Vida Consagrada: «Profecia, proximidade e esperança», as receitas do Papa

Francisco recebeu cerca de 5 mil religiosos na reta final do ano que a Igreja lhes dedicou

Cidade do Vaticano, 01 fev 2016 (Ecclesia) – O Papa recebeu hoje cerca de 5 mil consagrados e consagradas no Vaticano, na reta final do ano que a Igreja lhes dedicou, apresentado três “pilares” para a sua vida, a “profecia, proximidade e esperança”.

Francisco deixou de lado o discurso que tinha preparado e falou de improviso aos participantes no Jubileu da Vida Consagrada, durante um encontro que durou cerca de uma hora, sublinhando a importância da “proximidade”.

“Homens e mulheres consagradas, não para afastar-me das pessoas e ter todas as comodidades, não: para aproximar-me e compreender a vida dos cristãos e dos não-cristãos, os sofrimentos, os problemas e tantas coisas, tantas coisas que apenas se entendem se um homem ou uma mulher consagrada se tornar próximo, na proximidade”, advertiu.

O Papa sublinhou que esta forma de vida na Igreja Católica não serve para subir na “escala social”, não é “um status de vida” que faz olhar os outros de longe.

“A vida consagrada deve levar à proximidade com as pessoas, proximidade física, espiritual”, insistiu.

Nesse sentido, Francisco assinalou que cada irmão da comunidade religiosa é “o primeiro próximo”, advertindo depois contra o “terrorismo” da maledicência, a que contrapôs a virtude de “dominar a língua”.

A intervenção começou por elogiar a “profecia da obediência”, um dos três votos dos consagrados, uma obediência que não é do estilo “militar”, mas de “doação do coração”.

“A profecia é dizer que há algo mais – de mais verdadeiro, maior, melhor – a que todos somos chamados”, explicou.

O Papa alertou depois “contra a semente da anarquia que o diabo semeia” e afirmou que “a anarquia da vontade é filha do demónio”.

O pontífice argentino centrou-se depois no tema da esperança, sobretudo do ponto de vista da crise de vocações: “Contra a desesperança que nos provoca esta esterilidade, devemos rezar mais”.

“Confesso-vos que me custa muito quando vejo a queda das vocações, quando tenho de receber os bispos e pergunto quantos seminaristas têm. ‘Quatro, cinco’. Quando vós, nas vossas comunidades religiosas, masculinas ou femininas, têm um noviço, uma noviça, duas, e a comunidade envelhece, envelhece, envelhece”, admitiu.

Face a esta situação, no entanto, o Papa pede que se continuem a discernir “bem” as vocações dos candidatos à Vida Consagrada.

“É preciso receber com seriedade”, realçou.

Francisco observou em seguida que existe o perigo de “apegar-se ao dinheiro”.

“A esperança está apenas no Senhor”, defendeu.

Na reta final do Ano da Vida Consagrada, o Papa agradeceu a todos os membros destes institutos, elogiando em particular o compromisso das mulheres “nos hospitais, nas paróquias, nos bairros, nas missões”.

“O que seria da Igreja se não fossem as irmãs?”, perguntou.

Francisco homenageou ainda os “santos” que “queimaram a sua vida” em favor dos outros.

 “Que o Senhor faça nascer filhos e filhas nas vossas congregações. E rezai por mim. Obrigado”, concluiu.

O encontro foi introduzido pelo prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica (Santa Sé), o cardeal brasileiro D. João Braz de Avis, agradeceu ao Papa pela sua “proximidade” e disse que este ano foi de redescoberta da “esperança”.

O Ano da Vida Consagrada começou a 29 de novembro de 2014 por iniciativa do próprio Francisco, primeiro Papa jesuíta da história da Igreja, para celebrar com toda a Igreja o “dom” desta vocação e “reavivar” a sua “missão profética”, e conclui-se esta terça-feira, festa litúrgica da Apresentação de Jesus.

Os membros das congregações religiosas fazem a profissão pública dos conselhos evangélicos, assumidos por votos ou outros vínculos, vivendo em comunidade.

OC

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Agência ECCLESIA

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