bispo de Vila Real lembrou que há “núcleos urbanos” na diocese com “alguma vitalidade” e isso “quer dizer que há algum crescimento”, “muito pelo fruto da presença da universidade”.
D. António Augusto sublinhou a importância do papel da Igreja nas “aldeias que estão envelhecidas e despovoadas” para garantir uma “presença”, com uma pastoral que garanta
“assistência”, “relações humanas” e “vida comunitária”.
O bispo de Vila Real referiu-se também na entrevista Ecclesia/Renascença ao turismo na região, nomeadamente na margem Norte do Rio Douro, afirmando que tem um “potencial imenso” e pode “revitalizar algumas aldeias”, sublinhando a necessidade de valorizar o património religioso.
“Vila Real tem um grande potencial em termos de turismo religioso. Isto é: no turismo em geral, temos de saber valorizar o nosso património; património arquitetónico e lugares, sítios, santuários que existem também em Vila Real e Trás-os-Montes que são certamente importantes, pontos de visita, pontos de interesse turístico portanto também é um fator a potenciar”, acrescentou.
O bispo eleito para a Diocese de Vila Real referiu-se ainda ao conhecimento que tem da região, acrescentando que a partir do dia 30 é que irá “conhecer mais em concreto o terreno, as pessoas, a vida da diocese”.
O novo bispo da Diocese de Vila Real, D. António Augusto Azevedo, nomeado pelo Papa Francisco no dia 11 de maio, vai tomar posse no dia 30 de junho, às 16h00, na Catedral diocesana.
Henrique Cunha (Renascença) e Paulo Rocha (Agência Ecclesia)
PR
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