D. Carlos Azevedo fala numa história de «radicalidade» em congresso internacional a decorrer em Lisboa
D. Carlos Azevedo, Bispo auxiliar de Lisboa, disse esta Terça-feira que a vida religiosa mantém o seu lugar numa sociedade com espaço para a “nostalgia de Deus” que exige “permanente atenção e inovação” para que a mensagem passe.
“Conhecida a escravidão do consumismo, deseja-se a liberdade interior; ao activismo, opõe-se a calma interior; à guerra, a paz e o amor; ao stress, o repouso”, afirmou, na sessão plenária que inaugurou o Congresso Internacional das Ordens e Congregações Religiosas em Portugal, a decorrer em Lisboa
Para o presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social, “assumir a causa dos pobres está a tecer uma nova espiritualidade”.
Na pós-modernidade, com “mudanças rápidas e profundas” e novas experiências religiosas, há uma “irrupção dos pobres na Igreja, como sujeito a libertar e a evangelizar”.
D. Carlos Azevedo proferiu uma conferência intitulada “As ordens religiosas e a renovação histórica da radicalidade”.
Desde o “desprezo do mundo” às “experiências místicas”, várias experiências de vida religiosa foram destacadas numa intervenção que passou pelos dois mil anos de história do Cristianismo.
A vida religiosa foi vista sob o “ângulo da radicalidade”, mostrando que “perder-se pelos outros é bem-aventurança”.
Estabilidade e itinerância, ideal das origens e adaptação aos novos tempos, contemplação e acção foram algumas das questões sublinhadas por D. Carlos Azevedo, para quem “os religiosos descobrem na alma encantos e forças imensas”.
O Bispo auxiliar de Lisboa, director da “História Religiosa de Portugal” e do “Dicionário de História Religiosa de Portugal”, editados pelo Círculo de Leitores, destacou também o surgimento de novas formas de vida em comum, nem sempre devidamente acompanhadas pela Igreja e o seu direito.
Sobre o futuro, D. Carlos Azevedo afirmou que “os religiosos serão pessoas que, com profunda seriedade, se interrogam sobre o sentido da vida, sabendo que Deus permanece como mistério absoluto”.
Perceber o papel das Ordens Religiosas, no nosso país e no mundo, nas suas mais diversas perspectivas, ângulos ou metamorfoses, é o principal objectivo do Congresso Internacional das Ordens e Congregações Religiosas em Portugal: Memória, Presença e Diásporas, que se realiza entre 2 e 5 de Novembro.
O evento, que se realiza na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vai contar com cerca de 200 conferencistas, vindos dos mais diversos países do mundo, e ainda com a participação de mais de 500 pessoas.