Vida Consagrada: Religiosa alerta para problemas crescentes de saúde mental em tempo de pandemia

Cuidar de doentes é o «foco» da missão das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus

Lisboa, 03 fev 2021 (Ecclesia) – A irmã Laura Neves, religiosa Hospitaleira do Sagrado Coração de Jesus, afirmou que o centro na missão da congregação é o doente que acompanham, que hoje chegam com problemas depressivos, de demência e “deficiência mental”.

“Continuam a chegar problemas de esquizofrenia, cada vez mais surgem situações de pessoas em depressão, algumas em que existe propensão mas outras provocadas pelo estilo de vida que vivemos, problemas com ligação a demências, há muita necessidade de resposta, e todos os problemas relacionados com os idosos, para além de continuamos a ter a deficiência mental que tem poucas respostas”, explica à Agência ECCLESIA a religiosa, formada em enfermagem.

O cuidado com os doentes está de mãos ligadas com o carisma hospitaleiro, conforme explica a religiosa que se deixou encantar aos 18 anos pelo cuidado com os mais frágeis e com a alegria das religiosas hospitaleiras.

“Quando nos propõem alguma formação a enfermagem quase surge sempre em primeira linha porque é a profissão que nos coloca mais próximas do doente. Como não tinha nenhuma preparação profissional, depois do juniorado foi-me proposto fazer o curso de enfermagem, mas seria a profissão que eu escolheria. Gosto muito de enfermagem”, explica.

Depois da sua formação, e de dois anos na Clínica psiquiátrica de São José, em Lisboa, a irmã Laura Neves esteve em Moçambique enquanto formadora onde durante 12 anos formava e acompanhava doentes, num país “de muitas necessidades” e onde qualquer intervenção era necessária.

“É um país onde existem muitas necessidades e sempre que era necessária a minha intervenção como enfermeira procurei fazê-lo, não só com a intervenção direta com os doentes, mas junto das jovens que se preparavam para ser irmãs, porque ensinamos a dimensão do cuidado, da forma de ser e estar na missão hospitaleira”, traduz.

O carisma da congregação quer “manifestar a misericórdia e a compaixão do Coração de Jesus, que cura e salva, junto das pessoas com doença mental, sobretudo os mais pobres” e tem como missão prestar “cuidados de saúde, no âmbito da saúde mental e Psiquiatria, segundo um modelo integral em sintonia com os valores e princípios da Hospitalidade”.

As irmãs dispõem de 12 casas em Portugal, na sua maioria dirigidas à saúde mental, e uma unidade de cuidados paliativos na Casa de Saúde da Idanha.

“Em todas as partes do mundo onde estamos presentes, em todos os continentes, privilegiamos a saúde mental, até porque continua a ser uma necessidade, embora estamos abertas a outras necessidades”, indica.

Segundo a religiosa a saúde mental é um desafio em “qualquer tempo da vida humana” e explica, muitos problemas de saúde mental não nascem com a pessoa.

“A pessoa pode ter propensão para desenvolver problemas de saúde mental mas nem sempre nasce com os genes. É verdade que o ritmo e o estilo de vida que hoje levamos, não apenas os jovens, mas todos, nos coloca numa situação em que se podem desenvolver mais problemas de saúde mental, em especial ao nível da depressão. Neste momento que estamos a viver, falamos muito de Covid, mas deveríamos falar dos problemas de saúde mental que se poderão vir a desenvolver”, sublinha.

A irmã Laura Neves dá ainda conta de diversas tarefas dentro de uma congregação religiosa, no caso das irmãs Hospitaleiras do sagrado Coração de Jesus, sempre “focadas no doente”, quer seja no “serviço direto” como se organização a nível da província.

“Pediram-me, em 2009, para estar no governo provincial como secretária e, aqui, estamos por detrás de um trabalho realizado nos centros. Sabemos, e todos os colaboradores, que estamos ao serviço dos doentes, e todos os trabalhos são importantes e fazem parte da missão hospitaleira”, indica.

Na Semana do Consagrado conversamos com a irmã Laura Neves, religiosa Hospitaleira do Sagrado Coração de Jesus, que fala do seu percurso vocacional, do trabalho com os doentes em saúde mental e sobre os desafios que a pandemia veio lançar à missão da congregação.

HM/LS

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Agência ECCLESIA

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